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Finanças

Bolsa fecha em alta de 2,16% na espera de resultados da eleição americana

Este foi o maior patamar do índice desde o dia 8 de outubro; entre Trump e Biden o mercado escolhe a previsibilidade

bolsa de valores

Dia de eleição nos Estados Unidos e os mercados reagiram com altas expressivas durante os pregões. A crença de uma ‘onda azul’ com a vitória de Joe Biden na presidência e os democratas no Senado parecem animar os mercados. E o Brasil pegou carona no otimismo global, o Ibovespa fechou em alta de 2,16% aos 95.979 pontos nesta terça-feira (3). Esta foi a maior alta do índice desde o dia 8 de outubro, quando subiu 2,51%.

Os investidores estão livre de culpa e esperando a vitória de qualquer candidato. Embora o mercado prefira Trump, os investidores começam a enxergar que Biden não é uma opção tão ruim assim. “O mercado precisa e gosta de dinheiro injetado na economia e Biden já garantiu que ele liberaria um pacote de estímulos maior”, afirma Murilo Breder, analista da Easynvest.

Com este benefício setores como infraestrutura seriam favorecidos com a vitória do Biden. E entre estes algumas companhias brasileiras como a Gerdau, com 40% das suas receitas na América do Norte.

“Mais do que a escolha de Trump ou Biden o mercado gosta de previsibilidade”, reforça Breder. Desta forma o mercado começa a aceitar a vitória do candidato democrata.

Se Biden ganhar será mais fácil a aprovação de um grande pacote de estímulos. Mas se a vitória for de Donald Trump os EUA podem esperar menos impostos para as empresas, menos lockdown e menos regulação.

As bolsas americanas também fecharam em alta na espera dos resultados. Dow Jones saltou 2,06%, o S&P 500 subiu 1,73% e Nasdaq fechou em alta de 1,85%.

Na Europa foi um dia de altas expressivas, de olho nas eleições americanas as bolsas recuperaram as perdas de dias anteriores, fruto do avanço dos casos de coronavírus e o lockdown em França e Alemanha. Todas as bolsas europeias fecharam acima de 2% hoje. A maior alta foi da bolsa de Milão que subiu 3,19%, a 18.986,24 pontos.

O Brasil também repercutiu esse otimismo global, especialmente com a esperança de que o investidor estrangeiro olhe para os países emergentes.

No cenário político olhares atentos a uma possível vitória de Biden e como ficam as coisas para Bolsonaro, conhecido por ser um leal aliado de Trump, especialmente em assuntos polêmicos como a pauta ambiental.

Já o vice-presidente Hamilton Mourão garantiu que independente do resultado das eleições nada mudará em relação a política ambiental brasileira. Além de reforçar que “qualquer um que ganhar, existirão problemas”.

O dólar se valorizou frente ao real, ficando cada vez mais próximo dos R$ 5,80. O dólar comercial fechou em alta de 0,42%, cotado a R$ 5,762. Na máxima do dia, a moeda americana chegou a R$ 5,763.

O dólar recuou perante a maioria das outras moedas nesta terça, em dia marcado pelas expectativas para a eleição presidencial nos Estados Unidos. Uma esperada vitória de Joe Biden favoreceu a busca por ativos de mais risco, enfraquecendo o dólar. A libra teve importante valorização, embora ainda com dúvidas sobre as negociações do Brexit. O euro se fortaleceu, mas de forma contida, com a Europa observando o avanço da covid-19.

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Destaques da Bolsa

O destaque positivo do dia foi para o setor de siderurgia: CSN (CSNA3) disparou 9,01%. Seguida de Gerdau (GGBR4) e Usiminas (USIM5) que valorizaram 6,28% e 6,24%, respectivamente. Favoreceu estas companhias a notícia do reajuste no preço do aço, que deve ter alta entre 4,5% e 10%, este é o terceiro mês consecutivo de reajustes.

Entre os destaques negativos recuaram: CVC (CVCB3) com queda de 3,26%, Br Malls (BRML3) caiu 2,94% e SulAmérica (SULA11) desvalorizou 2,50%.

