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Negócios

Lucro da M. Dias cai em 2022 por custo alto e rescaldo da guerra

A empresa teve um lucro de R$ 15,5 milhões no quarto trimestre do ano passado, forte recuo de 89,7% ante igual período de 2021.

 A M. Dias Branco (MDIA3) registrou quedas no lucro líquido do quarto trimestre e no consolidado de 2022, pressionadas pelos efeitos da guerra na Ucrânia sobre as cotações de insumos como o trigo, mas espera um 2023 mais promissor com custos menores e preço médio sustentado em seu portfólio, disse um executivo da companhia à Reuters nesta sexta-feira (17).

A empresa, que é líder nos mercados de biscoitos e massas no Brasil, teve um lucro de R$ 15,5 milhões no quarto trimestre do ano passado, forte recuo de 89,7% ante igual período de 2021, enquanto o lucro anual somou R$ 481,8 milhões, queda de 4,6%, conforme balanço financeiro.

A geração de caixa operacional medida pelo Ebitda ficou em R$ 121,3 milhões no trimestre, redução de 33,6% contra os três últimos meses de 2021. No acumulado de 2022, porém, cresceu 31,7% para R$ 900,4 milhões.

“Os custos da companhia subiram pela alta nos preços das commodities em dólar, com a guerra entre Rússia e Ucrânia… que são players relevantes na exportação de trigo”, afirmou o diretor executivo de Relações com Investidores e Novos Negócios da M. Dias Branco, Fabio Cefaly.

Ele disse que a entrada da safra nacional de trigo, no segundo semestre de 2022, e a ampliação da oferta do cereal saindo da Ucrânia por um corredor de exportação no Mar Negro –que esfriou os preços da commodity na Bolsa de Chicago– não foram suficientes para arrefecer os custos da empresa ainda em 2022, devido à sua estratégia de carregamento de estoques e hedge.

Em geral, a M. Dias conta com um estoque médio de quatro meses para o trigo e óleo de palma, então, quando a guerra eclodiu no Leste Europeu em fevereiro do ano passado, a companhia já havia adquirido insumos a preços menores.

Em contrapartida, quando as cotações globais das commodities começaram a recuar, os impactos também chegaram mais tarde para a empresa.

“Eu não vi o impacto da guerra no final do primeiro tri e no segundo tri. Começamos a ver no terceiro tri e bastante no quarto… A melhora nos preços externos não foi vista nos nossos resultados de 2022, mas será vista no futuro”, disse ele.

Segundo o executivo, as despesas com insumos estão diminuindo atualmente e “em algum momento isso vai transitar pelos resultados” trimestrais.

“Temos perspectivas de melhora de margens daqui para frente. O custo do trigo está caindo no mercado e no nosso estoque e a história no óleo de palma é a mesma”, acrescentou, citando que a questão das commodities é a principal variável para as margens neste momento.

Receita recorde

A receita líquida da M. Dias Branco cresceu 27,7% no quarto trimestre para R$ 2,76 bilhões e, no ano, atingiu o recorde de R$ 10,13 bilhões, montante quase 30% superior ao de 2021, principalmente por preços melhores e algum ganho de market share nos segmentos de biscoitos, massas e farinha de trigo.

O preço médio dos produtos aumentou 27% no trimestre, contra o mesmo tri de 2021, e 29% no ano, com uma sequência de reajustes no portfólio que foram absorvidos pelo mercado, disse Cefaly.

Os volumes de vendas ficaram perto da estabilidade, com ligeiros avanços, para 441,3 mil toneladas no último trimestre de 2022 e 1,7 milhão no acumulado do ano.

Com este desempenho operacional e os atuais preços médios preservados, o executivo acredita que, quando a redução dos custos for vista no balanço, a tendência é que a companhia “saia mais forte dos impactos da guerra do que estava quando entrou”

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