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Finanças

Tempo livre? Internautas fazem renda extra respondendo pesquisas online

A internet é um lugar estranho onde dar sua opinião sobre as coisas pode render algum dinheiro.

Tablet

Como todo dinheiro não é dinheiro suficiente, algumas pessoas têm aproveitado o tempo ocioso (ativo em alta para muitos que mantêm uma quarentena rigorosa), para tirar uma renda extra trabalhando na internet. Não se trata de desenvolvedores de softwares ou de novos empreendedores no Instagram, mas de um trabalho de baixa qualificação, que qualquer consumidor pode fazer, e alguns até fazem de graça: dar sua opinião.

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“Nos últimos 15 a 20 anos, com essas mudanças constantes nas preferências do mercado, a gente começou a ver que as empresas tinham necessidade de um acompanhamento mais contínuo”, explica Frederico Cesar Mafra, professor da Escola de Ciência da Informação da Universidade Federal de Minas Gerais (ECI-UFMG). 

Tanto evoluiu essa necessidade que, além da remuneração para os consumidores que preenchem os questionários, agora já existem plataformas para aglutinar as demandas por pesquisas.

De centavo em centavo

Milena Oliveira tem 21 anos, é estudante universitária e mora com a mãe aposentada. Segundo ela, apesar de todos os outros problemas, a pandemia ajudou a diminuir a exigência de seus professores e sua carga de estudos. O tempo extra foi preenchido navegando em sites que pagam por tarefas diversas.

“No último mês, consegui cerca de R$ 150, passando em média uma hora por dia fazendo pesquisas”, relata. Ela também conta que a ideia veio de uma influencer financeira famosa no YouTube. 

Mesmo tendo dicas de plataformas para trabalhar, a experiência real foi determinante para escolher seus sites de confiança. Entre os mais notáveis: ySense.com e TimeBucks.com

O primeiro entrou no ar em 2007 com o nome de ClixSense, e faz parte da companhia californiana Prodege, LLC. A ySense oferece desde “tasks” (pequenas atividades como checar se o endereço de um referido comércio é o mesmo que o exposto no google), até grandes “surveys” que podem render US$ 0,64.

O segundo é mais focado em “paid-to-click”. Ou seja, clicar em anúncios, gastar tempo em uma determinada página, dar “like” em vídeos do YouTube, custando cada ação cerca de um décimo de centavo de dólar. A empresa por trás do TimeBucks é a Australian Clearing Pty, com origem na Austrália.

Como ambos pagam em dólar, a recente alta do câmbio também estimulou Oliveira a criar esse hábito. No começo do ano, a moeda americana estava perto dos R$ 4, e agora ronda o patamar dos R$ 5,30.

Segurança

O professor Frederico Mafra tem seus motivos para desconfiar. “Dizem que se você não está pagando por um produto na internet, é porque você é o produto.” No caso das pesquisas, essa relação é ainda mais evidente, já que não há outra transação a não ser a troca de dinheiro pela tarefa entediante de preencher espaços com suas opiniões e informações.

Pode nos parecer estranho que alguém, ou alguma empresa, se interesse por quem nós somos ou como nos comportamos, a ponto de pagar para obter essas informações. Mas Mafra explica que essa demanda é um componente do que ele chama de “inteligência de mercado”.

“A pesquisa, ao invés de ser feita de vez em quando, caso surgisse algum desafio específico, ou o desenvolvimento de um produto novo, começou a ser usada como instrumento de gestão contínua.”

Ele reitera que a internet é o grande ambiente de fluxos de informação que possibilitou isso, onde é possível acompanhar a discussão de assuntos de interesse da empresa e fazer um monitoramento em tempo real do mercado.

Pelo lado da demanda das empresas parece ótimo, mas segundo Mafra ainda há uma preocupação de um certo “efeito colateral” do lado da oferta. Ele relatou por experiência de quem trabalha com pesquisas de mercado a 20 anos, que certa vez se empolgou com a oferta de uma pesquisa. Porém perdeu a graça quando descobriu que, para ter acesso à remuneração, precisaria passar por um cadastro, e ainda indicar mais cinco pessoas para se cadastrarem também. “Como um esquema de pirâmide”, descreveu.

O primeiro objetivo da empresa já é alcançado no cadastro, conseguindo uma série de informações. E vai fazer dinheiro com isso, com certeza. Se você, amanhã, não quiser testar o produto, fazer uma avaliação, seu cadastro já foi.”

A preocupação com a proteção dos nossos dados pessoais, com o direito à privacidade é um grande tema que está cada vez mais em discussão. Mafra lembra da regulação da big techs, como Google, Facebook, Amazon e Apple, que frequentemente são criticadas pela falta de transparência no tratamento de dados dos seus usuários.

Perguntada sobre esse tema, Oliveira deu uma resposta despreocupada. “Se for para entregar meus dados, que pelo menos eu faça algum dinheiro com isso.” 

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