Tokens: o que são e qual a diferença para criptomoedas?

Entenda os diferentes usos de tokens e tire todas suas dúvidas sobre estes criptoativos

Ilustração de uma lupa apontada para diversos desenhos coloridos e psicodélicos

Os criptoativos, como os tokens e as criptomoedas, ganharam espaço no mercado financeiro e na mídia nos últimos meses. Porém, por se tratar de um assunto relativamente novo, muitos ainda têm dúvidas sobre as diferenças entre essas terminologias e o que elas significam na prática.

Pensando em responder essas questões, vamos explicar neste artigo o que são os tokens, como eles funcionam, qual a diferença entre tokens e criptomoedas, quais são os maiores tokens em valor de mercado, entre outros pontos importantes sobre o assunto. Se você tem interesse em investir em criptoativos, acompanhe a leitura!

O que são tokens?

Há certa discussão a respeito do conceito de token, mas, para fins didáticos, pode-se definir o token como um ativo digital armazenado em uma blockchain – a tecnologia por trás dos criptoativos -, como no Ethereum ou na Solana, por exemplo.

Além disso, um token também pode ser entendido como a representação digital de um ativo financeiro real – como ações, imóveis, obras de artes – dentro desse sistema. O processo de transformar um ativo tradicional em um token recebe o nome de tokenização – um termo super pop nos últimos dias.

De acordo com o relatório Real World Assets in On-chain Finance, publicado pelas empresas RedStone, Gauntlet e RWA.xyz, esse mercado atingiu cerca de US$ 24 bilhões em meados de 2025, um avanço de 380% em apenas três anos.

As perspectivas para o futuro também são promissoras. A consultoria McKinsey & Company, por exemplo, projeta que o setor pode movimentar US$ 2 trilhões até 2030, chegando a até US$ 4 trilhões em um cenário mais otimista.

Diferença entre token e criptomoeda

Toda criptomoeda pode ser considerada um token, mas nem todo token é uma criptomoeda. No entanto, existe uma “convenção” no mercado que trata as criptomoedas como aquelas que são nativas de suas próprias blockchains, enquanto os tokens são criados e operam em blockchains já existentes.

Exemplo: o Bitcoin, o Ethereum e a Solana seriam criptomoedas, pois têm suas próprias blockchains. Já as memecoins (criptos baseadas em meme) Shiba Inu e Bonk, por exemplo, são consideradas tokens, pois rodam no Ethereum e na Solana, respectivamente.

Outra diferença entre criptomoedas e tokens é que, na maior parte dos casos, as criptomoedas são utilizadas como uma espécie de substitutas do dinheiro físico. Além disso, elas também podem ser usadas como forma de validação de transações digitais em rede. 

O token pode também estar ligado a pagamento, mas nem sempre está. Por ser também a representação digital de um ativo, esse ativo digital está atrelado ao bem que representa, podendo ser utilizado em outros tipos de operações.

É possível encontrar, por exemplo, tokens que representam ações de empresas, antecipação de recebíveis, valores mobiliários, obras de arte e artigos de jogos digitais, entre outros.

Como funcionam os tokens?

O modo como um token funciona depende da categoria na qual ele se enquadra e do ecossistema do qual faz parte. Mas, de forma geral, todos os tokens operam em uma blockchain e são baseados smart contracts (contratos inteligentes).

Em resumo, os smart contracts são programas de computador autoexecutáveis que funcionam como contratos digitais. Neles, alguns termos e condições são escritos diretamente em código de programação. Diferentemente dos contratos tradicionais, eles operam de forma automática, sem intermediação de bancos ou outras instiuições.

Tipos de tokens

Confira abaixo o que é e como funciona cada tipo de token:

Payment Tokens

Os Payment Tokens servem como meios de pagamento para bens e serviços. Eles são utilizados para transferências de capital, funcionando como dinheiro eletrônico e sendo parecidos com as criptomoedas tradicionais, com a diferença de que não operam em blockchains próprias. 

