Siga nossas redes

Negócios

Presidente do BNDES quer juros ‘mais competitivos’ para pequenas empresas

Lula aproveitou a posse de Mercadante para destacar a necessidade do banco voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento do Brasil.

O novo presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que pretende fazer com que o banco de fomento seja mais ativo no estímulo às exportações brasileiras e que apesar de não querer que ele concorra com bancos privados, precisa ter juros mais competitivos para empresas menores.

Mercadante tomou posse nesta segunda-feira com as presenças do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do vice-presidente Geraldo Alckmin.

“Não queremos padrão de subsídios como no passado, mas uma taxa de juros mais competitiva para micro, pequenas e médias empresas”, disse Mercadante.

Segundo Mercadante, é preciso uma revisão, “em parceria com o Congresso Nacional”, da Taxa de Longo Prazo do BNDES, a TLP. Na avaliação dele, a TLP “apresenta enorme volatilidade e representa um custo financeiro acima do custo da dívida pública federal, o que penaliza de forma desnecessária as micro, pequenas e médias empresas”.

O presidente do BNDES também afirmou que sua equipe está desenvolvendo projeto para a constituição de um “Eximbank no BNDES” para apoiar operações de pré-embarque e o pós-embarque de exportações brasileiras.

Outras críticas

01/12/2022 REUTERS/Adriano Machado

O ritmo de devolução de recursos do BNDES ao Tesouro foi outro ponto criticado por Mercadante. Segundo ele, o banco devolveu mais de R$ 678 bilhões ao Tesouro desde 2015, incluindo dividendos. Esse valor, afirmou, é 54% maior que as transferências do Tesouro para o BNDES entre 2008 e 2014. “Essa página precisa ser virada.”

“Se quisermos ter futuro, precisaremos de um BNDES mais presente e atuante, e de uma relação de equilíbrio com o Tesouro Nacional”, disse o novo presidente do banco.

Mercadante defendeu participação do BNDES no investimento em infraestrutura do país, como forma de apoio ao recursos aplicados pelo setor privado.

Defendendo uma reindustrialização do país por meio de foco em descarbonização e reciclagem e pesquisa aplicada, Mercadante disse que a participação da indústria nos desembolsos do BNDES caiu para 16% em 2021 ante 56% em 2006. “Vamos colocar a indústria no topo das ações estratégicas do BNDES”, disse ele, sem dar detalhes.

Novas tecnologias

Na frente de novas tecnologias, Mercadante disse que o BNDES vai gerir os recursos do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust) “para implantar a inclusão digital nas escolas públicas do Brasil”, uma meta que vem sendo repetida ao longo dos últimos anos por vários governos.

O novo presidente do BNDES afirmou ainda que o banco vai criar uma Comissão de Estudos Estratégicos, que será coordenada pelo economista André Lara Resende e que terá objetivo de debater com especialistas políticas de desenvolvimento para o Brasil.

BNDES como indutor do desenvolvimento

Lula aproveitou a posse de Mercadante na presidência do BNDES para destacar a necessidade do banco voltar a ser um banco indutor do desenvolvimento do Brasil.

“Este país tem que ser reconstruído e a gente não pode demorar… por isso que eu acho que o BNDES precisa urgentemente, companheiro Aloizio… que você faça este banco voltar a ser o banco indutor do desenvolvimento, do crescimento deste país”, disse Lula em seu discurso.

Lula rebateu o que chamou de mentiras que foram divulgadas sobre o banco nos últimos anos, defendendo os projetos de financiamento de obras em outros países e argumentou que nações que ainda não pagaram suas dívidas com o banco de fomento certamente pagarão, sem detalhar como espera que isso aconteça.

O presidente disse que o banco não pode emprestar para quem não tem condições de pagar, mas se Estados e municípios tiverem possibilidade de endividamento para financiar obras, devem contar com a ajuda do BNDES, assim como do Banco do Brasil, da Caixa Econômica Federal e de outros bancos públicos.

“Na crise de 2008, se não fosse o BNDES esse país tinha afundado”, disse Lula referindo-se à crise econômica global daquele ano.

O presidente criticou ainda a forte redução de desembolsos do BNDES para financiamentos, ao mesmo tempo em que transferiu grandes somas para o Tesouro Nacional, o que também foi apontado por Mercadante.

“Se o BNDES é um banco de desenvolvimento e a gente percebe que quando ele investe, a economia cresce, quando ele não investe a economia não cresce, eu fico me perguntando como é que nós vamos investir em obras de infraestrutura nesse país.”

Abra sua conta! É Grátis

Já comecei o meu cadastro e quero continuar.