Finanças
Retrospectiva: bolsa, FIIs, renda fixa e melhores investimentos em 2021
Veja o que foi destaque e o que mudou ao longo do ano.
O ano de 2021 foi marcado por forte volatilidade da bolsa de valores, enquanto a alta da taxa Selic mudou o cenário para os investimentos em Renda Fixa. Selecionamos os temas que despertaram o interesse do investidor, baseado nos títulos dos 100 vídeos mais assistidos no ano no canal do InvestNews do Youtube. Veja abaixo:
- Melhores investimentos
- Ações
- Fundos Imobiliários
- Renda Fixa
- Dividendos
Melhores investimentos em 2021
Considerando a rentabilidade ao investidor, o bitcoin foi o melhor investimento em 2021 e o Ibovespa, o pior. É o que aponta um levantamento feito pela provedora de dados financeiros Economatica, com informações do acumulado até o fechamento de novembro. Veja abaixo:
Investimento | Retorno até novembro (em %) |
Bitcoin | 112,12 |
Dólar | 8,14 |
CDI | 3,63 |
Ouro | 1,27 |
Poupança | 2,48 |
Ihfa (Índice de fundos de Hedge da ANBIMA) | 0,77 |
Euro | -0,77 |
Ima-B (Índice que mede o desempenho dos Títulos Públicos atrelados à inflação) | -1,49 |
Ind Fdo Imob | -10,16 |
Ibovespa | -14,37 |
Ações
O Ibovespa, principal indicador da bolsa brasileira, a B3, chegou ao seu recorde nominal histórico em 2021: fechou acima dos 130 mil pontos pela primeira vez em junho. Desde então, o otimismo se dissipou e o indicador terminou o ano no vermelho. Até o fechamento de segunda-feira (27), a queda acumulada estava em 11,3%.
“O ano de 2021 começou bem otimista, com bastante apetite ao risco em virtude da retomada da economia. Consequentemente, as ações foram os melhores investimentos para o primeiro semestre de 2021. Porém, esse cenário não continuou para o segundo semestre”, relembra Fabrício Gonçalvez, CEO da BOX Asset Managment.
“As principais ações do mercado passaram a se depreciar por conta de problemas ligados ao nosso fiscal, furo de teto de gastos e etc. Enquanto lá fora o mercado foi a cada dia batendo máximas e máximas, recordes atrás de recordes, nós aqui batemos mínimas atrás de mínimas, por conta de problemas internos”, complementa Gonçalvez.
Sidney Lima, analista da Top Gain, também fala sobre o otimismo no começo de 2021, e acrescenta que “à medida que os meses foram passando, o posicionamento do Banco Central para conter a inflação através de aumentos agressivos da taxa de juros fez com que os papéis relacionados ao varejo e construção civil tivessem uma derretida em suas cotações.”
Ainda falando sobre os setores, Lima destaca que “o setor de turismo e viagens navegou a todo momento em terrenos incertos”, com temores sobre as possibilidades de novos lockdowns.
Fundos Imobiliários
Esse tipo de investimento também se destacou entre os piores de 2021, considerando o desempenho do Ifix, um dos principais indicadores do desempenho dos FIIs.
“Para quem investe em fundos imobiliários também foi um ano cheio de emoções. Aumentando a taxa de juros, impacta diretamente esse setor de uma maneira negativa. Então, a gente viu o Ifix sofrer para caramba”, relembra Lima.
No entanto, o analista também mostra o aspecto positivo dos investimentos em FIIs em 2021 e as perspectivas para 2022. Lima comenta que o pagamento de bons dividendos é frequentemente o foco principal de quem investe em fundos imobiliários, “tendo em vista que a oscilação dele geralmente não é tão atrativa”.
“A oportunidade para quem investe em fundos imobiliários e busca receber os dividendos está sendo justamente agora enquanto eles estão baratos.”
Sidney Lima
Octavio Vaz, gestor de FIIs da Reag Investimentos, explica que o cenário de 2021 afetou de forma diferente cada tipo de fundos.
“A escalada da inflação global foi teoricamente boa para os fundos de papel. Porque a maior parte dos papéis é uma taxa mais inflação, e aí esses fundos performaram bem melhor do que as outras categorias de fundos imobiliários na indústria. E até de outros ativos do mercado de uma maneira geral”, diz Vaz.
“Temos alguns fundos imobiliários de papel no ano rendendo até acima de 20%, o que fez com que tivesse uma procura grande por esse tipo de fundo, por se acreditar que a inflação pudesse continuar mais alta do que o esperado.”