Utility tokens

Também conhecidos como tokens de aplicativos ou dApps, os utility tokens têm esse nome porque oferecem alguma utilidade em uma plataforma, como permitir o acesso a um serviço exclusivo ou oferecer um desconto em um determinado produto digital. 

Non-fungible tokens (NFT)

Os NFTs (Non-fungible tokens, ou tokens não-fungíveis, em português) são tokens que representam um ativo específico e individual, como um item colecionável

Um NFT pode ser uma representação de uma obra de arte, uma música, ou algum outro item exclusivo. Quando alguém compra um NFT, está basicamente adquirindo um código de registro digital do objeto.

Diferentemente dos tokens utilitários, os Non-fungible tokens não são intercambiáveis e atraem colecionadores e investidores interessados em adquirir um ativo único.

Security tokens

Os Security tokens são representações de valores mobiliários, como ações negociadas na Bolsa de Valores e os tokens de renda fixa, e funcionam como investimentos com expectativa de lucro. 

Por estarem diretamente ligados a produtos financeiros regulados, os security tokens também são regulamentados e precisam atender às normas do mercado de capitais.

Como os tokens são criados?

O primeiro passo para criar um token é escolher em qual blockchain ele vai rodar. Uma das opções mais populares é o Ethereum, que permite a criação de ativos digitais por meio dos tais contratos inteligentes.

Os tokens dessa de ecossistema seguem o padrão ERC-20, um conjunto de regras que define como eles funcionam e interagem entre si – algo como um “manual de instruções” que todo desenvolvedor precisa seguir.

A criação de um token dessa forma exige conhecimento técnico em programação e contratos inteligentes. É nesse código que são definidos parâmetros como quantidade total de tokens, quem é o dono inicial e se novas unidades poderão ser emitidas no futuro. Empresas que trabalham com tokenização de ativos costumam contar com equipes especializadas para isso.

Mas também há formas mais simples de criar tokens. Um exemplo é o Pump.fun, plataforma lançada na blockchain da Solana, no início de 2024, que popularizou a criação de memecoins em questão de minutos, sem exigir conhecimento técnico.

Os tokens são seguros?

Os tokens são criados e operam por meio da tecnologia blockchain, que é considerada segura. 

Basicamente, ela registra transações em blocos de dados, que são armazenados de forma descentralizada pelos participantes das operações e que passam por criptografia avançada. Essa é a mesma tecnologia utilizada por redes de criptomoedas como Ethereum e Bitcoin. 

Porém, apesar de ser bastante difícil hackear uma blockchain, já houve casos de tokens com smart contracts com falhas de programação que resultaram em roubos de ativos dos usuários.

Além disso, por ser relativamente fácil criar um token, golpistas costumam aproveitar essa brecha para lançar ativos digitais falsos. Eles investem pesado em divulgação e marketing, atraem investidores, inflam artificialmente o preço e, em seguida, vendem tudo e desaparecem com o dinheiro.

Esse tipo de fraude é conhecido como golpe de pump and dump – uma expressão usada para descrever o esquema de “inflar e descartar” um ativo.

Para evitar sofrer um golpe e perder dinheiro com tokens falhos ou falsos, é importante que o investidor pesquise bastante antes de adquirir seu token, procurando saber o histórico do criptoativo e conhecer o projeto por trás dele. 

O que pode virar token?

Quase tudo pode virar um token atualmente. Quando dizemos que algo foi “tokenizado”, isso significa na prática que o bem foi fragmentado em diversas frações digitais. Assim, um imóvel, por exemplo, que tenha um valor real de R$ 200 mil, pode ser dividido em 1 mil tokens, sendo que cada uma dessas representações digitais desse bem (os tokens) valerá R$ 200 neste caso.

