1 – Lula quer ajuda de banco dos Brics com garantias para exportações brasileiras à Argentina
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na terça-feira (2) que o banco dos Brics possa ajudar a Argentina por meio de garantias para as exportações brasileiras para o país vizinho.
“Nós nem queremos que eles emprestem dinheiro para a Argentina. O que nós queremos é que eles nos deem garantias, que aí facilita muito a relação do Brasil com a Argentina”.
A fala do presidente à imprensa ao lado do presidente argentino, Alberto Fernández, após longa reunião no Palácio da Alvorada, deixa claro que o maior entrave para o acordo com os argentinos em uma política de financiamento de exportações para o país é a necessidade de colaterais a serem apresentadas pela Argentina para garantir o pagamento dos créditos.
A intenção do presidente é que o Brasil defenda junto aos Brics a criação de um fundo garantidor para apoiar a Argentina e outros países.
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Lula explicou que, antes de se dirigir para a declaração conjunta, conversou com Dilma Rousseff, atual presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos Brics –bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Dilma disse que o presidente chinês, Xi Jinping, enviou seu ministro das Relações Exteriores a Xangai para conversar com ela, após pedido do presidente brasileiro de ajuda à Argentina.
Dilma explicou que se chegou à conclusão que para poder ajudar é preciso que os governadores do banco, que são os ministros da Fazenda dos Brics, mudem um artigo que permita criar o fundo. O governo brasileiro pretende enviar o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para a reunião dos governadores do banco, dia 29, em Xangai, para defender a proposta.
Fernández foi a Brasília com uma comitiva em busca de socorro financeiro. Ao mesmo tempo, o governo brasileiro quer encontrar uma maneira de manter as exportações para a Argentina.
Um esquema em que o Brasil financia as empresas e recebe garantias da Argentina com liquidez internacional para evitar prejuízos, já estava previamente desenhado.
O que se tem até agora é um modelo que prevê a abertura de crédito de bancos brasileiros para importadores argentinos e o uso do fundo garantidor de exportações (FGE) pelo governo brasileiro para garantir o pagamento dos empréstimos. Uma ideia é reativar as linhas de crédito ao exterior do BNDES.
2 – Fed deve aumentar juros
O Federal Reserve deve elevar nesta quarta-feira a taxa de juros e talvez sinalizar uma pausa em seu ciclo de aperto monetário de 14 meses, à medida que as autoridades equilibram a necessidade de desacelerar a inflação contra um conjunto premente de riscos, que vão desde falências bancárias até a possibilidade de inadimplência da dívida dos EUA já no próximo mês.
Os investidores acreditam que o banco central dos EUA seguirá com um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros ao final da reunião de política monetária. O comunicado será divulgado às 15h (horário de Brasília) e o chair do Fed, Jerome Powell, falará a repórteres meia hora depois.
Mas o novo comunicado e o que Powell falará sobre ele terão que conciliar um conjunto de riscos que se tornaram mais conflitantes.
A inflação tem caído apenas lentamente, deixando algumas autoridades do Fed nada convencidas de que a taxa de juros subiu o suficiente para realmente controlá-la. No entanto, a própria economia parece estar enfraquecendo, um trio de falências bancárias recentes levantou preocupações sobre problemas mais amplos no setor financeiro e a natureza instável das negociações sobre o limite da dívida entre republicanos no Congresso e a Casa Branca controlada pelos democratas pode desencadear uma crise aguda se o governo dos EUA for forçado a parar de pagar suas contas.
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Em março, 10 das 18 autoridades do Fed indicaram que provavelmente estavam prontas para interromper os aumentos dos juros depois de mais um aumento, esperado na reunião desta semana, elevar a taxa de juros de referência do Fed para a faixa de 5,00% a 5,25%.
Entre esse consenso e outros problemas que se intensificaram nesse ínterim, o Fed deve ao menos abrir as portas para a perspectiva de que esse aumento seja o último do atual ciclo de aperto, sem uma surpresa inflacionária futura.
3 – Ações de bancos desabam nos EUA
A venda do First Republic Bank para o JPMorgan, na maior falência bancária nos Estados Unidos desde a crise financeira de 2008, trouxe certo alívio para os investidores, mas não espantou o temor de que mais bancos no país possam estar com problemas, segundo analistas em Nova York. Um dos indícios disso foi a forte queda nesta terça, 2, de ações de algumas instituições de menor porte, como o PacWest Bancorp (que encerrou o dia em baixa de 28%) e o Western Alliance (recuo de 15%).
Um termômetro do setor, o índice SPDR S&P Regional Banking ETF, que reúne ações de bancos regionais, fechou o dia em baixa de 6,3%. Com os papéis despencando, as negociações de bancos menores em Nova York tiveram de ser suspensas várias vezes ao longo do pregão.
Em Wall Street, analistas dizem que a solução para o First Republic, que sofreu intervenção e foi vendido para o JP em um leilão no fim de semana, resolve um problema de curto prazo, que ameaçava a estabilidade do sistema financeiro americano, mas não impede que outros bancos venham a pedir socorro. Só em poucas semanas de março, o First Republic teve saques de US$ 100 bilhões.
“A fragilidade de hoje (ontem) nas ações dos bancos americanos é consistente com a visão de que o longo tempo que se levou para lidar decisivamente com o First Republic e a destruição de valor que isso implicou garantem um prêmio de risco adicional”, avaliou o principal conselheiro econômico da Allianz, Mohamed El-Erian.
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