Se um profundo mercado baixista, volatilidade impulsionada pela inflação e queda nos fluxos de investimentos pretendiam esfriar a crescente indústria de fundos de índice dos EUA, os emissores nunca entenderam a mensagem.
Empresas haviam lançado 422 ETFs ao mercado neste ano até quarta-feira (7), cinco a mais do que o número visto na mesma época em 2021. Esse total coloca 2022 no caminho para superar o recorde do ano passado para as estreias, mesmo com a batalha do Federal Reserve contra a inflação, que traz turbulência às classes de ativos.
Longe de esfriar o mercado, a volatilidade deu um novo impulso aos ETFs, de acordo com Todd Rosenbluth, chefe de pesquisa da provedora de dados de ETFs e consultoria VettaFi. Investidores buscam maneiras baratas e fáceis de aplicar o dinheiro, enquanto traders aproveitam esses veículos para a diversificação.
“As entradas recordes de ETFs em 2021 encorajaram os gestores de ativos a expandir seu portfólio de produtos em 2022, e como investidores continuaram a recorrer aos ETFs em épocas de volatilidade do mercado, essa tendência persistiu”, disse Rosenbluth em entrevista.
Apesar do crescimento explosivo dos lançamentos de fundos de índice, 139 ETFs fecharam desde janeiro, contra apenas 72 em todo o ano de 2021. Além disso, as entradas de recursos caíram 40% em relação ao recorde do ano passado.
Algumas áreas antes com demanda nesse mercado já sentem uma desaceleração desde o início do ano. Mesmo antes do colapso da corretora de criptomoedas FTX, o fluxo de novos ETFs cripto já estava em queda, com menos lançamentos e vários produtos negociados em bolsa (ETPs) fechando. Alguns observadores do mercado esperam uma série de fechamentos nos próximos meses.
“Esperamos que os fechamentos aumentem em 2023”, disse James Seyffart, analista da Bloomberg Intelligence. “Tivemos lançamentos recordes em 2021 e lançamentos quase recordes em 2022, e muitos desses novos fundos ainda têm ativos mínimos, o que significa que são os principais candidatos a fechamentos, pois as empresas querem limpar e otimizar suas ofertas de ETFs.”
No entanto, mesmo depois de todos esses ETFs fechados, investidores colocaram US$ 588 bilhões líquidos em ETFs este ano, enquanto resgatavam US$ 923 bilhões de fundos mútuos, de acordo com dados da ICI compilados pela Bloomberg Intelligence. Ao mesmo tempo, os volumes de negociação para o ano já ultrapassaram os números recordes de 2021.
“O veículo ETF dá controle aos investidores, e a consequente variedade lhes oferece precisão”, disse Bryon Lake, chefe global de Soluções de ETF da JPMorgan Asset Management. “Assim, tendo milhares de ETFs, é possível montar o grupo perfeito para chegar ao portfólio específico.”
ETFs de uma única ação
As estreias de ETFs este ano incluíram o advento dos fundos de uma única ação, que permitem apostas alavancadas ou inversas no desempenho diário de empresas individuais como Tesla, Microsoft e Coinbase Global. Direxion, GraniteShares, entre outros lançaram esses produtos. Ao todo, mais de 25 ETFs de uma única ação chegaram ao mercado em 2022, embora os pedidos de lançamento de tais fundos direcionados a empresas estrangeiras tenham sido retirados por alguns emissores.
Outras tendências também permanecem fortes como sempre: 36 dos lançamentos deste ano tiveram atributos ESG, os padrões ambientais, sociais e de governança, mostram dados da Bloomberg. Enquanto isso, as conversões de fundos mútuos para ETFs também aceleraram em 2022.
A Neuberger Berman planeja converter seu único fundo mútuo de commodities nos EUA em um ETF, seguindo passos semelhantes do JPMorgan, Harbor Capital Management, Guinness Atkinson e outros. Na próxima década, mais de US$ 1 trilhão em ativos de fundos mútuos poderão ser convertidos em ETFs, de acordo com análise da Bloomberg Intelligence.
“Neste ano, vimos uma quantidade enorme de novos registros”, disse Sylvia Jablonski, diretora de investimentos da Defiance ETFs. “À medida que os mercados evoluem, novas e únicas oportunidades de investimento tendem a se apresentar.”
A indústria global de ETFs pode somar US$ 30 trilhões até 2030, de acordo com Lake, da JPMorgan Asset. Os lançamentos devem seguir fortes, e 2023 promete ser outro ano recorde, acrescentou.
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