Ainda no mercado corporativo as ações do IRB Brasil (IRBR3) avançaram 4,2%. Antecipando o resultado trimestral que sai hoje à noite após o fechamento. Repercutiu também a notícia de uma nova emissão de debêntures pela companhia.

Outra que subiu foi a Ânima (ANIM3) com alta de 8,6%. A companhia oficializou a compra dos ativos da Laureate no Brasil por R$ 4,4 bilhões e deve vender a marca FMU para o fundo Farallon.

O contrato foi assinado após acordo com a Ser Educacional (SEER3) que também estava na disputa.

Boletim Focus

Os economistas do mercado financeiro alteraram a previsão para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – o índice oficial de preços – em 2020 e 2021. O Relatório de Mercado Focus, divulgado nesta terça-feira (3), pelo Banco Central (BC), mostra que a mediana para o IPCA neste ano foi de alta de 2,99% para 3,02%. Há um mês, estava em 2,12%. A projeção para o índice em 2021 foi de 3,10% para 3,11%. Quatro semanas atrás, estava em 3,00%.

  • Produto Interno Bruto (PIB): expectativa para a economia este ano permaneceu em retração de 4,81%;
  • Selic: a mediana das previsões para a taxa básica da economia neste ano seguiu em 2,00% ao ano;
  • Dólar: a expectativa para o câmbio no fim do ano foi de R$ 5,40 para R$ 5,45, ante R$ 5,25 de um mês atrás.

Bolsas americanas

Em dia de eleição nos Estados Unidos, as bolsas de Nova York fecharam o pregão em alta, dando sequência aos ganhos registrados na segunda-feira, com as apostas do mercado em uma vitória de Joe Biden sobre o presidente Donald Trump. Na avaliação de analistas, um governo democrata pressionaria por mais estímulos fiscais do que uma administração republicana, o que aceleraria a recuperação econômica da crise gerada pela pandemia de covid-19. Entretanto, de acordo com casas de análise, os investidores também devem se preparar para volatilidade e possível contestação judicial do pleito.

O índice Dow Jones subiu 2,06%, a 27.480,03 pontos, o S&P 500 avançou 1,73%, a 3.369,16 pontos, e o Nasdaq registrou alta de 1,85%, a 11.160,57 pontos.

“Parece que os mercados estão precificando probabilidades sólidas de uma onda azul hoje, o que implica estímulo fiscal e emissão de dívida em 2021 significativos”, dizem analistas do Brown Brothers Harriman, um banco de investimentos americano, em referência ao cenário em que os democratas estariam no controle da Casa Branca, da Câmara dos Representantes e do Senado.

Para analistas do BMO Capital Markets, os participantes do mercado “parecem concordar que o otimismo desta semana pode ser atribuído à eleição”. Eles ponderam, entretanto, que esse movimento de apetite por risco pode ter várias interpretações. A mais citada, de acordo com o BMO, é que a liderança de Biden nas pesquisas elimina parte da incerteza pós-eleitoral ao diminuir as chances de uma batalha judicial em torno do resultado.

“O mercado de ações está se recuperando como um louco porque a mudança está chegando e os investidores que apostam na vitória de Biden acreditam que a mudança é boa”, afirma o economista-chefe do MUFG Union Bank, Chris Hupkey. Ele, porém, alerta para o aumento de impostos corporativos e também da dívida pública que viria com um governo democrata.

O BBH, por sua vez, diz que os investidores não devem “se deixar levar por uma sensação de complacência” e, ao invés disso, se preparar para um cenário de volatilidade. Caso a vitória de Biden se confirme, os analistas do banco acham que ainda há espaço para mais ganhos no mercado acionário, já que alguns ainda apostam em um triunfo surpresa de Trump.

Na seara dos indicadores econômicos, as encomendas à indústria dos EUA avançaram 1,1% em setembro na comparação com agosto, acima do previsto.

