A primeira semana de setembro chegou ao fim e o Ibovespa, principal índice da B3, fechou em alta de 0,52% aos 101.241 pontos nesta sexta-feira (4). Contudo, na semana o índice ainda acumula queda de 0,88%.
Se tivéssemos que escolher uma palavra para definir os últimos pregões com certeza seria volatilidade. É o que afirma Louise Barsi, sócio-fundadora do Ações Garantem o Futuro (AGF), que analisa o comportamento do mercado na semana mais agitada dos últimos meses.
Muitas notícias movimentaram o índice. No cenário político, por exemplo, teve atrito entre o presidente da Câmara, Rodrigo Maia e o ministro da Economia, Paulo Guedes. A reforma administrativa também foi entregue e segundo Louise embora a proposta foi mais branda do que o mercado esperava, no final foi bem recebida.
Mas, o que realmente fez o Ibovespa fechar a semana em queda de 0,88% foi a realização nas bolsas americanas, por causa das big techs. “Isso reviveu um debate: Será que estamos em uma bolha e esta estourou?”, questiona Louise.
Apesar de que a teoria da bolha não é uma constante entre analistas e especialistas do mercado financeiro, ela defende que ainda temos espaço para um forte upside (potencial de alta) no Ibovespa e em Wall Street.
Segundo Louise, as big techs sempre foram as grandes vencedoras da pandemia, e surpreenderam positivamente os investidores mais de uma vez, então o movimento de realização pode ser observado também como algo normal antes dos feriados. Na segunda-feira (7), o Brasil comemora o dia da Independência, enquanto nos EUA é feriado do labor day, por este motivo não há pregão em nenhum dos mercados.
“Nas próximas semanas é importante acompanhar como as ações vão reagir, mas não conseguimos prever sequer o comportamento de um dia por causa da volatilidade alta”, comenta Louise.
Maiores altas
A queda das bolsas americanas e a venda dos papéis de tecnologia também acabou influenciando o desempenho das ações brasileiras. A maior alta da semana foi a Fleury (FLRY3) que avançou 10,30% no período. Após a empresa lançar o marketplace Saúde ID, no qual investiu R$ 50 milhões, como estratégia de diversificação do negócio as ações da companhia dispararam. O resultado é que a Fleury é a líder da semana.
Outra que se beneficiou com as novidades foi a Energias BR (ENBR3), com alta acumulada de 7,82%. A companhia de energia anunciou que vai pagar no mínimo R$ 1 de dividendos em 2021 por ação. “Isso comprova que a Energias BR está investindo pesado em transmissão de energia. Foram orientações muito importantes para o investidor”, afirma Louise.
A terceira maior alta da semana foi da Qualicorp (QUAL3) que subiu 7,78%. A companhia chegou a disparar mais de 9% em um único pregão com a notícia de que a gestora Pátria adquiriu uma participação de 5% na empresa. “Com a expertise que a Pátria possui em governança vai ajudar a Qualicorp nesta trajetória”, complementa.
Veja as 5 maiores altas da semana:
Ação | Alta |
Fleury (FLRY3) | 10.30% |
Energias BR (ENBR3) | 7.82% |
Qualicorp (QUAL3) | 7.78% |
Azul (AZUL4) | 7.47% |
CCR (CCRO3) | 7.14% |
Maiores quedas
Entre as maiores quedas desta semana as varejistas seguiram o movimento de correção das big techs americanas e também realizaram lucros.
A ação que mais caiu neste período foi a B2W (BTOW3) que recuou 11,47%. Outra foi Lojas Americanas (LAME4) que encerrou a semana em baixa de 7,14%
Louise avalia que além de seguir o movimento de correção das big techs, que fez o varejo online recuar, outro fator que impactou foi a aquisição do aplicativo AiQFome pela Magazine Luiza (MGLU3).
Nesta semana, a Amazon também anunciou que teria interesse em ampliar sua operação no Brasil, com a abertura de uma loja em Cajamar (SP). Tanto a Amazon gringa como a ‘Amazon brasileira’ (MGLU3) movimentaram as concorrentes, somado a força do contexto internacional.
Entre as companhias que ainda repercutem conflitos antigos está a Cosan (CSAN3), que caiu 10,56% na semana. “O alinhamento das expectativas do investidor sobre reorganização societária da empresa e possível IPO foi recalculado pelo mercado”, explica Louise.
Outra que também sofre por expectativas é o IRB Brasil (IRBR3), que ainda repercute o prejuízo de R$685 milhões no segundo trimestre de 2020. Para Louise, o grande dilema do IRB é a falta de transparência e previsibilidade da companhia, incertezas que são traduzidas na desvalorização das ações.
Com a notícia de que o BNDES vai vender 11% da sua participação na Suzano (SUZB3), por meio de follow on, a ação também desvalorizou 6,77% ficando entre os piores desempenhos da semana.
Veja as 5 maiores quedas desta semana:
Ação | Queda |
B2W (BTOW3) | -11.47% |
Cosan (CSAN3) | -10.56% |
IRB Brasil (IRBR3) | -7.33% |
Lojas Americanas (LAME4) | -7.14% |
Suzano (SUZB3) | -6.77% |