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Negócios

Após anúncio de compra de ações por controladores, Alpargatas dispara 17%

Companhia vai adquirir até 32 milhões de ações por R$ 10,50 cada.

As ações da Alpargatas (ALPA4), dona da marca Havaianas, encerraram o pregão desta segunda-feira com valorização de 17,41%, negociadas a R$ 10,52.

A alta ocorre após a companhia informar que, na última sexta-feira, a MS Alpa Participações (empresa que pertence ao bloco controlador da varejista) comunicou que decidiu realizar uma oferta pública voluntária (OPA) para a aquisição de até 32 milhões de ações preferenciais da Alpargatas em circulação.

A MS Alpa é controlada pela Cambuhy Alpa Holding e pelo Alpa Fundo de Investimento em Ações, que integram o bloco de controle da companhia e que pertencem à família Moreira Salles.

Segundo o último formulário de referência enviado pela Alpargatas à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o fundo Alpa detém 4,8% do total de ações em circulação, enquanto a Cambuhy é dona de uma fatia de 23,7%.

Análises

De acordo com comunicado da Alpargatas, o valor pago na aquisição, que não envolve atuação direta da Alpargatas ou de seus executivos, será de R$ 10,50 por papel.

A quantia correspondente a um prêmio de 17,2% do preço de fechamento das ações em 19 de maio de 2023, dia útil imediatamente anterior à divulgação do edital e 27,7% superior à média ponderada do preço das ações nos 30 dias anteriores.

Segundo Danniela Eiger, Thiago Suedt e Gustavo Senday, analistas da XP Investimentos, se a oferta for concluída e bem sucedida nos termos do edital proposto, a quantidade de ações em circulação seria reduzida dos atuais 32% para 27%, enquanto o Grupo MS aumentaria sua participação para 34% da companhia, contra fatia atual de 29%.

Para a equipe, o anúncio foi neutro. “Pelo lado positivo, o acionista controlador está aumentando sua participação a um prêmio de 17% em relação aos preços atuais, mas deve reduzir a liquidez, enquanto o laudo de avaliação aponta para um valor justo de R$ 8,74 por ação com base no múltiplo dos pares”.

Laudo de avaliação

A equipe da XP apontou que o laudo de avaliação analisou diversas metodologias para definir o valor justo da Alpargatas, mas utilizou o valuation (avaliação) dos pares globais como uma referência, chegando a R$ 8,74 por ação (2,5% de desconto em relação ao fechamento de sexta-feira) como um preço-justo.

“Esse preço é baseado na soma das partes entre os negócios de Havaianas e Rothy’s, com a última avaliada entre R$ 1,0 e R$ 1,1 bilhão, contra os US$ 950 milhões de EV pagos em dezembro 21. No entanto, é importante observar que a análise de múltiplos considera o cenário macro atual, que muitas vezes dificulta a avaliação das empresas com expectativas de ganhos de curto prazo e condições de mercado”, escreveu a equipe da XP em relatório.

Já para Joseph Giordano, Guilherme A. Vilela e Nicolas Larrai, do JPMorgan, a oferta seria um “bom ponto de saída”, mesmo no contexto em que um insider esteja adicionando um prêmio aos níveis de preços atuais.

Para a equipe do banco de investimento, a família Moreira Salles tem um horizonte de investimento de longo prazo em comparação com a maioria dos investidores, enquanto a empresa passa por um processo de reestruturação que deve demorar “para render frutos positivos” no contexto em que enfrenta desafios em seus principais mercados, inclusive o Brasil.

“Com isso em mente, acreditamos que o preço de compra de R$ 10,59 por ação dificilmente estabelecerá um novo piso para as ações, principalmente no contexto em que a empresa ostenta a maior avaliação das empresas brasileiras de vestuário sob cobertura”.

Felipe Pontes, sócio-fundador da L4 Capital, considerou um movimento natural, visto que a empresa, mesmo com a recente forte queda das ações, é boa e tem potencial de valor que está escondido.

“Este pode ser um movimento inicial para talvez pensar em fechar o capital da empresa no futuro, a depender do valuation. No final do ano passado a ação chegou a ser negociada por volta dos R$ 20. Foi uma queda muito abrupta de preços, que abrem oportunidades para os grandes grupos empresariais e famílias comprarem participações mais relevantes e até busquem fechar o capital de suas empresas”, afirmou.

Na opinião de Pontes, ao olhar para o laudo de avaliação, é possível notar que foram inseridas na amostra empresas que não necessariamente são comparáveis à Alpargatas. “Empresas comparáveis, no mínimo, precisam estar no mesmo estágio do ciclo de vida, ter características semelhantes de crescimento e de risco. Isso pode ter ajudado a puxar o valuation para baixo”.

Detalhes da oferta

Segundo a varejista, o edital prevê condições de ajuste de preço e quantidade de ações abrangidas pela oferta.

A oferta será válida pelo prazo de 30 dias contados a partir de terça-feira (23), com encerramento em 21 de junho de 2023, data em que será realizado o leilão.

De acordo com a Alpargatas, a MS informou que obteve as aprovações necessárias ao lançamento da oferta, inclusive perante a B3, e que, por se tratar de oferta pública voluntária, a operação não está sujeita a registro perante a CVM.

Além disso, não implicará o cancelamento do registro da companhia como emissora da categoria “A”, a sua conversão para a categoria “B” ou a saída do segmento de listagem Nível 1.

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