Que o homem mais rico do mundo é Elon Musk (Tesla, SpaceX, etc) não é novidade para quem acompanha o noticiário. Mas não é ele a pessoa que mais ganhou dinheiro até agora no mundo em 2022.
O indiano Gautam Adani (Gaudani) ganhou US$ 31,3 bilhões de dólares em 2022, segundo o ranking de bilionários da Bloomberg. Uma soma que já chegou a US$ 43 bilhões, mas deu uma recuada nos últimos dias.
Ele é conhecido por ser um dos maiores empresários da Índia e chamado de rei da infraestrutura devido aos investimentos que vão desde minas de carvão, com as quais começou a enriquecer, a usinas de energia, portos e aeroportos.
É um caso raro na lista de homens mais ricos do mundo de alguém que não é ligado a empresas de tecnologia. E, por isso, um quase desconhecido fora de seu país. Mas tem surfado a onda de commodities como ninguém, enquanto a maioria dos companheiros na lista de bilionários vem perdendo dinheiro.
Elon Musk, por exemplo, mesmo continuando a ser o mais rico do mundo, está US$ 54 bilhões mais “pobre” com o recuo do valor das ações da Tesla (TSLA34), de 44% no ano até 11 de maio, pega em meio à desvalorização geral das ações de tecnologia nos Estados Unidos por conta do aumento dos juros.
Mas quem mais perdeu dinheiro até agora foi o número 2 do ranking. Jeff Bezos, criador da Amazon (AMZO34), viu sua fortuna diminuir em US$ 63 bilhões com a queda dos papéis da empresa, pega não só pela onda negativa no setor de tecnologia como por resultados ruins no primeiro trimestre.
Mesmo o francês Bernard Arnault, do grupo LVMH, um dos poucos não americanos do ranking e ligado à indústria da moda, não escapou de perder quase US$ 53 bilhões. Seu grupo pode não estar ligado ao setor de tecnologia, mas foi atingido pela guerra na Ucrânia e as sanções aplicadas contra a elite russa, grande compradora de marcas como Louis Vuitton, TAG Heuer, dos relógios de luxo, e Don Perignon, de champagne.
O ranking no geral mostra no momento as fortunas ligadas à tecnologia em declínio. Fica mais claro quando se olha quem ganhou dinheiro em 2022 entre os mais ricos.
Giovanni Ferrero não costuma ser muito conhecido entre os mais ricos. Mas a família Ferrero, dona de produtos como o Kinder Ovo, as balinhas Tic Tac e da Nutella, viu as vendas dispararem no ano, acumulando mais US$ 7,4 bilhões de dólares.
Warren Buffett, mesmo com a Berkshire Hathaway tendo vários negócios de tecnologia, como ser a maior acionista da Apple (AAPL34) e tendo entrado agora na HP (H1PE34), apostou no ano passado nos setores de petróleo e mineração. Com a alta das commodities, decorrência da guerra na Ucrânia, está colhendo os lucros, que compensam as quedas das outras ações.
Já Vladimir Potanin, um ilustre desconhecido no Ocidente, é CEO da Norilsk, a maior produtora mundial de níquel, commodity que disparou de preço, adicionando mais de US$ 3 bilhões à fortuna pessoal dele.
E outro ganhador é Jim Walton, herdeiro do fundador do Walmart (WALM34), Sam Walton. O Walmart, que possui 11 mil lojas pelo mundo, não tem visto crise, se beneficiando do aumento do poder aquisitivo dos americanos e na Europa.
E o ranking da Bloomberg também mostra que Jorge Paulo Lemann está um US$ 1 bilhão mais pobre. É o tamanho do recuo na fortuna do brasileiro mais rico.
Mesmo assim continua possuidor de uma fortuna de US$ 20,4 bilhões, na 65ª colocação entre os mais ricos do mundo.
O segundo brasileiro mais rico também é o que perdeu mais dinheiro no ano. Com a desvalorização das ações da Meta, Eduardo Saverin, um dos criadores do Facebook (FBOK34), perdeu US$ 7,89 bilhões. Mais de 40% da riqueza que possui. Ainda assim, continua dono de US$ 10,3 bilhões.
E a lista se estende com Marcel Telles e Carlos Sicupira, sócios de Jorge Paulo Lemann, Jorge Moll, da Rede D’Or (RDOR3), e os irmãos Pedro Moreira Salles, presidente do Conselho de Administração do Itaú Unibanco (ITUB3 e ITUB4), e o cineasta e escritor João Moreira Salles, que recentemente deixou de ser acionista do banco e é mais ligado ao mundo da cultura do que das finanças.
É importante ressaltar que as listas de bilionários têm um quê de cultura de celebridades. Mas ao mesmo tempo são um termômetro das mudanças no mundo das finanças, já que a troca de posições, perdas e ganhos refletem o que vem acontecendo na economia.
E não há melhor exemplo disso do que o de Mark Zuckerberg, criador do Facebook e principal acionista da Meta.
Em 2020 e 2021, ele chegou a se tornar o segundo homem mais rico do mundo com a valorização das ações da rede social, antes de virar Meta. Mas a notícia de que a empresa perdeu usuários no final do ano passado derrubou os papéis. Resultado: hoje é “apenas” o 13º mais rico do mundo e não faz mais parte dos 10 principais bilionários, com uma fortuna de US$ 69 bilhões.
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