Vaz comenta ainda que “os fundos de logística performaram muito bem, mas muito em função das características dos contratos. Como eles têm contrato de mais médio e longo prazo, esse segmento acabou ficando bem defensivo nesse momento de crise, pandemia”.
Na outra ponta, o especialista destaca os FIIs que acabaram ficando descontados, “principalmente os fundos de laje comercial”. “Os fundos que mais sofreram foram os fundos comerciais. Lajes comerciais, salas. Por conta da pandemia diretamente. Teve muita empresa entregando boa parte dos seus espaços comerciais.”
Renda Fixa
2021 foi ano de virada para a Renda Fixa: a modalidade passou dos piores retornos a um forte aumento da atratividade para os investidores. O pano de fundo foi a elevação da Selic de 2% para 9,25% ao longo do ano.
“A persistência da pressão inflacionária, reação negativa do mercado com a proposta de reforma tributária, ações e falas populistas por parte do governo, como o furo do teto de gastos na véspera de um ano eleitoral, fizeram o Brasil mudar a direção em 180 graus, passando de país com taxa de juros equivalente a países desenvolvidos para um país com uma das maiores taxas de juro real entre os emergentes”, comenta Eduardo Perez, analista de investimentos da NuInvest.
“A renda fixa tende a se beneficiar em momentos de juros altos como forma de compensar o risco maior. Então o ano de 2021 trouxe maiores oportunidades para os investidores que achavam que a renda fixa como estávamos acostumados há anos atrás tinha morrido”, complementa.
Francis Wagner, CEO do App Renda Fixa, pontua que “o movimento expressivo de alta da taxa Selic como tentativa de conter a inflação tem propiciado boas alternativas de investimentos até para os investidores mais arrojados, fazendo com que diversos investidores saiam da bolsa e migrem para a Renda Fixa, que possui risco muito mais baixo e, agora, rendimentos elevados”.
“No patamar atual da taxa Selic é possível encontrar investimentos que rendem 130% do CDI, o que faz com que em 6 anos de aplicação o capital dobre de valor, praticamente sem precisar correr riscos”, aponta Wagner.
Lima, da Top Gain, chama a atenção da velocidade dessa transição, em meio a elevações bem mais intensas da Selic do que costuma acontecer. “Geralmente aumentos ou cortes a gente vê em 0,25 ou, no máximo, 0,5 ponto percentual. E ultimamente a gente está vendo uma sequência de aumentos acima de 1 ponto percentual, chegando a última do ano aumentando 1,5 ponto percentual”, destaca.
“Resumindo, no começo do ano ninguém estava querendo investir em Renda Fixa e agora para o final do ano a gente já tem produtos que pagam muito bem”, diz Lima.
Dividendos
Os especialistas comentam que o investidor que compra ações de olho no pagamento de dividendos teve boas oportunidades em 2021.
Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, cita que “a Economatica soltou recentemente que, até setembro, foram R$ 230 bilhões em dividendos. Isso dá 110% em relação a 2020.”
“É óbvio que no ano passado foram afetadas por conta da pandemia, todo mundo muito mais cauteloso, a situação de várias empresas foi mais difícil. Neste ano, com a reabertura, com a vacinação, as empresas conseguiram se readequar”, diz.
Cruz também aponta que com o dólar alto e preço de commodities subindo, “muitas empresas tiveram mais caixa para distribuir, tiveram mais recursos disponíveis”.
O analista cita as empresas que se destacaram como boas pagadoras de dividendos em 2021, em sua visão. “O setor financeiro sempre segue como um dos maiores pagadores. Ele historicamente já é mais rentável mesmo, não tem nenhuma grande novidade. Santander (SANB11), Itaú (ITUB3 e ITUB4), Banco do Brasil (BBAS3), a própria B3 (B3SA3) são bons pagadores de dividendos. Na parte de commodities, CSN (CSNA3), Vale (VALE3), JBS (JBSS3)”.
“A Rede D’Or (RDOR3), por exemplo, foi uma novidade”, acrescenta. “Mal fez IPO e já está nos principais pagadores de dividendos. Mostra como a empresa tem feito aquisições muito bem feitas.”
Já Lima, da Top Gain, também destaca “o próprio caso da Petrobras (PETR3 e PETR4)”. “Para a gente ter uma noção, a pessoa que estava investindo buscando dividendo também teve um benefício de uma ação que estava subindo forte e está trabalhando relativamente próximo do topo histórico”, comenta ainda em relação à petroleira.
Entre outros setores que chamaram a atenção, o analista destaca o elétrico, que “conseguiu, além de pagamentos muito bons de dividendos, mostrar uma certa valorização interessante”.
“Quanto mais barato você paga numa ação com o intuito de receber dividendo”, mais vantajoso é o investimento, ressalta Lima.
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