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Finanças

Bolsa fecha em alta de 2,95%, com mercados precificando onda azul; dólar cai

Mercado enxerga em Biden a possibilidade de ter menos brigas com a China, relação comercial multilateral e generosidade no pacote de estímulos

bolsa de valores

Enquanto o resultado das eleições americanas não sai, o Ibovespa recupera os 100 mil pontos em um dia de rali das bolsas globais acompanhando a onda azul. Os mercados já precificaram a vitória de Biden e aguardam também que os democratas conquistem o Senado.

O Ibovespa fechou em alta de 2,95% aos 100.750 pontos nesta quinta-feira (5).

As bolsas a nível global tiveram alta expressiva hoje. A ideia de Joe Biden na presidência dos Estados Unidos parece confortável ao mercado, o candidato não tem disputas acirradas com a China, age de forma multilateral nas relações comerciais e representa uma figura generosa quando o assunto é pacote fiscal. Embora muitos especialistas defendam que Biden na presidência e o Senado com maioria republicana seria uma combinação mais adequada.

Apesar de ainda existirem brechas para judicialização do resultado das eleições americanas, Trump já acumula suas primeiras derrotas em Michigan e Geórgia quando a justiça negou o pedido dele de interromper a apuração dos votos.

As bolsas americanas fecharam em alta: Dow Jones subiu 1,95%, S&P 500 valorizou 1,95% e Nasdaq avançou 2,59%.

Ainda nos EUA, o Federal Reserve (Fed) divulgou nesta quinta-feira (5) a decisão de manter as taxas de juros no patamar de 0% a 0,25%, considerando que a economia americana pode enfrentar novos desafios na sua recuperação.

Segundo Murilo Breder, analista da Easynvest, as big techs seguem puxando as bolsas americanas para cima. “O rali do setor de tecnologia começou com a baixa probabilidade dos democratas dominarem o Senado, tornando improvável a aprovação de pautas como aumento de impostos e divisão das big techs para aumentar a concorrência”, afirma.

Na Europa todas as bolsas também fecharam em alta, os maiores ganhos foram em Madri, onde o índice avançou 2,10% a 6.924,20 pontos.

No Brasil, o índice acompanhou o otimismo com a onda azul, o Ibovespa se sustentou nos ganhos da Petrobras e Bancos. Apenas quatro ações encerraram o dia no vermelho.

As ações da Petrobras (PETR4;PETR3) valorizaram 0,86% e 0,50% respectivamente. E foram na contramão dos preços do petróleo.

O barril Brent para dezembro recuou 1,29%, cotado a US$ 40,70. Enquanto o barril WTI para o mesmo mês teve queda de 1,61%, cotado a US$ 38,52 o barril.

Os bancos fecharam em alta: Itaú (ITUB4) subiu 2,36%, Bradesco (BBDC4) avançou 1,55% e Santander (SANB11) valorizou 2,18%.

O Banco do Brasil (BBAS3) fechou em alta de 1,22%, após ganhar destaque com o seu balanço no terceiro trimestre. Segundo Breder, o resultado foi regular e veio abaixo das expectativas do mercado em termos de lucro líquido e ROE. O lucro líquido ajustado do banco foi de R$ 3,482 bilhões, uma queda de 23,3% em relação ao mesmo período em 2019.

E o ROE foi de 12% no trimestre, queda de 6% na comparação anual. “As ações BBAS3 valorizaram apesar do resultado, seguindo o bom humor do mercado”, afirma o analista.

O dólar comercial fechou em baixa de 1,91%, cotado a R$ 5,545. Na máxima do dia a moeda americana chegou a R$ 5,629.

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Destaques da bolsa

A maior alta do dia foi da Ultrapar (UGPA3) que disparou 15,09%, seguida da Cosan (CSAN3) que valorizou 10,12%.

As ações da Ultrapar (UGPA3) subiram com força após a divulgação dos resultados da companhia para o terceiro trimestre. A Ultrapar teve lucro líquido de R$ 277,3 milhões, queda de 9,7% em relação ao mesmo período em 2019. Contudo, o BB Investimentos considerou o resultado como positivo, segundo relatório divulgado nesta quinta-feira (5), com destaque aos volumes de vendas no Ipiranga, margem ebitda e boa performance de Ultracargo e Oxiteno.

Também foi um dia bom para as companhias aéreas. Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) subiram 9,89% e 9,50%, respectivamente.

No lado oposto do Ibovespa, apenas quatro companhias fecharam no vermelho, três destas acompanharam a desvalorização do dólar frente ao real. CSN (CSNA3) caiu 2,15% e Cogna (COGN3) recuou 1,79%. E as exportadoras Suzano (SUZB3) e Klabin (KLBN11) fecharam em queda de 0,64% e 0,50%, respectivamente.

Bolsas americanas

Os mercados acionários de Nova York fecharam com ganhos, ainda apoiados pelo quadro político em Washington que se desenha após a eleição desta semana nos Estados Unidos. Além disso, à tarde os índices renovaram máximas, em meio a declarações do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), que reafirmou o compromisso em usar a política monetária para apoiar a atividade no país.

