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Economia

Ibovespa tem maior queda desde abril, puxado por Petrobras; dólar sobe

Acontecimentos voltam a elevar o prêmio de risco do Brasil e podem impactar a percepção do país no exterior.

B3 Bolsa Ibovespa
Crédito: Shutterstock

O principal índice da bolsa de valores brasileira, o Ibovespa, teve o seu pior desempenho desde abril de 2020, por causa do risco político e com o mercado repercutindo as últimas notícias sobre a Petrobras. Já o dólar teve um dia de forte valorização em relação ao real.

O Ibovespa fechou em queda 4,87%, aos 112.667 pontos, depois de chegar na casa dos 111 mil pontos no pior momento do dia. Este foi o menor patamar de fechamento do índice da B3 desde 3 de dezembro de 2020 (112.291,59 pontos). E também a maior queda percentual diária desde abril do ano passado.

Já o dólar fechou em alta de 1,27%, cotado a R$ 5,4539, após chegar a R$ 5,5337 na máxima do dia. Após o leilão extra em contratos de swap cambial, que vendeu US$ 1 bilhão, a moeda americana desacelerou os ganhos e se afastou das máximas. Mas o risco do governo intervir em outras companhias e setores ainda preocupa o mercado financeiro.

Além do mercado de câmbio da bolsa, os receios dos investidores sobre a interferência política em estatais afetam também a curva de juros futuros e o risco país nesta segunda-feira (22).

O Morgan Stanley removeu a recomendação “like” sobre os títulos soberanos do Brasil nesta segunda-feira, citando preocupações fiscais e potenciais repercussões da troca no comando da Petrobras. O banco apontou que a recomendação positiva que deu no passado sobre a dívida soberana do Brasil dependia de o governo tratar das preocupações fiscais por meio de reformas.

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Destaques da bolsa

Os piores desempenhos do pregão ficaram por conta das estatais, com receio sobre intervenções futuras do governo em outras companhias.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) fecharam em baixa de 20,48% e 21,51%, respectivamente. A companhia perdeu R$ 72,6 bilhões em valor de mercado, com investidores enxergando aumento relevante do risco político

Outro tombo foi do Banco do Brasil (BBAS3), que recuou 11,65%, após rumores de que o presidente do banco está na lista dos amputáveis do governo.

Os papéis da Eletrobras (ELET3 e ELET6) também sofreram impactos e abriram em queda de mais de 9%, após Bolsonaro dizer, no final de semana, que depois das mudanças na Petrobras também iria “meter o dedo na energia elétrica”. Mas as ações amenizaram as perdas e fecharam o dia com baixa de 0,69% e 0,17%, respectivamente. Aparentemente para acalmar o mercado, o governo acenou para um projeto “pouco viável” de privatização da Eletrobras, no qual apenas dilui a participação da União mas continua como controlador.

No lado oposto do Ibovespa, os destaques positivos foram das Lojas Americanas (LAME4) que liderou os ganhos com salto de 19,88%. A notícia de que a companhia estuda uma combinação de suas operações com a B2W (BTOW3) foi bem recebida pelo mercado. O Banco Citi manteve sua recomendação de compra para as ações da companhia, com preço-alvo de R$ 33,92.

A Embraer (EMBR3) subiu 7,40%, após confirmar em comunicado que está discutindo a venda de aeronaves para a companhia alemã Lufthansa. Já a Cielo (CIEL3) avançou 4,76%, com notícia publicada pelo “O Globo” de que os controladores Bradesco e Banco do Brasil estariam concluindo estudo para fechar o capital da companhia. A informação foi negada pelos bancos.

Boletim Focus

O mercado voltou a elevar as projeções de inflação e taxa básica de juros no Brasil em 2021, passando a ver a alta dos preços acima do centro da meta oficial. Os dados são da pesquisa Focus, divulgada pelo BC nesta segunda.

Os especialistas agora preveem a Selic a 4% ao final de 2021. Para 2022 mantiveram a expectativa de juros a 5%. A taxa Selic está atualmente na mínima recorde de 2%, patamar que deve ser mantido na reunião de março do Banco Central, segundo o levantamento.

Já o cenário para a inflação subiu pela sétima vez seguida e a alta do IPCA agora é calculada a 3,82% ao final deste ano. Para 2022, a projeção é de 3,49%. O Produto Interno Bruto (PIB) teve queda na projeção de crescimento em 2021, de 3,43% para 3,29%. Enquanto o câmbio para 2021 avançou para R$ 5,05.

Bolsas globais

Os índices S&P 500 e Nasdaq fecharam em baixa nesta segunda-feira, com a elevação dos yields dos Treasuries e perspectivas de aumento da inflação gerando preocupações em torno dos preços das ações, o que golpeou papéis de empresas de alto crescimento.

O índice Dow Jones terminou em alta, impulsionado por uma valorização nas ações da Walt Disney Co.

  • Dow Jones teve variação positiva de 0,09%, para 31.523,4 pontos
  • S&P 500 perdeu 0,77%, para 3.876,51 pontos
  • Nasdaq recuou 2,46%, para 13.533,05 pontos.

As ações europeias reduziram as perdas iniciais com declarações do banco central local diminuindo os rendimentos do Tesouro, embora as projeções de inflação mais elevada e de realização de lucros em ações de tecnologia tenham pressionado o índice de referência para baixo. O índice pan-europeu Stoxx 600 encerrou o pregão em queda de 0,44%, a 413,06 pontos.

  • Em LONDRES, o índice Financial Times recuou 0,18%, a 6.612,24 pontos.
  • Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,31%, a 13.950,04 pontos.
  • Em PARIS, o índice CAC-40 perdeu 0,11%, a 5.767,44 pontos.
  • Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve desvalorização de 0,55%, a 23.009,18 pontos.
  • Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,48%, a 8.112,20 pontos.
  • Em LISBOA, o índice PSI20 desvalorizou-se 0,91%, a 4.774,28 pontos.

Na Ásia, o índice de blue-chips (ações mais negociadas) da China registrou a maior queda diária em quase sete meses nesta segunda-feira, depois de tocar máximas recordes na semana passada, com os investidores preocupados com as altas valorizações das ações e o risco de aperto da política monetária.

  • Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,46%, a 30.156 pontos.
  • Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,06%, a 30.319 pontos.
  • Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 1,45%, a 3.642 pontos.
  • O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 3,14%, a 5.597 pontos.
  • Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,90%, a 3.079 pontos.
  • Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,42%, a 16.410 pontos.
  • Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,02%, a 2.881 pontos.
  • Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 0,19%, a 6.780 pontos.

*Com Reuters e Estadão Conteúdo

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