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As 7 Magníficas perdem força, enquanto mercado acionário muda nos EUA

Poucos investidores previram a mudança, e muitos estão intrigados com o que está por trás dela

Por Karen Langley The wall street Journal
Publicado em
7 min
traduzido do inglês por investnews

O mercado de ações de repente virou de cabeça para baixo.

Os “lanterninhas” cresceram nos últimos dias, enquanto o aparentemente resistente grupo de ações de tecnologia, as “Sete Magníficas”, tropeçou.

Os investidores estão ainda mais focados que o normal nos lucros corporativos, ao mesmo tempo em que tentam antecipar o que vem a seguir.

O índice de ações de baixa capitalização Russell 2000 superou o S&P 500 todos os dias da semana encerrada na quarta-feira (17) pela maior margem de um período semelhante desde 1986, de acordo com a Dow Jones Market Data. O índice Russell 1000 Value, por sua vez, garantiu a maior vantagem sobre sua contraparte de ações de crescimento desde abril de 2001, após o estouro da bolha das pontocom.

Poucos investidores previram a mudança e muitos estão intrigados com o que está por trás dela: alteração nas previsões de cortes nas taxas de juros do Federal Reserve? Expectativas de que Donald Trump retorne à Casa Branca? O negócio de tecnologia ficou supervalorizado?

O anúncio do presidente Biden no domingo de que não buscaria a reeleição aumentou a incerteza e prometeu redirecionar a atenção do mercado para a campanha presidencial.

Agora, os investidores tentam determinar se a reordenação de vencedores e perdedores é uma simples marola em uma era de ascensão tecnológica — ou se uma mudança duradoura está de fato em andamento. 

“É isso que todo mundo está tentando responder”, disse Raheel Siddiqui, estrategista sênior de investimentos da Neuberger Berman.

O índice das empresas com menor capitalização subiu 1,7% na semana passada, ampliando seu avanço de 2024 para 7,8%, enquanto o S&P 500 caiu 2%, reduzindo seus ganhos para 15%.

No ano passado, com o Fed aumentando as taxas para controlar a inflação, os investidores correram para a segurança de empresas de grande porte, apostando que poderiam suportar a incerteza econômica. Algumas dessas mesmas empresas estavam preparadas para capitalizar avanços potencialmente transformadores em inteligência artificial.

Enquanto isso, os traders olhavam com desconfiança para as ações de empresas menores e mais cíclicas, que tendem a ser particularmente vulneráveis a custos de financiamento mais altos e ao risco de que os aumentos das taxas do banco central levassem a economia à recessão.

O processo parecia inevitável. Então, em 11 de julho, um relatório de inflação surpreendentemente pouco animador pareceu mudar tudo. Os investidores há muito esperavam que o Fed começasse a reduzir as taxas, mas os dados os deixaram quase certos de que esses cortes começariam em setembro. Acreditando que o corte dos juros se aproximava, os investidores decidiram reduzir sua aposta em tecnologia e migrar para partes do mercado que provavelmente se recuperarão quando os cortes nas taxas reduzirem os custos de empréstimos e impulsionarem a economia.

“Quem se beneficia com a queda dos juros? A resposta seria: aqueles que mais sofreram quando as taxas subiram, ou seja, basicamente os atores mais fracos”, explicou Siddiqui.

Quando o Fed iniciou sua campanha de aumento de juros em março de 2022, o rendimento do índice de referência, o título de 10 anos do Tesouro americano, que influencia os custos de empréstimos em toda a economia, ficou em torno de 2,2%. Nos meses seguintes, o Fed aumentou as taxas e o rendimento subiu. Em outubro de 2023, superou 5% pela primeira vez em 16 anos. Os rendimentos caíram quando os investidores começaram a antecipar cortes nas taxas, mas subiram em 2024, pois a inflação permaneceu teimosamente persistente. O rendimento do título de 10 anos terminou na sexta-feira (19) em 4,238%.

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Outra força em ação nos mercados: expectativas crescentes de que Trump retornará à Casa Branca após a eleição de novembro, potencialmente aumentando as chances de cortes de impostos e regulamentação mais suave.

Para que a rotação da liderança de mercado persista, muitos acreditam que os resultados e previsões de empresas individuais precisarão reforçar a visão de que negócios menores e mais cíclicos estão prontos para um bom desempenho.

Os investidores procurarão pistas esta semana nos relatórios trimestrais da Alphabet, controladora do Google, e da fabricante de veículos elétricos Tesla, juntamente com quase 300 empresas do Russell 2000. A semana seguinte trará indícios adicionais sobre as Big Techs, quando a Microsoft, a Meta Platforms, a Apple e a Amazon.com compartilharem seus resultados.

Não é apenas a empolgação que impulsionou as ações de tecnologia. As empresas desfrutam de posições dominantes em grandes mercados e operam em uma escala que as isola das flutuações econômicas. 

Juntas, as Sete Magníficas — Alphabet, Amazon, Apple, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla — relataram um aumento de 52% nos lucros no primeiro trimestre deste ano, em comparação com um declínio de 8,7% das 493 empresas restantes no S&P 500, de acordo com Ryan Grabinski, estrategista de investimentos da Strategas. Analistas esperam que esse grupo reporte um salto de 28% nos lucros do segundo trimestre, enquanto os lucros das outras ações do S&P 500 caem 1%.

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As empresas do Russell 2000, por sua vez, devem relatar um aumento de quase 18% nos lucros do segundo trimestre, interrompendo uma sequência de cinco trimestres de quedas ano a ano, de acordo com dados do LSEG I/B/E/S. Entre as empresas de pequena capitalização que divulgam seu relatório esta semana estão a produtora de ovos Cal-Maine Foods e a fabricante de impressoras Xerox.

“O crescimento dos lucros será um fator crucial para determinar se essa tendência continuará — o crescimento dos lucros de nomes menores e o crescimento dos lucros das empresas de tecnologia de grande capitalização”, disse Sumali Sanyal, gerente sênior de portfólio de ações globais sistemáticas da Xponance.

As empresas menores tendem a ser mais vulneráveis que as grandes às altas taxas de juros. Trinta por cento da dívida do Russell 2000 é de taxa flutuante, em comparação com 6% do S&P 500, de acordo com uma pesquisa do Goldman Sachs do início deste ano. Historicamente, as empresas não lucrativas constituem uma grande parte do Russell 2000.

Esses fatores contribuíram para a falta de entusiasmo dos investidores pelo grupo, já que o Fed manteve as taxas altas: o Russell 2000 subiu apenas 1% nos primeiros seis meses do ano. 

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As maiores ações impulsionaram o crescimento do S&P 500. No primeiro semestre do ano, apenas uma empresa — a fabricante de chips Nvidia, uma queridinha do setor de IA — contribuiu com 30% do retorno total de 15% do S&P 500, incluindo dividendos, de acordo com a S&P Dow Jones Indices. Adicione Microsoft, Amazon, Meta Platforms, Alphabet e Apple, e você terá bem mais da metade do retorno do índice.

O pequeno número de ações que impulsionam o S&P 500 preocupa os investidores, fazendo-os questionar a sustentabilidade do crescimento.

“É uma situação realmente arriscada e é bom ver essa ampliação”, afirmou Nancy Curtin, diretora de investimentos da AlTi Tiedemann Global. “Isso cria um mercado mais saudável, mais estável, e dá mais força ao mercado em alta.”

Escreva para Karen Langley em [email protected]

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