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Negócios

BR Properties: entenda o fechamento de capital da companhia listada na bolsa

Companhia do ramo imobiliário quer simplificar a estrutura e reduzir custos, dizem especialistas.

BR Properties (BRPR3) informou nesta terça-feira (17) que realizou um leilão da oferta pública de aquisição (OPA) de ações para o cancelamento do registro de companhia aberta da perante à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

A OPA havia sido protocolada em julho, a pedido da Slabs Investimentos, que adquiriu o controle da empresa do ramo imobiliário por R$ 666,8 milhões, em abril.

“A ideia da companhia é que possam simplificar a estrutura da empresa e reduzir custos. O custo de manutenção de uma empresa listada é muito alto e se a empresa não se beneficia mais com a listagem, provavelmente a melhor decisão é de fato fechar o capital. Além do custo de desembolso de caixa, a empresa listada acaba dando muitas informações a concorrentes que não são listados.”

felipe pontes, sócio da l4 capital

Crédito: Reprodução site

Além disso, a companhia declarou que realizará, após a liquidação da oferta, a promoção de resgate das ações remanescentes pelo valor da ação praticado na OPA de cancelamento de registro.

A Slabs Investimentos comprou 4 ações ordinárias em leilão na última segunda (16), ao preço unitário de R$ 115,16, totalizando R$ 460,64, representando 0,0232% das ações objeto da OPA e de aproximadamente 0,00086% do capital social total da companhia. A liquidação financeira das aquisições realizadas no leilão será no dia 18 de outubro.

“Após a conclusão da OPA a companhia dará prosseguimento aos procedimentos necessários à implementação do cancelamento do registro de companhia aberta da companhia perante a CVM”, informou a empresa.

As ações de emissão da companhia permanecerão em negociação no segmento básico da B3 até a aprovação do resgate compulsório ou a conclusão do cancelamento de registro de companhia aberta da BR Properties, o que acontecer primeiro.

Paulo Cunha, CEO da iHUB Investimentos, diz que sempre quando temos um mercado “ruim”, com ciclo de juros alto tanto no Brasil quanto no exterior, aversão a risco e empresas passando por problemas de dívida, as ações passam a valer menos, e vemos um movimento inverso de ter IPOs.

“Não tivemos praticamente IPOs esse ano, e o inverso disso é a OPA, que é o fechamento do capital. Essa situação sempre acontece quando os controladores e acionistas acham que a empresa vale mais do que está sendo negociada no mercado. Entendem que é uma oportunidade de fechar o capital, recomprar as ações que estão valendo quase nada na bolsa. Com isso, num novo ciclo positivo de mercado, quando as ações puderam valer mais, a empresa vai lá e faz um IPO novamente.”

B3 (Crédito: Adobe Stock)

Por que a BR Properties quer fechar o capital na B3?

A BR Properties foi vendendo vários ativos, reduzindo o seu capital e pagando aos acionistas. Segundo Paulo Cunha, os controladores estão fazendo essa OPA muito em virtude dessa atual situação.

“Está valendo mais a pena para eles venderem os imóveis no real, para compradores, e com esse dinheiro a empresa compra as ações. Os imóveis tem mais valor no mercado imobiliário, do que no mercado financeiro. Certamente a empresa possui imóveis em sua carteira, em seu patrimônio líquido, que devem valer muito mais do que sair vendendo a mercado. Nesse sentido, está barato para fechar o capital da empresa”, afirmou.

Já para Claudio Felisoni, presidente do IBEVAR e professor da FIA Business School, a BR Properties sofreu o impacto da desaceleração do varejo.

“As visitas durante o período caíram mais de 30%, e embora tenha havido recuperação, os volumes não voltaram aos patamares vigentes antes da pandemia. A razão é um dos aspectos estruturais que vem impactando os empreendimentos imobiliários comerciais, ou seja, a aceleração das vendas pela internet.”

De acordo com o professor, outro aspecto estrutural que vem influenciando os negócios da BR Properties diz respeito a redução dos espaços físicos ocupados pelos edifícios que acomodam escritórios.

E o especialista Felipe Pontes alerta que o valor da ação estimado está bem abaixo da cotação atual.

“Um grande detalhe é que no laudo de valuation, por fluxo de caixa descontado, o laudo da Apsis, consultoria contratada, estimou um valor justo de R$ 18,03 por ação, bem abaixo do atual preço da ação. O valor contábil da empresa é de cerca de R$ 160 por ação e eles estão propondo recomprar a R$ 117.”

Às 15h20 desta terça-feira, a ação da companhia tinha desvalorização de 8,83% e estava cotada a R$ 165,02.

De acordo com a BR Properties, o objetivo da redução de capital faz parte do plano de simplificação para racionalizar as despesas gerais e administrativas, mantendo o foco principal na manutenção da propriedade de seus galpões logísticos em Jarinu e Cajamar, localizados no interior de São Paulo, e no potencial desenvolvimento de novos projetos logísticos nas mesmas regiões.

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