Nem sempre é possível blindar nosso planejamento financeiro dos imprevistos no caminho. Quando isso acontece, o empréstimo pessoal pode ser uma alternativa para quem precisa de dinheiro rápido. No entanto, para não criar uma bola de neve de juros e novas despesas no seu orçamento, o primeiro passo antes de recorrer a esta modalidade de crédito é saber bem que se trata e de quais armadilhas fugir. A seguir, o InvestNews explica como funciona essa linha de crédito.
O que é empréstimo pessoal?
O empréstimo pessoal é uma modalidade de crédito concedida a pessoas físicas. Ao contrário de outros formatos de crédito, como o financiamento, o empréstimo pessoal não exige motivação prévia – o cliente pode solicitá-lo sem uma finalidade específica. Por isso, essa é uma das formas mais rápidas e simples de se conseguir uma quantia emprestada de uma instituição financeira.
Por outro lado, a terapeuta financeira Cintia Senna explica que o empréstimo pessoal geralmente possui taxas de juros mais altas do que outras modalidades, apesar de ainda ser mais vantajoso que o cheque especial e os juros do cartão de crédito. Isso acontece porque, ao conceder esse tipo de crédito, a instituição corre mais risco se levar um calote, já que não possui garantias físicas de pagamento.
Por outro lado, em casos como o do financiamento imobiliário, por exemplo, o banco possui o próprio imóvel como garantia caso o cliente não cumpra o acordo.
Quando recorrer ao empréstimo pessoal?
Segundo Guilherme Baia, planejador financeiro, para obter um empréstimo que caiba no orçamento e não comprometa a sua saúde financeira futura, o primeiro passo é verificar o motivo da operação. Ele afirma que existem três razões pelas quais as pessoas recorrem ao crédito:
- Cobertura de eventualidades: nesse caso, uma pessoa acaba recorrendo ao empréstimo para cobrir os gastos de uma situação de urgência, como um acidente, doença na família ou assalto. O especialista frisa que, na melhor das hipóteses, a pessoa deve recorrer à reserva de emergência para arcar com o infortúnio, já que, dessa forma, ela não vai gastar com juros no futuro. No entanto, caso não haja reserva, o empréstimo se torna necessário.
- Oportunidade de investimento: por vezes, uma pessoa escolhe pegar um empréstimo para investir em uma atividade produtiva que gerará retorno no futuro. Guilherme alerta que esse cenário só é vantajoso se o custo do empréstimo for menor do que o retorno esperado daquele investimento. Para isso, é preciso ter o planejamento financeiro em dia e o novo empreendimento muito bem esquematizado.
- Consumo: para Guilherme, esse é o pior cenário possível, e deve ser identificado e evitado sempre que possível. Nele, a pessoa recorre ao crédito para suprir vontades de consumo imediatas, sem perspectivas de ganhos futuros. “Depois que o prazer imediato de consumir passa, o que sobra por um bom tempo são as parcelas de juros”, afirma.
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Qual o melhor lugar para fazer um empréstimo pessoal?
O crédito pessoal pode ser oferecido por bancos, cooperativas de crédito, fintechs e outras instituições financeiras. Esse tipo de serviço não é uniforme, já que são as próprias instituições que decidem sob quais condições de juros vão trabalhar e a quantidade de crédito que vão oferecer ao cliente – por isso, é importante ficar de olho nas condições propostas por cada uma.
Cintia Senna recomenda começar pesquisando nas instituições com as quais a pessoa já possui relacionamento, já que, com o histórico do cliente em mãos, a instituição poderá oferecer condições mais vantajosas e de forma mais rápida. No entanto, ela reitera que é preciso estender a pesquisa para outros estabelecimentos. “É interessante fazer simulações e comparar valores, taxas e prazos dessas instituições”, afirma.
Para tomar decisões mais assertivas, a especialista explica que o cliente não deve olhar somente a taxa de juros cobrada pela instituição, mas sim o Custo Efetivo Total (CET) do empréstimo. Além dos juros, é preciso contabilizar o IOF sobre a operação, as taxas de análise de crédito e abertura de cadastro cobradas pelo banco e o valor total a ser pago – não apenas as parcelas mensais.
Além disso, Cintia recomenda acompanhar a tabela de crédito não consignado do Banco Central, que organiza mensalmente, em ordem crescente de taxa juros, as ofertas de empréstimo das instituições financeiras.
Dicas para conseguir um empréstimo pessoal
Organizar as finanças para incluir mais um gasto nem sempre é uma tarefa simples. Por isso, os consultores financeiros entrevistados pelo InvestNews dão as principais dicas para você não se perder no processo de contratar um crédito pessoal.
1- Identificar a origem da necessidade do crédito
Como vimos anteriormente, é importante entender a finalidade do empréstimo, mesmo que a instituição financeira não peça essa informação no momento da concessão. Com a motivação em mente, é possível evitar gastos impulsivos e se poupar dos juros.
2- Simular e comparar
O segundo passo é simular e comparar os valores, taxas e prazos oferecidos pelas instituições financeiras, sempre tendo em mente que a taxa mensal de juros não é o único valor que importa. IOF, taxas de serviço e custo total do empréstimo também devem ser avaliados.
Além disso, uma boa dica é identificar a documentação necessária para o empréstimo e a relação que será estabelecida com o banco, já que ela pode variar de instituição para instituição.
3- Cultivar um bom score de crédito
Manter um bom score de crédito torna mais fácil o processo de obtenção de empréstimo pessoal, além de resultar em taxas mais baratas e disponibilização de um valor maior para empréstimo.
4- Projetar a nova despesa sobre o orçamento futuro
É importante saber avaliar em quanto tempo você conseguirá pagar essa dívida, tendo em mente que quanto mais tempo, menor a parcela mensal e mais folgado fica o seu orçamento para outras despesas. Por outro lado, nesse caso, a incidência de juros é maior.
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