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Economia

‘Nós temos que nos unir para baixar o juro’, diz Luiza Trajano, do Magalu

Executiva frisou, durante evento em São Paulo, que, com taxa no patamar atual, não vai ter crédito para ninguém.

A presidente do conselho de administração do Magazine Luiza (MGLU3), Luiza Trajano, criticou na manhã desta quinta-feira (23), durante evento do Lide (Grupo de Líderes Empresariais), em São Paulo, o patamar atual dos juros do país. “Podemos deixar o juro do jeito que está? Está tendo consumo? Não. Nós temos que nos unir para baixar o juro”.

A fala de Trajano ocorre um dia após o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciar que decidiu manter a taxa Selic em 13,75% ao ano – o país mantêm a maior taxa real entre 40 países.

As ações da companhia caíam mais de 10% na tarde desta quinta-feira impactadas pela alta na curva de juros, após a decisão do BC.

Luiza Helena Trajano. Crédito: Arquivo/Divulgação/Lailson Santos

“Um país como o nosso só tem duas coisas a fazer: dar renda e crédito. Agora, com um juro que não baixou, não vai ter crédito para ninguém”, disse Trajano ao lembrar que o varejo só fica atrás do próprio governo na geração de emprego.

A presidente do conselho da Magalu propôs ainda a definição de práticas concretas que ajudem a viabilizar a queda das taxas. “Temos que sair daqui não é com manifesto, temos que sair daqui com atitudes que são para já”.

Sobre a crise na rival Americanas (AMER3), que entrou com pedido de recuperação judicial em janeiro, após revelar um escândalo contábil de pelo menos R$ 20 bilhões, Trajano afirmou que “não dá para deixar um caso” como o da varejista “atrapalhar o crédito de todo mundo do varejo”.  

Sonegação de impostos

Jorge Gonçalves, presidente do Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV), que também esteve no evento do Lide, chamou atenção para a sonegação de impostos no segmento varejista. Segundo ele, no setor há R$ 120 bilhões “disponíveis” que deveriam entrar como tributos para o governo.

Gonçalves reiterou que o formato de varejo mudou, especialmente com a entrada de plataformas de marketplaces estrangeiras.

“O que é muito bom. Só que a gente tem registrado, principalmente de plataformas estrangeiras, de R$ 30 a R$ 40 bilhões em sonegação, com muita gente em torno que não registra empregado e que não está colaborando para o país”, afirmou.

Para o presidente do IDV, a isonomia do varejo precisa ocorrer antes da reforma tributária, caso contrário “o varejo vai ter muita dificuldade se a cada ano aumentar o volume de sonegação”.

Gonçalves reiterou que, muitas vezes, a população acha que está sendo beneficiada ao receber um produto que custa, por exemplo, 10% do valor de um original, o que na prática traz consequências – como a própria informalidade no emprego.

O presidente do IDV reiterou que o IVB tem defendido, pelo menos, oito iniciativas com o propósito de diminuir a sonegação fiscal do segmento varejista. Dentre elas está a transferência para os intermediadores das plataformas digitais a atribuição do recolhimento dos tributos.

Para ele, também é preciso tributar as empresas no ato da transação. “Quando passa o cartão hoje já sai a parte (arrecadação) de cada um, porque não sai a parte do governo? Vamos atuar forte nisso”.

Gonçalves também relembrou a crise Americanas e considerou o caso isolado. “O varejo tem empresas com boa capacidade de recursos. Um caso isolado não afeta todo o varejo. O varejo tem muito para evoluir e dar emprego”, disse.

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