O Ibovespa, principal índice da B3, fechou em queda de 1,18% aos 100.050 pontos nesta terça-feira (8). Este foi o pior fechamento desde que o mês de setembro começou, onde o índice já acumula 0,69% de alta. Após o feriado prolongado, a bolsa de valores sentiu os impactos do cenário externo e do ajuste nos preços do petróleo.
Em mais um episódio do impasse geopolítico entre China e Estados Unidos, o presidente norte-americano, Donald Trump afirmou que deve desvincular economicamente as nações e que o movimento não deve gerar muito prejuízo. A declaração reforçou o sentimento de cautela entre os investidores.
Além das declarações de Trump, a pressão em Wall Street ocorreu graças as perdas dos papéis de tecnologia, que realizaram lucros após altas recentes. Com isso, os índices americanos recuaram. Dow Jones, Nasdaq e S&P 500 fecharam em queda de 2,25%, 4,11% e 2,78%, respectivamente.
O dólar reduziu sua valorização frente ao real acompanhando o cenário externo. O dólar comercial fechou em alta de 1,095%, cotado a R$ 5,366. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,405.
O mercado internacional teve um forte impacto nos ativos brasileiros. Com a agenda local esvaziada, o real foi a moeda com pior desempenho ante o dólar em uma cesta de 34 moedas, segundo operadores, ainda refletindo o risco de descontrole fiscal do Brasil.
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No cenário interno, as ações da Petrobras recuaram seguindo o forte ajuste nas cotações do petróleo, de menos de US$ 40 por barril. O barril WTI caiu 7,57% enquanto o Brent recuou 5,31%. As ações preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em queda de 2,88%, enquanto as ordinárias tiveram baixa de 3,47%.
Entre as ações mais negociadas do dia também recuaram as varejistas. Os papéis da Via Varejo (VVAR3) e Magazine Luiza (MGLU3) desvalorizaram 3,97% e 1,22% respectivamente, com o ajuste das ações de tecnologia na Nasdaq.
Destaques da Bolsa
O destaque positivo do dia foi da Azul (AZUL4) que disparou 6,79%, após vários pregões em queda. Seguida da Localiza (RENT3) e Iguatemi (IGTA3) que avançaram 5,87% e 4,55%, respectivamente. Tanto Azul como Iguatemi são papéis que sofreram queda expressiva no ano e só agora apresentam recuperação. No caso da Localiza, a companhia aprovou o pagamento de juros sobre capital próprio de R$ 66,953 milhões. O pagamento destes valores foi antecipado para o dia 15 de setembro de 2020.
Entre as maiores quedas do dia estavam os papéis da PetroRio (PRIO3) que fecharam em baixa de 6,08% na sua estreia, nesta terça-feira (8). Além das ações ordinárias da Petrobras (PETR3) que recuaram 3,47% seguindo o reajuste do barril de petróleo. Ainda entre os destaques negativos estava a Via Varejo (VVAR3), segunda maior perda da sessão, que desvalorizou 3,97% seguindo as bolsas americanas.
No campo corporativo, o destaque é assembleia geral da Oi, que ocorre nesta terça-feira desde as 11h. Em novo plano de recuperação judicial, a companhia adiou o processo até 2022. E incluiu proposta conjunta da Claro, Tim e Vivo para a aquisição da sua operação de telefonia móvel, conhecida como stalking horse, com direito de cobertura de outras ofertas.
Na Assembleia Geral de Credores, a Oi afirmou que o preço da Unidade Móvel será de R$ 16,5 bilhões, entre estes já acrescidos R$ 819 milhões de contratos de transmissão na modalidade take or pay. Ainda dentro do valor estão inclusos, R$ 756 milhões pelos serviços prestados no período de transição, de até 12 meses, do grupo Oi às ofertantes.
A Oi também pediu que seja feito um leilão reverso dividido em dois turnos por causa da desalavancagem. O primeiro leilão que ocorre em até 24 meses seria destinado a credores de títulos com maturidade. Já o segundo ocorreria após este período.
Durante a assembleia, os bancos Caixa Econômica Federal, Itaú Unibanco e Banco do Brasil defenderam a suspensão parcial da reunião por até 30 dias para rediscutir o adiamento da recuperação judicial. Os bancos se mostraram frustrados com o desconto de 60% nos créditos da companhia.
No entanto, a reunião retomou por volta das 17h, enquanto era aguardado que Rodrigo Abreu, presidente da companhia negociasse com os credores.
Os papéis da companhia (OIBR3;OIBR4) fecharam em alta de 1,09% e 5,96%, respectivamente.
Bolsas americanas
As bolsas de Nova York registraram baixas nesta terça-feira (8) piorando na parte da tarde. Novamente, ações de tecnologia lideraram as perdas, com realização de lucros após altas recentes, mas também houve certa cautela entre investidores, com as tensões entre Estados Unidos e China, a falta de acordo por novos estímulos fiscais em Washington e os impactos da covid-19 no radar.
O índice Dow Jones fechou em queda de 2,25%, em 27.500,89 pontos, o S&P 500 recuou 2,78%, a 3.331,84 pontos, e o Nasdaq caiu 4,11%, a 10.847,69 pontos.
O recuo foi o terceiro consecutivo das bolsas, após dias atrás o S&P 500 e o Nasdaq terem atingido recordes históricos de fechamento.
Agora, a correção é puxada pelo motor dos ganhos recentes, as chamadas giant techs, companhias que tiveram ganhos fortes nos últimos meses, diante de balanços positivos e da avaliação de que elas se saem bem neste contexto de pandemia e restrições à circulação.
O movimento agora é de ajustes nestes papéis, com os setores de tecnologia e serviços de comunicação entre as maiores baixas, especialmente o primeiro. Apple subiu 6,73%, Amazon caiu 4,39%, Alphabet registrou baixa de 5,41%, Microsoft perdeu 5,41% e Facebook, 4,09%. Nesse contexto, o Nasdaq recuou cerca de 10% em três sessões.
A Oxford Economics afirma em relatório que há espaço para mais baixas nas ações dessas companhias, diante de suas valorizações elevadas e de questões como incertezas regulatórias. Para a consultoria, a volatilidade do setor de tecnologia pode pesar de modo mais disseminado nas bolsas.
Outros papéis importantes também caíram, com Boeing em baixa de 5,83%. Entre os bancos, Goldman Sachs recuou 4,01% e JPMorgan, 3,48%. Diante da queda forte do petróleo, o setor energético também foi penalizado, com ExxonMobil fechando em baixa de 2,30% e Chevron, 3,61%.
O impasse por mais estímulos fiscais nos EUA seguia no radar, com troca de acusações entre governo e oposição. Além disso, o presidente americano, Donald Trump, renovou tensões ao falar nesta semana em “desacoplamento” da economia dos EUA com a China.
*Com informações da Agência Estado