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Fundo cetipado: o que é e como funciona?

‘Cetipado’ é um termo que se refere à Cetip, uma importante instituição do mercado financeiro; confira qual sua relação com o fundo cetipado.

Pessoas apontam tela de tablet o desempenho de ativos
Crédito: Twenty20photos

Existem diversos tipos de investimento e você já deve ter ouvido falar de alguns, mas você sabe o que é um fundo cetipado? Essa é uma expressão do mercado financeiro que está diretamente relacionada aos tipos de mercado e ambientes de negociação de valores mobiliários.

Confira abaixo o que é fundo cetipado, como funciona e qual sua relação com o CDI.

O que é o Fundo Cetipado?

Sede da B3 09/03/2021 REUTERS/Amanda Perobelli

Para entender melhor o que é fundo cetipado, primeiro precisamos entrar no conceito de Cetip, mas o fundo cetipado é, basicamente, um fundo cujas cotas não são negociadas no pregão da bolsa de valores, ou seja, no mercado de balcão organizado, ambiente em que a CETIP atua.

Nesse tipo de investimento pode haver menos burocracia e menos oscilações do valor da cota, já que suas negociações não ocorrem por meio da bolsa de valores e sim por intermédio de alguma corretora ou assessor de investimentos, mas ele também possui menor liquidez. 

Cetip é o acrônimo de Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos. A Cetip representa uma empresa privada do mercado financeiro, “uma câmara de liquidação e custódia de contratos de dívida pública e privada. No passado a Cetip era concorrente da B3”, explica Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores. 

Segundo o especialista, a B3 até tentou implementar uma câmara de liquidação de títulos, mas não foi bem sucedida, porque a instituição já era muito reconhecida pelo mercado de capitais. 

No entanto, em 2017, o grupo BM&F Bovespa comprou a Cetip, ou seja, hoje ela representa um braço financeiro da B3 e serve especificamente para fazer a liquidação e a custódia de títulos de renda fixa. 

A Cetip é responsável pelo registro das transações que ocorrem no mercado financeiro, pelo controle e pela custódia dos títulos emitidos nele.

Apesar de ter iniciado suas atividades com foco em ativos de renda fixa, hoje ela também atua com Certificados de Operações Estruturadas (COE) e Cotas de fundos de investimento, que são nosso assunto de interesse.

Confira alguns dos fundos “cetipados”, negociados no balcão da B3:

Como funcionam os ativos cetipados?

Dada a explicação sobre o que é a Cetip, temos que, portanto, dizer que determinado ativo é “cetipado”, significa que ele “teve algum tipo de registro nessa câmara de liquidação específica, que é a câmara da Cetip”, esclarece Jorge.

De maneira prática, quando ocorre a compra desse tipo de ativo, ele não fica sob posse do investidor e nem da corretora, mas sim da Cetip, intermediária da operação, para garantir que a compra e venda desses ativos seja realizada de maneira segura.

Como dito, os principais ativos custodiados pela Cetip são os de renda fixa, como:

  • Letra de Crédito Imobiliário (LCI);
  • Letra de Crédito Agrícola (LCA);
  • Debêntures;
  • CDBs (Certificados de Depósito Bancário);
  • Certificados Financeiros do Tesouro;
  • RDBs (Recibo de Depósito Bancário);
  • Letras Hipotecárias;
  • Títulos Estaduais e Municipais.

Já a custódia de ativos de renda variável é realizada pela própria B3.

Qual a relação entre CETIP e o CDI?

Imagem Freepik

A Cetip é a responsável por calcular a taxa DI, utilizada nos empréstimos entre bancos, pois é por meio do sistema do CETIP que são apuradas as taxas médias diárias do CDI. 

Para entender esse processo, é preciso entender o que é o CDI. CDI é a sigla para Certificado de Depósito Interbancário ou Certificado de Depósito Interfinanceiro, que é o título emitido em transações entre instituições financeiras, os chamados empréstimos entre bancos. O que comumente chamamos de CDI é, na verdade, a taxa DI.

“O CDI nada mais é do que a taxa média das operações compromissadas que acontecem entre instituições financeiras com lastro em títulos privados. Por exemplo, no final do dia o banco Itaú tem R$ 50 milhões no caixa, e o banco Bradesco está precisando de R$ 50 milhões para tapar o saldo negativo”, explica Jorge.

“Lembrando que, por uma uma regulamentação do Banco Central, as instituições não podem ficar com o caixa negativo no final do dia. Então, se o Bradesco tiver muitos resgates durante o dia, ele vai ficar com um saldo negativo. Se o Itaú tiver muitos depósitos, ele vai ficar com saldo positivo. Então, no final do dia, as instituições tentam se encontrar no mercado.”

Para atender a essa norma do Banco Central, as instituições financeiras realizam transferências umas para as outras utilizando Certificados de Depósitos Interbancários (CDI).

Aproveitando o exemplo já mencionado por Ricardo, o Bradesco solicita ao Itaú um empréstimo de R$ 50 milhões, e oferece como garantia um título de sua custódia, como um CDB, por exemplo, um título de crédito bancário que garante esse valor e acorda o pagamento uma taxa de juros por essa operação de um dia. Essa taxa de juros é o CDI (taxa DI).  

E então qual a relação entre a Cetip e o CDI?

Essas operações precisam ser registradas, “até para que os órgãos reguladores consigam controlar, auditar e para que aquilo fique devidamente registrado nos sistemas de negociação e liquidação. Onde é feito esse registro? No sistema da CETIP. Por isso que a CETIP é o órgão responsável pela apuração dessas negociações que acontecem todos os dias e pela apuração da taxa do CDI”, informa Jorge.

Vale a pena investir em Fundos Cetipados?

Imagem de GarryKillian/Freepik

Já que não ocorre no ambiente da bolsa, os fundos cetipados podem sofrer menos com a volatilidade, no entanto têm menor liquidez também.

“Eu não vejo vantagem, porque você tem vários fundos negociados em bolsa, inclusive, em que o investidor pode, lá na casa dele, no Profit chart ou em qualquer outro sistema de negociação no Home Broker, comprar ou vender um fundo, por exemplo, um ETF. Os fundos que são cetipados são fundos negociados em balcão. Então você não tem uma plataforma eletrônica para negociar, você tem que ligar na corretora ou ligar para o seu assessor de investimento e dizer ‘olha eu quero comprar esse fundo aqui, que é cetipado’, por exemplo”, diz Jorge.

Segundo o especialista, a menos que seja um um ativo que entregue muita vantagem, uma vantagem fora da curva, o que ele não conhece, ele não vê benefício nesse tipo de investimento. 

“Justamente porque você tem a opção de negociar sozinho lá no seu home broker outros fundos listados, então por que você negociaria um em balcão? Cuja liquidez é menor. Aí é uma característica de risco de cada um”, complementa.

De maneira geral, os fundos listados na bolsa geralmente possuem melhores portfólios, são mais consolidados e possuem liquidez.

Fundos cetipados têm regulação diferente dos fundos listados, assim como seus riscos e negociações. O indicado é que o investidor pesquise relatórios e informações sobre o desempenho de fundos e outros investimentos que queira fazer em sites da corretora ou da própria B3. 

*Essa matéria possui cunho educativo e não representa indicação de nenhum investimento ou instituição financeira. Na dúvida sobre determinado investimento, consulte um (a) profissional qualificado (a)*

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