Entre os ativos que podem virar token, podemos citar: 

  • Imóveis;
  • Equipamentos;
  • Propriedades intelectuais e obras com direitos autorais;
  • Precatórios;
  • Metais preciosos;
  • Fundos de investimento;
  • Títulos;
  • Ações.

Quanto vale um token?

O valor do token vai depender muito do seu tipo. Um token de pagamento como a stablecoin (criptomoeda estável) USDT, por exemplo, normalmente vale US$ 1, porque ela tem seu valor atrelado à moeda dos Estados Unidos.

Já o valor de um token atrelado a um ativo real é baseado em seu lastro. Por exemplo, se um token tem o lastro ligado a um terreno digital que vale R$ 1 milhão, e que foi fracionado em 100 mil tokens, então cada um vale R$ 10,00.

O valor de um token também pode sofrer variações de acordo com a movimentação do mercado, assim como acontece com outros ativos, como ações negociadas na bolsa de valores. Assim, se alguém adquire um token X, e a rede do projeto tem um crescimento no número de usuários e investidores, o valor do token também tende a subir.

Por essas razões, o custo para adquirir um token pode variar bastante. Em outubro de 2025, por exemplo, é possível encontrar opções a partir de apenas alguns centavos, e outras na casa das centenas de dólares ou reais.

Quais são os maiores tokens em valor de mercado?

De acordo com os dados mais atualizados do CoinMarketCap, os maiores criptoativos (aqui nesta lista constam tokens e criptomoedas) em termos de valor de mercado são:

NomeTickerCapitalização de MercadoDestaque
BitcoinBTCUS$ 2,36 trilhõesPrincipal reserva de valor digital
EthereumETHUS$ 495 bilhõesPlataforma líder para contratos inteligentes
TetherUSDTUS$ 178 bilhõesStablecoin mais utilizada
BNBBNBUS$ 170,8 bilhõesToken nativo da Binance
XRPXRPUS$ 165,5 bilhõesToken do sistema Ripple
SolanaSOLUS$ 115,4 bilhõesAlta escalabilidade
USD CoinUSDCUS$ 75,4 bilhõesStablecoin regulamentada
DogecoinDOGEUS$ 35,9 bilhõesMemecoin
TRONTRXUS$ 31 bilhõesRede focada em aplicações digitais
CardanoADAUS$ 28,2 bilhõesPlataforma para contratos inteligentes

Quais as vantagens de tokenizar um ativo?

Existem diversas vantagens em tokenizar um ativo, tanto para o emissor do token, quanto para quem o adquire. A principal delas é a possibilidade de negociar e fazer operações com pequenas frações de um determinado ativo. Isso torna o bem mais acessível aos investidores e possibilita injetar mais capital em projetos.

Outra vantagem importante é a digitalização – um ativo real passa a ter uma representação digital, o que o torna mais maleável para negociações e permite a abertura para novos tipos de mercados. 

A transparência também é um ponto relevante, já que as informações acerca do ativo tokenizado ficam registradas na blockchain e passam a ser mais acessíveis aos proprietários do token, que podem fazer um rastreamento completo de cada transação.

Existe ainda o fator segurança, já que utilizar uma blockchain e smart contracts para as operações torna o processo automatizado e seguro, não dependendo de entidades terceiras para as transações serem autenticadas.

Desafios da tokenização

Felipe Mendes, CEO da Altside, disse que apesar de a tokenização estar em ritmo acelerado e ser uma área bem promissora, os desafios são significativos. “O ambiente regulatório ainda é incipiente em diversas jurisdições e, sem clareza normativa, os riscos de insegurança jurídica permanecem altos”, afirmou ele.

A liquidez também precisa ser construída de forma consistente, já que um ativo tokenizado só atinge seu potencial quando encontra mercado secundário capaz de absorver operações com profundidade e confiança, disse o especialista. “Custódia, interoperabilidade entre diferentes blockchains e custos operacionais também são pontos que precisam ser equacionados para que a tokenização se torne de fato dominante”, finalizou Mendes.

Você pode gostar