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Moradores de Xangai recorrem a NFTs para registrar lockdown e combater censura

Embora a China tenha proibido o comércio de criptomoedas, país vê a blockchain como uma tecnologia promissora e os NFTs vêm ganhando força no país.

POPaganda, uma coleção de tokens não fungíveis (NFT) criada pelo artista malaio Simon Fong que retrata a vida sob o lockdown em Xangai, no OpenSea 29/04/2022 REUTERS/Florence Lo

Os moradores de Xangai estão recorrendo à tecnologia blockchain para preservar as memórias do isolamento social aplicado já há um mês na cidade, transformando vídeos, fotos e obras de arte sobre a situação em tokens não fungíveis (NFTs) para garantir que possam ser compartilhados sem censura.

Proibidos pelo governo de saírem de casa por semanas a fio, muitos dos 25 milhões de moradores da cidade estão liberando suas frustrações online, desabafando sobre medidas draconianas de isolamento e dificuldades para obter alimentos e compartilhando histórias, como pacientes incapazes de receber tratamento médico.

Isso intensificou a provocação aos censores chineses, que prometeram ampliar o policiamento da internet chinesa e dos bate-papos em grupo no país.

Enquanto algumas pessoas continuam republicando conteúdo em desafio aos censores, outras estão se voltando para mercados NFT, como o maior do mundo, OpenSea, onde os usuários podem enviar conteúdo e comprá-lo ou vendê-lo usando criptomoedas, atraídos em parte pelo fato de que os dados registrados no blockchain não podem ser apagados.

Na segunda-feira (2), 786 itens diferentes relacionados a um vídeo de seis minutos intitulado “A Voz de Abril”, uma montagem de vozes gravadas ao longo da epidemia em Xangai podem ser encontrados no OpenSea, juntamente com centenas de outros NFTs relacionados ao lockdown na cidade.

Em 23 de abril, um usuário chinês do Twitter com o identificador imFong disse em uma publicação amplamente divulgada: “Criei o vídeo ‘Voice of April’ em um NFT e congelei seus metadados. Este vídeo existirá para sempre no IPFS”, referindo-se ao sistema de arquivos interplanetário, um tipo de rede distribuída.

Outros conteúdos de Xangai disponíveis no OpenSea como NFTs para venda incluem publicações na rede social Weibo contendo reclamações sobre as medidas de isolamento, imagens de dentro dos centros de quarentena e obras de arte inspiradas na vida em confinamento.

Embora a China tenha proibido o comércio de criptomoedas, vê a blockchain como uma tecnologia promissora e os NFTs vêm ganhando força no país, adotadas por meios de comunicação estatais e até empresas de tecnologia, incluindo Ant e Tencent.

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