As ações da Casas Bahia (BHIA3) passaram a ser negociadas com o atual código em meados de setembro de 2023, quando substituíram o ticker da Via (VIIA3) na carteira teórica do Ibovespa, diante da decisão do grupo de adotar novamente o nome de seu principal negócio. A mudança ocorreu cerca de dois anos após a Via Varejo ser apenas Via.
Mas esse troca-troca não alterou o sentimento dos investidores em relação à empresa. O momento difícil, em meio à piora dos resultados operacionais e ao rebaixamento da classificação de risco por causa do endividamento, castigou o desempenho das ações. Como resultado, BHIA3 liderou, de longe, a lista das maiores quedas do Ibovespa em 2023.
Conforme levantamento feito pelo consultor Einar Rivero, as ações acumularam queda de 83,25% no ano até o fechamento de 19 de dezembro, cerca do dobro das perdas registradas pelo segundo pior colocado, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3), com baixa de 42,12%. Mantida no principal índice acionário da B3 após a troca de ticker, em setembro, BHIA3 acentuou as perdas acumuladas por VIIA3 desde o começo do ano (veja no gráfico mais abaixo).
Até então, o papel já vinha se destacando entre os piores desempenhos do Ibovespa, refletindo quatro trimestres seguidos de prejuízo, com piora sucessiva dos resultados negativos (veja no gráfico a seguir). Essa tendência se manteve no terceiro trimestre de 2023, com perdas quatro vezes maiores em relação a um ano antes, saltando mais de 300%.
Em meio às dificuldades, a empresa divulgou um plano de reestruturação, com o objetivo de reduzir os estoques, e também uma oferta subsequente de ações. O resultado do follow-on frustrou a expectativa de levantar cerca de R$ 1 bilhão, piorando a percepção dos investidores quanto à capacidade de melhoria da estrutura de capital da empresa.
“O mercado ficou muito apreensivo com a diluição dos investidores e a saúde financeira da empresa, que além de estar encolhendo, divulgou o fechamento de lojas e vem tendo dificuldades na captação de novos recursos”.
Matheus labarthe, sócio-fundador da GT Capital.
Portanto, seja a antiga (Via) ou nova versão (Casas Bahia), a empresa continuou em queda livre. Apesar do breve respiro em novembro, mês marcado pelo apetite generalizado por ativos de risco nos mercados globais, a trajetória descendente retornou em dezembro e a expectativa de analistas é de que essa sangria continue em 2024.
“A oferta subsequente não foi boa, houve um rebaixamento de rating, a empresa está muito alavancada”, enumera o especialista em mercado de capitais Dierson Richetti, também da GT Capital. “Então, não tem porque a empresa interromper a queda forte”, emenda.
Nos últimos cinco pregões até esta quinta-feira (21), o papel da varejista acumulava queda superior a 12%. O movimento acontece após o grupo fazer um grupamento de suas ações na proporção de 25 para 1, para evitar que a cotação permanecesse abaixo de R$ 1, o que a classificava como “penny stock”.
A dúvida é se continuará sendo dentro do Ibovespa. Depois de ter sido retirada da primeira prévia da carteira teórica válida a partir de janeiro, uma nova previsão manteve os papéis da Casas Bahia para o período. A decisão final ficou para a terceira e última prévia do índice, que sai no dia 27. A conferir.
Veja também
- Casas Bahia diz que todos os credores aderiram ao plano de recuperação extrajudicial
- A Casas Bahia tem R$ 4,1 bi em dívidas. Mas o CEO diz que agora já dá pra voltar a dormir
- Com dólar mais alto, Casas Bahia e Boticário planejam rever os preços para o segundo semestre
- Uma na margem, outra na despesa: como os juros e o dólar castigam o varejo
- Plano de recuperação extrajudicial da Casas Bahia é homologado