Foi em maio de 1980 que o Gol estreou com uma missão bastante complicada: substituir o Fusca. Apesar da tarefa ingrata, o hatch não só cumpriu com seu objetivo como superou todas as expectativas. Assumiu o posto de carro mais vendido do país em 1987 e lá permaneceu por 27 anos consecutivos.
Agora, às vésperas da despedida, o veterano Gol passa o bastão para o Polo Track. Só que ninguém sabe se o novato conseguirá repetir o feito do modelo que vai substituir a partir de 2023. Enquanto a resposta não vem, a fábrica de Taubaté (SP) se prepara para produzir o novo modelo, que basicamente é uma versão simplificada do Polo MPI. É uma aposta arriscada e que pode determinar o futuro da Volkswagen no Brasil.
Mais moderno pelo mesmo preço
Comparando com o recém-renovado Polo apresentado em setembro, o Polo Track tem visual mais simples. Traz faróis halógenos em vez do conjunto full LED e um design mais parecido com o modelo lançado em 2017. Há calotas no lugar das rodas de liga leve e o interior não traz o mesmo padrão de acabamento do Polo 2023. Entre os detalhes exclusivos do novo modelo estão o volante “antigo” de três raios e um painel de instrumentos mais simplificado.
Apesar da proposta mais espartana, o Polo Track não economizou nos itens de segurança. Sai de fábrica com 4 airbags, controles de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampas e bloqueio eletrônico do diferencial. O motor é o mesmo 1.0 de três cilindros do Polo MPI, que entrega 84 cv e 10,3 kgfm quando abastecido com etanol no tanque.
A boa notícia é que, ao menos inicialmente, o novo carro de entrada da VW custará os mesmos R$ 79.990 pedidos pelo Gol MPI completo – um projeto que era nitidamente mais defasado do que o moderno Polo Track.
O modelo faz parte do pacote de investimentos de R$ 7 bilhões definidos pela empresa até 2026 na América Latina e inaugura uma nova família de veículos compactos do segmento de entrada. Parte deste valor já está sendo aplicado na fábrica de Taubaté. De acordo com a empresa, todas as fábricas da Volkswagen na América do Sul estão preparadas para fabricar carros baseados na plataforma modular MQB.
Hora do adeus
Quanto ao Gol, o modelo sai de cena com a série especial Last Edition. Serão produzidas mil unidades com vários detalhes exclusivos. Além da pintura vermelha, o carro terá uma faixa adesiva na cor preta na tampa traseira, fazendo alusão à primeira geração do Gol. Existe até um emblema estilizado nas colunas “C” que replica o desenho das clássicas rodas Orbital, que fizeram sucesso nos anos 90.
Por dentro, o hatch virá com um revestimento de bancos inspirado no esportivo Gol GT, além de uma plaqueta com o número da unidade. Novas informações sobre o Gol Last Edition serão divulgadas ainda em novembro. A expectativa é que o preço passe dos R$ 100 mil, e não se surpreenda se bater na casa dos R$ 150 mil.
*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020. |
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