A caderneta de poupança terminou 2022 com um resgate de R$ 103 bilhões, quase o dobro da maior perda anual já registrada até então, mostraram números do Banco Central atualizados nesta quinta-feira (5).
As perdas da aplicação no ano ocorreram em meio à elevação da taxa de juros pelo Banco Central para controlar a inflação, o que contribuiu para reduzir a competitividade da poupança frente a investimentos em renda fixa.
No ano passado, o Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) registrou um saque líquido no valor de R$ 80,9 bilhões, enquanto a poupança rural acumulou uma retirada de R$ 22,3 bilhões. Os dois valores foram os maiores da série do Banco Central, com início em 1995.
Ao longo do ano o BC deu continuidade ao ciclo de alta de juros iniciado em março de 2021, quando a taxa básica de juros estava em 2%, menor nível da história. A taxa foi elevada em 4,5 pontos percentuais no ano passado, e está atualmente em 13,75%.
Além de reduzir a disponibilidade de renda das famílias disponível para investimentos, ao encarecer o crédito e desaquecer a economia, a alta dos juros também afeta diretamente o rendimento da poupança. Com a Selic acima de 8,5% ao ano, os depósitos na poupança têm rendimento fixo de 0,5%, ou 6,17% ao ano, acrescido da taxa referencial (TR), o que deixa a remuneração mais baixa do que outros investimentos de renda fixa.
Em 2021, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, chegou a afirmar que a autoridade monetária estudava alterar nas regras de correção da poupança, em meio a uma preocupação com o volume de saques, mas frisou que isso teria que ser feito de forma lenta e em etapas para não criar ruptura no financiamento. Boa parte dos recursos da poupança são obrigatoriamente destinados pelas instituições financeiras ao financiamento imobiliário.
Até então, o maior saque anual na poupança havia sido registrado em 2015, quando a Selic também estava em alta, no valor de R$ 53,6 bilhões. Em 2021, o investimento já havia sofrido uma perda expressiva, de R$ 34,8 bilhões, após ter registrado no ano anterior um depósito recorde de R$ 125,3 bilhões, em um cenário de juros baixos e de pagamentos bilionários pelo governo de auxílio emergencial em meio à pandemia da covid-19.
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