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Finanças

Renda fixa: taxas de fundos caíram para quem investe até R$ 1 mil. Ficou barato?

Levantamento da FGV mostra que a taxa média caiu para 1,26% nas aplicações de até R$ 1 mil, enquanto ações e multimercados tiveram outro comportamento.

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As taxas cobradas nos fundos de renda fixa caíram de forma substancial nos últimos 10 anos. Mas se você investiu pouco dinheiro, ainda pode estar pagando caro. É o que mostra um levantamento feito pelos professores do Centro de Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV), Henrique Castro e Cláudia Yoshinaga, com dados da Anbima (associação do mercado de capitais).

VEJA MAIS: Os melhores fundos e suas estratégias

De 10 anos para cá, a média para quem investiu até R$ 1 mil nestes fundos caiu de 3,65% ao ano para 1,26% ao ano (veja o gráfico abaixo). “Foi uma consequência da maior competição com outros produtos de renda fixa, como Tesouro Direto e títulos bancários (CDBs, LCI, LCA)”, explica Castro, da FGV. 


Outro fator que derrubou as taxas foi a queda gradual dos juros básicos da economia. Isso porque grande parte dos fundos de renda fixa tem suas carteiras atreladas ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário), indexador que acompanha a Selic, hoje na mínima histórica de 2% ao ano

taxas de fundos

É aí que mora a pegadinha: quanto menor a aplicação inicial no fundo, mais alta é a taxa. Mesmo que ela tenha caído, pode não compensar o baixo retorno do CDI. Enquanto a cobrança média para aportes entre R$ 1 e R$ 1 mil estava em 1,26% em junho deste ano, quem aplicava mais dinheiro pagava menos: entre R$ 1 mil e R$ 25 mil, o custo cai para 1%; fundos acima de R$ 100 mil cobravam, em média, 0,5%.

Ou seja, o investidor que aplica até R$ 1 mil passou a pagar, em média, o equivalente a 66% do CDI nos fundos de renda fixa. O que sobra efetivamente se o fundo rende 100% do CDI? “Isso mostra que as pessoas devem estar atentas de fundo para fundo. Muita gente não observa isso ao escolher o produto”, afirma Castro. De olho nisso, a estratégia de diversificar com menos dinheiro em uma quantidade maior de fundos de renda fixa pode não ser vantajosa, sob essa perspectiva.

Vinícius Araújo, da área de fundos da Easynvest, aponta que o mercado independente de fundos (capitaneado por gestoras fora do eixo dos grandes bancos) ajudaram a “puxar” estas taxas para baixo no caso da renda fixa.

“Com o aumento do acesso à educação financeira pelas corretoras, houve muitos saques de fundos com taxas altas demais, lembrando que a maior parte destes investimentos ainda são oferecidos por grandes bancos”, observa Araújo.

Multimercados e ações

Já as médias cobradas nos fundos mais arrojados, de ações e multimercados, ficaram mais estáveis ao longo da última década. O custo destes fundos costuma acompanhar o grau de risco do portifólio e seguem a regra 2 para 20 (2% de taxa para 20% de performance, quando a gestão do fundo é ativa, ou seja, o gestor escolhe a dedo a estratégia).

Enquanto a categoria de ações quase estacionou com taxas ao redor de 2%, a multimercados (que adota uma estratégia livre de investimentos) teve uma redução de 1,78% para 1,37% desde dezembro de 2010. Segundo o professor Castro, da FGV, não existe um comportamento claro das taxas de administração cobradas pelos gestores nestas categorias. “A mensagem é que investidores têm que pesquisar bastante, porque este percentual é sobre o patrimônio investido. Não é pouco dinheiro”, afirma.

Araújo, da Easynvest, observa que os fundos de ações que investem predominantemente em blue chips e não são alavancados (operações com derivativos), em geral, deram uma leve reduzida nos custos. Outro exemplos são os fundos de ETFs (fundos de índices), que já costumam ter taxas bem baixas. Já entre os multimercados, ele cita os fundos “low vol” (de baixa volatilidade) entre os que reduziram sensivelmente o custo.

FUNDOS POR CATEGORIA

Veja as taxas de administração médias cobradas nas principais categorias de fundos de investimentos desde 2010:

Série histórica Renda fixa (%) Multimercados (%) Ações (%)
dez-10         1,36                      1,86          2,20
dez-11         1,27                      1,83          2,18
dez-12         1,20                      1,89          2,24
dez-13         1,15                      1,86          2,17
dez-14         1,13                      1,78          2,18
dez-15         1,07                      1,85          2,17
dez-16         1,02                      1,81          2,07
dez-17         1,01                      1,79          2,12
dez-18         0,99                      1,84          2,09
dez-19         0,93                      1,87          2,12
jun-20         0,97                      1,82          2,15

Fonte: Anbima/FGV

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