O índice Dow Jones fechou em alta de 1,95%, em 28.390,24 pontos, o S&P 500 subiu também 1,95%, a 3.510,45 pontos, e o Nasdaq avançou 2,59%, a 11.890,93 pontos.

A grande possibilidade de um cenário de poder dividido entre democratas e republicanos na Casa Branca e no Congresso nos EUA agradou investidores, já que isso pode atrapalhar ou mesmo impossibilitar planos dos democratas de impor mais regulações e elevar impostos corporativos.

O ex-vice-presidente Joe Biden aparecia à frente na apuração, mas não estava claro se venceria o atual presidente, Donald Trump, em disputa apertada em vários Estados cruciais.

Entre os destaques desta quinta-feira, estiveram ações dos setores de tecnologia e serviços de comunicação, que podem se beneficiar diretamente do quadro político. Apple subiu 3,55%, Microsoft avançou 3,19% e Facebook, 2,54%.

Além disso, o Fed manteve a política monetária, como esperado, e disse que seguirá com suas compras de bônus e outros instrumentos para apoiar o quadro.

O presidente do banco central americano, Jerome Powell, disse que foram discutidos eventuais ajustes no programa de relaxamento quantitativo (QE, na sigla em inglês) e comentou que deve ser necessário mais apoio monetário e fiscal para os EUA, no quadro ainda de problemas causados pela pandemia da covid-19 e sem um fim claro para a crise de saúde à vista.

A Capital Economics avaliou em relatório que, se a divisão política se confirmar, o Fed pode se ver compelido a agir mais para apoiar a retomada.

Nesta quinta, os EUA ultrapassaram a marca de 100 mil casos diários da covid-19, novo recorde, segundo levantamento da Universidade Johns Hopkins.

Já no noticiário corporativo, o balanço da General Motors agradou e a ação subiu 5,48%.

Bolsas na Europa

As bolsas da Europa fecharam em alta nesta quinta-feira (5) em mais um dia de grande atenção com os resultados da eleição nos Estados Unidos. A possível vitória de Joe Biden traz impulso à busca por ativos de risco. Por outro lado, a região segue lidando com os avanços do coronavírus, com recordes de casos e novas restrições. A quinta-feira também contou com importantes balanços.

O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em alta de 1,02%, a 367,12 pontos.

A LPL Markets aponta que os mercados “estão se ajustando” a uma possível vitória de Biden e uma configuração no Senado sem maioria democrata. As bolsa europeias seguem em alta, assim como as americanas, e há um bom momento para ativos de mais risco, como também moedas emergentes.

Com o avanço da covid-19, a Eurásia lembra que Itália e Espanha são os dois únicos países dentre os principais da Europa sem adotar lockdowns generalizados, mas avalia que ambos caminham no sentido de aderir à restrições mais “light”. As instâncias regionais devem seguir adotando medidas por conta própria.

Nesta quinta, foram divulgadas as encomendas à indústria da Alemanha, que subiram 0,5% em setembro ante agosto, o quinto mês consecutivo de recuperação, segundo dados com ajustes sazonais divulgados pela Destatis.

A Volkswagen teve alta nas ações de 2,91%, em um dia positivo à automotivas no geral, contando também com bons sinais dos EUA. Peugeot (+3,11%) e Renault (+2,40%) seguiram a tendência.

Ambas ajudaram o CAC 40 a fechar em alta de 1,24%, a 4.983,99 pontos, em Paris.

Em Frankfurt, Commerzbank e Lufthansa divulgaram seus balanços, ambos vistos como negativos, levando as ações a fecharem em baixas de 5,75% e 0,35%, respectivamente. Mesmo assim, o DAX fechou em alta de 1,98%, a 12.568,09 pontos.

No Reino Unido, a decisão do Banco da Inglaterra (BoE) de ampliar seu programa de relaxamento quantitativo deu impulso às ações. No entanto, uma importante valorização da libra frente ao dólar contém as altas, já que torna os produtos britânicos menos competitivos para exportação.

Em Londres, o FTSE teve a menor alta dentre as principais bolsas da Europa, de 0,39%, a 5906,18 pontos.

Em Milão, a divulgação do balanço da Enel ocorreu após o fechamento da bolsa, mas com a expectativa, as ações da empresa se valorizaram 3,30%. O FTSE MIB teve alta de 1,93%, 19,731,38 pontos.

Em Madri, a Inditex, que controla a Zara, teve um dia positivo, em alta de 3,01%, impulsionado o IBEX 35 a ter avanço de 2,10%, a 6.924,20 pontos. No mesmo setor, as ações da H&M tiveram alta de 3,74% na sessão.

Em Lisboa, a varejista Sonae teve alta 4,17%, ajudou o PSI 20 a ter uma alta de 0,92%, a 4.105,50 pontos. Outra a avançar foi a EDP Renováveis, com 3,98%, em um bom momento para energias alternativas inspirado pela possível vitória de Biden.

*Com Estadão Conteúdo

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