Apesar de todos desafios da economia brasileira e internacional, a tese de que a bolsa está barata se tornou consenso entre investidores. Isso porque o múltiplo preço/lucro do Ibovespa, que mede o retorno das empresas do índice em relação ao preço em que são negociadas, está em níveis historicamente baixos. Em termos gerais, quanto menor o preço/lucro, maior é o potencial de alta.
Em dezembro, o preço/lucro do Ibovespa chegou a ficar abaixo de 5 vezes, próximo do menor nível do século. O P/L, inclusive, ficou abaixo do batido pelo índice durante a crise do Subprime em 2008. A boa notícia é que no ano seguinte, em 2009, a bolsa subiu 83%, com o P/L retornando aos níveis históricos. A questão debatida por analistas é se em 2023 será possível que a história se repita.
Um dos pontos que jogam contra é a economia mais fraca que vem sendo projetada.
Por outro lado, há alguma esperança de que os juros comecem a cair no Brasil, no ano que vem. A discussão, é claro, deve passar pela redução das incertezas fiscais. Mas parte do mercado segue confiante de que o início dos cortes de juros servirá de gatilho para a recuperação de diversos setores da bolsa brasileira.
Um dos setores beneficiados por uma eventual queda da Selic é o varejo. O setor tem amargado duras perdas desde que bateu as máximas em 2020, quando a taxa de juros foi à mínima histórica e o consumo foi sustentado por auxílios do governo. Desde então, as varejistas têm vivido um pesadelo na bolsa.
Outro setor que vem sofrendo e que poderá se beneficiar do início do corte de juros é o de construção. Mesmo com o aumento de vendas e lançamentos durante a pandemia, as construtoras têm vivido anos difíceis na bolsa.
Mas 2023 não deve ser nada previsível, como apontam analistas. Sendo assim, é recomendado o hedge da carteira com ações de grandes bancos, em especial, se o juros se mantiver alto por mais tempo de vido a questão fiscal.
A projeção do Bank of America é de que, nesse cenário, os grandes bancos se beneficiem de uma maior receita líquida de juros com clientes. Para o Bank of America, Itaú (ITUB4) e BTG (BPAC11) estão entre as ações mais descontadas do setor.
China e Vale
Apesar das incertezas de como a economia irá reagir a juros mais altos no Brasil e no mundo no início de 2023, ao menos na Ásia há algum motivo para comemorar. Isso porque depois de a China passar mais de dois anos fechadas para controlar a covid-19, o país começa a dar sinais de reabertura, o que poderia aquecer a atividade local e impulsionar ações ligadas à economia chinesa.
Para analistas do BTG, a reabertura estrutural da China deverá começar ainda no primeiro semestre do ano. A Vale (VALE3-VALE4), que tem o país como principal destino de suas embarcações de minério de ferro, é a ação preferida do banco para surfar na reabertura da China.
A reabertura do país asiático, segundo o Credit Suisse, também deve beneficiar a demanda por petróleo, servindo de contrapeso à desaceleração global prevista para o ano que vem. Pelas projeções do banco suíço, a demanda da China por petróleo deve subir 11% em 2023, voltando aos níveis próximos do pré-covid. A volta da economia chinesa, de acordo com o Credit Suisse, deve ser suficiente para manter o petróleo próximo de 85 dólares por barril, mesmo com a piora prevista para as economias da Europa e dos Estados Unidos no ano que vem.
Embora o setor possa ser uma aposta para a retomada da China e diversificação do portfólio em commodities, o mercado dado preferência às petrolíferas privadas, como PetroRio (PRIO3), 3R Petroleum (RRRP3) e Petrorecôncavo (RECV3). Isso porque ainda seguem elevadas as incertezas sobre a Petrobras (PETR4) no próximo governo, especialmente após a mudança da lei das estatais, que tornou a empresa mais suscetível a ingerências políticas
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