As ações brasileiras ainda estavam no meio de um ‘selloff’ brutal quando Emy Shayo disse aos clientes, no fim de outubro, que o mercado talvez oferecesse o melhor ponto de entrada que eles encontrariam em algum tempo.
Seis meses depois, a recomendação se mostrou acertada e Shayo está confiante de que há espaço para o rali continuar.
Uma combinação de múltiplos baratos, commodities em alta e algum alívio em relação às preocupações fiscais alçou o Ibovespa ao posto de melhor índice acionário global neste ano em dólares, acumulando alta de 36%.
“Este é um cenário em que os preços de commodities estão no comando e que, no passado, levou a anos de mercados fortes”, escreveu Shayo, estrategista de ações para América Latina do JPMorgan, em relatório. Segundo ela, o Ibovespa “pode facilmente” atingir sua projeção para o fim do ano de 133.000 pontos, 11% acima dos níveis atuais e acima da estimativa mediana de uma pesquisa da Bloomberg.
A perspectiva de um real mais forte também pode continuar alimentando fortes fluxos estrangeiros, de acordo com Shayo. O mercado local registrou entrada líquida de cerca de R$ 65,3 bilhões de não residentes nos primeiros três meses do ano, a maior entrada trimestral desde ao menos 2008.
Ainda assim, o bom humor será desafiado por uma economia doméstica fraca e um ambiente de alta de juros ao redor do mundo. Espera-se que a volatilidade aumente antes das eleições presidenciais de outubro, e Shayo nota que um dos principais riscos é se a economia global entrará ou não em recessão.
Contudo, diz Shayo, os valuations atrativos podem ajudar a amortecer uma eventual piora do cenário. Mesmo após a recuperação recente, o Ibovespa negocia a cerca de 7,9 vezes o lucro estimado para os próximos 12 meses, contra 11,4 vezes para o S&P/BVL Peru General Total Return Index, do Peru, e 14,1 vezes para o Mexbol, do México.
“Os valuations permanecem pouco esticados ao mesmo tempo em que os lucros estão sendo revisados para cima”, disse Shayo.
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