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Economia

Indicador de risco Brasil, CDS tem queda de mais de 14% em 2023 até agora

Especialistas citam cenário externo, expectativas por cenário fiscal e alívio eleitoral.

O CDS (Credit Default Swap), título que funciona como uma espécie de seguro para operações de crédito no país e mensura o risco-Brasil, voltou a subir na quarta-feira (8), em alta de 3,99% após acumular queda de mais de 8% em três dias. Nesta quinta-feira (9), o CDS está em queda novamente. O indicador ainda acumula recuo de mais 14% em 2023, considerando o título com prazo de 10 anos.

Para especialistas ouvidos pelo InvestNews, a queda da percepção de risco do investimento no Brasil é reflexo não apenas de fatores locais, mas também externos.

Bruno Komura analista da Ouro Preto Investimentos, aponta que a queda mais expressiva do CDS foi em janeiro, coincidindo com ao alívio dos mercados em outros países devido a análises, naquele momento, sobre os juros nos Estados Unidos, além da reabertura da China com o fim da política de covid zero.

Chair do Fed, Jerome Powell 23/09/2022. REUTERS/Kevin Lamarque/File Photo

Com a percepção de risco em baixa globalmente, os mercados emergentes se tornam atraentes, o que ajuda a explicar a queda do CDS no período. “A percepção de que os mercados emergentes estão atraentes é válida”, diz Komura. 

“Neste período as bolsas se recuperaram bem”, menciona ele. “Mais recentemente começaram a aparecer dúvidas, pois os dados da economia americana parecem não apontar para um arrefecimento, tanto que houve mudança na expectativa da alta dos juros pelo Fed. Somado aos ruídos locais, é possível que haja uma mudança na tendência do CDS.”

Fatores internos

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam da cerimônia de posse da presidenta da Caixa, Rita Serrano, em Brasília. (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

Do cenário local, outros fatores também têm mantido o CDS em movimento de baixa em 2023 até agora, segundo os especialistas. Patrícia Krause, economista-chefe da Coface America Latina, cita dois deles. 

“Uma das notícias é o anúncio, no final do mês passado, da reoneração sobre gasolina e etanol, e a estimativa de que isso traria uma recomposição de tributos ao caixa do governo em 2023. E também as falas do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a âncora fiscal que deve substituir o teto de gastos já estaria pronta e deve agora apresentar para as pastas econômicas e, em seguida, para o Congresso. A intenção é que isso seja feito antes da reunião do Copom de 22 de março.”

Apesar das notícias serem avaliadas como positivas, porém, ainda há incertezas no mercado. A primeira delas reside no fato de que a reoneração sobre os combustíveis foi apenas parcial, e a compensação para os cofres públicos veio com a criação de um imposto sobre as exportações de petróleo. Essa taxação, no entanto, é temporária, o que gera dúvidas sobre a possibilidade de elevação ou criação de novos tributos mais à frente.

Ainda no cenário interno, o consultor Nilo Mingrone, do International Business Consulting (IBC), aponta que a queda do CDS em 2023 é uma continuidade do movimento de alívio após as incertezas trazidas pelo processo eleitoral conturbado em 2022.

“As eleições estavam impactando altamente o risco e por isso subiu demais. E o que está acontecendo agora não é uma diminuição, mas um regresso, aparentemente porque alguns dos principais receios econômicos foram dissipados. A economia está tentando superar qualquer divergência política. Então, está muito próximo ao índice de 6 meses atrás”, comenta ele. 

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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