O ano de 2021 ficou marcado pela continuidade da pandemia de covid-19 – que se estende até o momento junto de suas variantes –, mesmo após o ciclo vacinal e a retomada gradual da economia. Com isso, o mercado de trabalho precisou continuar se adaptando às condições de sobrevivência impostas pelo vírus, o que fez com que algumas profissões ficassem em alta em meio aos novos hábitos. 

Desse modo, em 2022, de acordo com especialistas consultados pelo InvestNews e o relatório da Robert Half, espera-se que atuais e outras antigas atividades profissionais tenham alta ao longo do ano, em virtude das necessidades do mercado. Confira a seguir.

Quais são as profissões em alta em 2022?

De acordo com o guia de tendências e perspectivas do mercado de trabalho de 2022 da Robert Half, consultoria de recursos humanos, parte dos profissionais que serão mais procurados para vagas de emprego neste ano são: 

1 – Engenharia 

2 – Mercado Financeiro

3 – Recursos Humanos

4 – Tecnologia 

5 – Vendas e Marketing 

14 profissões do futuro para ficar atento 

Conforme também aponta o relatório da consultoria, com o advento da pandemia, o mercado de trabalho se transformou e, neste período, pelo menos 14 profissões se tornaram tendência no mercado de trabalho e devem se manter em alta no longo prazo. Essas profissões fazem parte das áreas de Engenharia, Recursos Humanos, Tecnologia e Vendas e Marketing.

Veja quais são as profissões do futuro, segundo o relatório: 

1 – Engenharia

2 – Recursos Humanos

3 – Tecnologia

4 – Vendas e Marketing

“A transformação digital foi uma máxima do mercado ao longo dos últimos dois anos e as indústrias, de modo geral, abraçaram os processos de inovação e desenvolvimento. Como resultado, todas as profissões tendência para o futuro absorvem o impacto da tecnologia nas relações de trabalho e demandam amadurecimento na análise de dados, facilidade na operação de sistemas e um maior entendimento das ferramentas digitais disponíveis”, comenta no estudo Leonardo Berto, gerente da operação da Robert Half no ABC e Baixada Santista. 

“Tanto para quem está em busca de recolocação quanto para aqueles que vislumbram uma mudança de carreira, a listagem indica um bom termômetro de onde os profissionais podem priorizar seus esforços em qualificação. O mercado de trabalho seguirá batalhando pelos melhores talentos e os profissionais que investirem em educação continuada com certeza terão mais destaque”, finaliza Berto no relatório.      

Maiores transformações no mercado de trabalho durante a pandemia

Para o gerente de operações, “(…) o período de pandemia trouxe várias transformações, adaptações e mudanças ao mercado de trabalho. A mais impactante e significativa talvez tenha sido a possibilidade do trabalho híbrido ou remoto. Isso porque a adoção de tais modelos de trabalho tornou clara a necessidade das empresas de se adaptarem estruturalmente, com a transformação de sua infraestrutura digital, sistemas e toda a aparelhagem de TI e Telecom, além de modernizarem seus modelos de gestão. Com as equipes à distância, os negócios passaram a ser geridos com foco muito maior em indicadores operacionais de produtividade capazes de demonstrar a eficiência de cada departamento, possibilitando uma verdadeira gestão remota.”

No relatório, ele ainda acrescenta que “os novos modelos de trabalho também permitiram um modelo de planejamento e gestão de pessoas mais organizados. A priorização do online demandou do corpo diretivo das empresas e das lideranças, de modo geral, que organizassem melhor o cronograma de reuniões, tratativas, feedbacks, e até mesmo a distribuição e delegação de tarefas, criando pontos de acompanhamento, e permitindo maior autonomia ao colaborador. Tais práticas favorecem a construção de um ciclo maior de confiança e tornam as organizações mais focadas em metas e entregas, permitindo um maior ganho de eficiência e produtividade às empresas.”

Quais áreas ganharam mais destaque na pandemia?

Em entrevista ao InvestNews, Rosana Daniele Marques, consultora da Croma Recursos Humanos, aponta que, para ela, a área que ganhou mais destaque nos dois últimos anos foi a de Recursos Humanos. Ela explica que durante o período de isolamento “a saúde emocional foi um tema muito destacado… que estava na mesa, na pauta do executivo”, portanto, como função dos profissionais desta área, houve uma maior demanda do serviço deles em todo o mercado de trabalho. 

