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Negócios

Prédios corporativos ganham novo perfil de inquilinos

Mudança foi capitaneada por empresas que cresceram na pandemia, como as de tecnologia, saúde e assessoria financeira.

São Paulo

Após uma onda de devoluções de escritórios no rastro do home office, no ano passado, uma leva de novas empresas começa, aos poucos, a ocupar esses espaços, dando uma fisionomia nova aos prédios corporativos que antes tinham um perfil “tradicional”, com baias, salas fechadas e de reuniões.

Esse processo de mudança, capitaneado por companhias que foram na contramão da atividade econômica e cresceram em meio à crise, como as de tecnologia, saúde e de assessoria financeira, traz um alento ao setor, que conta com isso para tentar diminuir um pouco a chamada taxa de vacância.

As estimativas iniciais de especialistas é que o porcentual de empreendimentos sem inquilinos possa superar os 20% até o fim deste ano só na cidade de São Paulo, o dobro do observado no período pré-pandemia. Há um outro problema à vista: a chegada dos prédios que ficarão prontos agora em 2021.

Levantamento da Buildings, empresa de pesquisa imobiliária voltada para o segmento de imóveis comerciais, mostra que 31 novos edifícios deverão ser incorporados em breve ao mercado em São Paulo. Em metragem, considerando os projetos de classe A, são mais 352 mil metros quadrados de área para aluguel ou venda, em comparação aos 220 mil metros em 2020 – aumento de 60%.

“A decisão pela construção desses empreendimentos foi tomada há cerca de três anos, quando havia uma indicação de queda na taxa de vacância”, afirma o sócio-diretor da Buildings, Fernando Didziakas. Segundo ele, a solução pode estar nas empresas que estão fazendo planos de crescimento.

“Na pandemia, as empresas conseguiram se adaptar ao home office, mas isso, no longo prazo, não vai se manter integralmente. As empresas vão continuar precisando de espaços físicos, mas a retomada poderá vir de novas empresas que estão chegando ao mercado e aquelas que estão crescendo.”

Um sinal disso é o que aconteceu em um dos edifícios já entregues no início do ano, o B32, localizado no bairro do Itaim, em São Paulo. Ele foi entregue com 60% de seus andares alugados, grande parte para empresas de tecnologia. Apenas o Facebook reservou espaço equivalente a 30% do edifício. Já o e-commerce Shopee, com sede em Cingapura, e que viu seu negócio se expandir rapidamente no Brasil em meio à pandemia, tinha alugado uma área de 4 mil metros quadrados.

Em outro movimento, a fintech Creditas também não para de expandir seu espaço próximo à Marginal Pinheiros. A mexida no mercado também passa por executivos de bancos e gestoras de investimento que começam a tirar do papel projetos de voo solo e, para isso, precisam de espaço físico para suas atividades.

Saúde

Responsável pela Pesquisa e Inteligência de Mercado da Cushman & Wakefield, Jadson Andrade também cita empresas dos ramos de seguro, energia e saúde. Neste último caso, Andrade comenta que algumas empresas estão recorrendo a prédios corporativos para montar clínicas e até mesmo hospitais, quando conseguem fazer a adaptação necessária no empreendimento.

A Prevent Senior, por exemplo, alugou no ano passado um prédio corporativo na Avenida Brigadeiro Luís Antônio para construir um hospital. Ficou ainda com o antigo prédio onde funcionava a Fnac, em Pinheiros, e outro na Marginal.

“Os escritórios começam a ser adaptados para a nova realidade e para as demandas que começam a surgir agora”, diz Caio Castro, sócio da gestora de fundo imobiliários RBR. Essa adaptação tem passado por maior espaçamento entre os pontos de trabalho e, ainda, áreas de interação, algo que vem se mostrando necessário após o esgotamento do trabalho em casa em 100% do tempo.

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