Dentre os setores do S&P 500, o industrial (+2,91%) e o financeiro (+2,22%) lideraram os ganhos na sessão desta terça. As ações do Goldman Sachs subiram 4,06%, as do JPMorgan avançaram 3,15% e as do Morgan Stanely ganharam 3,65%. Apple, por sua vez, registrou alta de 1,56% e Amazon, de 1,46%.

Bolsas na Europa

As bolsas da Europa fecharam com fortes altas nesta terça-feira (3), apoiadas por expectativas positivas quanto à vitória do candidato democrata, Joe Biden, nas eleições dos Estados Unidos. A chegada de Biden ao poder é vista como um indicativo de que é possível a aprovação de um novo pacote fiscal no país. O setor aéreo, frequentemente apontado como beneficiário de auxílios, teve importantes avanços. Por outro lado, a região observa os desdobramentos da covid-19.

O índice pan-europeu Stoxx 600 registrou alta de 2,34%, a 356,01 pontos.

“Os mercados parecem ter maior convicção agora de uma vitória de Biden e uma onda azul”, aponta o BBH, sinalizando que a vitória do democrata dissolve uma incerteza que vem pairando sobre os mercados. A chamada “onda azul” democrata tem o potencial de levar o partido a uma maioria no Senado, para o qual também há eleição nesta terça, facilitando assim a aprovação de maiores estímulos fiscais.

O BBH lembra que após a eleição, “fica incerto o impacto do número crescente de casos de vírus e o impacto na atividade econômica global”. As principais medidas de restrição foram adotadas na Europa durante a última semana, em quase todos os casos visando ter um cenário positivo para o Natal, no entanto, líderes deixaram em aberto a possibilidade da renovação de restrições em caso de contínuo aumento de casos.

Outra ameaça, o terrorismo, ganhou atenção após os ataques de na segunda-feira em Viena. O Reino Unido elevou seu estado de alerta para “severo”. A Itália propôs um Patriot Act, inspirado no modelo americano, para a União Europeia, visando lidar com as ameaças, as maiores ao continente em meses.

O setor aéreo, que nos EUA já chegou a ser mencionado como potencial receptor de auxílios mesmo na ausência de um novo pacote fiscal, foi responsável por algumas das principais altas na Europa. Lufthansa (+5,49%), IAG (+3,57%), que controla Iberia e British Airways, Easyjet (+3,79%), AirFrance-KLM (+6,44%) impulsionaram as bolsas em Frankfurt, Londres e Paris.

Outro setor com alta em virtude do otimismo com a economia global foi o de petróleo, com a commodity avançando perto dos 3% em Londres e Nova York. As ações de petrolíferas no continente seguiram a tendência, e BP (2,31%), Royal Dutch Shell (1,24%) em Londres, Total (2,42%), em Paris, Repsol (2,64%), em Madri, Eni (2,39%), em Milão, tiveram altas relevantes.

Lisboa teve o avanço mais contido dentre as principais bolsas europeias, com alta de 0,76% do PSI 20, a 4.049,65 pontos. Dentre as quedas, destaque para a varejista Jerônimo Martins, com baixa de 1,01%, em meio a notícias sobre o pagamento, ou não, de dividendos pela companhia.

Entre os balanços, nesta terça a Ferrari divulgou seus resultados, e fechou o dia com alta de 7,06%. O avanço ajudou a impulsionar o FTSE MIB em Milão, que subiu 3,19%, a 18.986,24 pontos.

Em Frankfurt, a Bayer apresentou resultados, e suas ações fecharam em baixa de 0,81%. Na bolsa local, o DAX teve alta de 2,55%, a 12.088,98 pontos, terminando na máxima do dia.

Na Espanha, onde há intenso debate sobre novas medidas de restrição, o IBEX 35 em Madri fechou em alta de 2,52%, a 6.751,60 pontos. Em Paris, o CAC 40 teve alta de 2,44%, a 4.805,61 pontos.

Em Londres, a forte valorização da libra, que torna os produtos britânicos mais caros para potenciais importadores, limitou os ganhos do FTSE, que teve alta de 2,33%, a 5.786,77 pontos.

*Com Estadão Conteúdo

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