Depois, ela comenta que sentiu que a segunda área com maior necessidade de profissionais foi a de Marketing. A consultora explica que no período pico de pandemia “as empresas tiveram que se posicionar, trabalhar a sua marca… para gerar novos contratos e atrair novos clientes”.  

Por último, Marques ainda acrescenta que viu alta na área de Tecnologia. “Eles foram suporte para tudo”, comenta. 

O que os empregadores têm exigido mais dos futuros contratados? 

Fora as questões de formações, habilidades e experiências, os empregadores têm exigido outras características dos futuros profissionais.

Para Leonardo, “levando em conta que ainda hoje estamos diante de um contexto de pandemia, suscetível a mudança e ao surgimento de novas variantes do vírus, a demanda das empresas em relação aos aspectos comportamentais ainda está muito atrelada à disponibilidade, flexibilidade e capacidade de adaptação dos contratados, aliada a resiliência e a facilidade de adquirir novos conhecimentos. Isso porque as empresas estão sendo obrigadas a tomar decisões em uma nova velocidade muito mais rápida e a se adaptarem a novas demandas e modelos de negócio o tempo todo”.

Na mesma linha, Rosana aponta que “hoje os empregadores estão de olho nos profissionais que têm soft skills desenvolvidas e com aplicabilidade ao negócio. Então, mais uma vez, não [importam] só as habilidades técnicas, [chamadas de] as hard skills…”. Ela ainda acrescenta que é necessário ter uma “capacidade criativa de olhar para um determinado problema e conseguir criar uma solução para lidar com ele”, além da capacidade de ter empatia e fazer uma boa comunicação. 

O que terá mais oferta de emprego e relevância neste ano?

Segundo Berto, conforme a familiarização do modelo de trabalho remoto ou híbrido, é possível “afirmar que as posições ligadas à tecnologia continuarão com uma demanda crescente. Programadores, desenvolvedores, cientistas de dados e todas as profissões ligadas ao universo da gestão e análise de dados continuarão em alta, além daquelas ligadas a um forte desenvolvimento das áreas de logística e supply chain”. 

“Vale destacar também toda a parte de estrutura de compras e abastecimento e, sem dúvida nenhuma, as posições de vendas e desenvolvimento de negócios. Estamos falando aqui de desenvolvimento comercial com foco em novos negócios, novas frentes de atuação, lançamento de produtos, e abertura de unidades de negócios”, acrescenta o gerente.  

Por último, ele ainda explica que “no universo de finanças seguimos falando de uma maior necessidade de planejamento, ou seja, do aumento de áreas estruturadas de planejamento financeiro, captação de recursos e investimentos, bem como do setor de controladoria, que faz a gestão de todos os números dentro dessas áreas”.

Além de que “a retomada dos IPOs, o câmbio e o retorno dos investidores estrangeiros também impulsionam a economia e aceleram as operações de M&A, que estão entre as principais estratégias dos CFOs em 2022. Neste contexto, analistas, associados e vice-presidentes em M&A estarão entre as posições mais demandadas pelo mercado financeiro para o próximo ano”.

Dicas para quem vai começar ou redirecionar a carreira 

“Para quem está começando ou redirecionando a carreira, o primeiro passo é ganhar clareza… de quais são os seus interesses, de quais são as suas habilidades, do que de fato te faz feliz”, comenta a consultora Rosana Daniele. 

Para ela, é importante buscar se entender conseguir traçar um plano. E, a partir daí, começar a buscar especializações, networking e coaching.

“Acho que é um caminho de construção, não vai ter nada pronto. Mas, obviamente, tendo esse olhar consultivo, juntando todas as peças, é possível formar um caminho para seguir”, conclui. 

Expectativa de trabalho

Para este novo ano, se a tendência de queda do número de desocupados permanecer, conforme aponta os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), divulgada em dezembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de aumento da taxa de trabalho pode ser esperada.

No trimestre móvel de agosto a outubro de 2021, a taxa de desocupados no país foi de 12,1%, o que corresponde a uma queda de 1,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior ao período, além de também ter recuado 2,5 pontos percentuais frente ao trimestre móvel correspondente aos mesmos meses em 2020.

Conforme aponta a pesquisa, a população de desocupados do trimestre móvel de agosto a outubro era de 12,9 milhões de pessoas, mas com o aumento das contratações houve uma diminuição de 10,4% deste número frente ao trimestre terminado em julho, além de uma queda de 11,3% ante ao mesmo trimestre móvel em 2020.

Veja também