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O ajuste de preços no mercado de criptomoedas em 2025 entrou em uma nova etapa na quarta-feira (19), quando o bitcoin caiu ao menor nível em sete meses, ampliando para mais de US$ 1 trilhão a redução do valor de mercado dos ativos digitais neste ciclo.

A maior criptomoeda recuou para US$ 88.522 antes de recuperar parte das perdas na manhã de quinta-feira (20). A queda recente atingiu investidores de todos os perfis — de pequenos compradores tentando aproveitar a “baixa” a empresas de tesouraria cripto que agora veem seus prêmios acionários diminuir.

Os preços dos tokens tiveram algum alívio depois que a Nvidia apresentou uma forte projeção de receita, ajudando a contrabalançar o receio de que o boom global de investimentos em IA pudesse estar arrefecendo.

Os próximos níveis psicológicos importantes estão em torno de US$ 85 mil e US$ 80 mil, enquanto o piso de 2025 — US$ 74.425, registrado em meio à turbulência causada por tarifas em abril — voltou ao radar. O valor total do mercado cripto, que chegou a US$ 4,3 trilhões em 6 de outubro, agora se aproxima de US$ 3,2 trilhões. Grande parte dessa movimentação, porém, representa perdas contábeis, não necessariamente saída efetiva de capital.

A fragilidade do mercado ficou evidente após uma onda de liquidações forçadas em 10 de outubro, quando mais de US$ 19 bilhões em posições alavancadas foram desmontadas. O episódio desencadeou uma sequência de chamadas de margem, resgates em ETFs e retração no interesse por novas posições.

“Os investidores estão um pouco no escuro — não há direção clara do cenário macro, então o que resta é acompanhar o movimento das baleias on-chain, e isso tem deixado o mercado apreensivo”, afirmou James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares.

A alta do bitcoin para pouco acima de US$ 126 mil no início do ano foi sustentada por duas expectativas: múltiplos cortes de juros pelo Federal Reserve e maior entrada de investidores institucionais. Ambas as narrativas perderam força, enquanto os compradores que operam por impulso recuaram. A correção tem sido especialmente dura para empresas de tesouraria cripto, que cresceram baseadas no rali anterior.

O Ether, segundo maior token do mercado, voltou a operar abaixo de US$ 3 mil. Após ficar atrás do bitcoin no início do rali do ano, o ativo chegou perto de US$ 5 mil em agosto — superando por pouco sua máxima de 2021 — mas devolveu todos esses ganhos.

“Acho que estamos mais perto do fim do movimento vendedor do que do começo, mas o mercado está desconfortável e as criptomoedas podem cair mais antes de encontrarem um ponto de estabilização”, disse Matthew Hougan, diretor de investimentos da Bitwise Asset Management, de São Francisco.

© 2025 Bloomberg L.P.