O Ibovespa fechou em queda nesta segunda-feira (3), pelo segundo pregão consecutivo, com agentes financeiros ainda avaliando a proposta do novo arcabouço fiscal. O pregão também foi marcado pela alta das ações de petroleiras em meio à disparada dos preços do petróleo no exterior. A elevação da cotação do barril reforçou preocupações sobre a inflação global e, consequentemente, o rumo das taxas de juros.
O dólar à vista fechou praticamente estável ante o real, interrompendo uma sequência de seis sessões consecutivas de perdas.
No dia, o Ibovespa recuou 0,37%, aos 101.506 pontos. O dólar à vista subiu 0,03% frente ao real, negociado a R$ 5,0708.
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Impacto da alta do petróleo no câmbio
Por um lado, a alta do petróleo no exterior beneficia moedas sensíveis às commodities. O Brasil, como é exportador, tende a elevar seus ganhos com as vendas para o exterior. Assim, com mais entrada de dólares no país, a tendência é a cotação da moeda norte-americana recuar sobre o real.
Por outro lado, a alta do petróleo também renovava temores sobre a persistência da inflação nas principais economias, o que poderia eventualmente levar o Federal Reserve (Fed) a promover mais altas dos juros nos EUA – o que motiva uma tendência de alta do dólar, já que o mercado norte-americano se torna mais atraente para investidores.
Além do câmbio, a bolsa de valores também é impactada. “De um lado, empresas do setor petroleiro puxam ganhos nas bolsas, do outro, as apostas de elevações de juros nos EUA puxam demais setores para baixo”, disseram analistas da Guide Investimentos em relatório.
Nesse cenário, investidores estão à espera de um importante relatório de emprego norte-americano, o payroll, a ser publicado na sexta-feira, quando os mercados brasileiros estarão fechados por feriado.
“Os números poderão reafirmar o cenário mais resiliente de atividade neste começo de ano, desafiando a trajetória de desaceleração da inflação ao consumidor” nos EUA, disse equipe do Bradesco em nota.
Cenário interno: fiscal e juros
A agenda de Fernando Haddad, ministro da Fazenda, prevê reunião com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com presença do secretário-executivo da pasta, Gabriel Galípolo, e de diretores do BC.
A reunião vem depois de, na quinta-feira passada, o governo ter apresentado sua proposta para as contas públicas. A proposta de novo arcabouço fiscal sugere uma trava para impedir que os gastos federais cresçam mais do que a arrecadação, mas conta também com um limite mínimo para a evolução das despesas, que crescerão sempre acima da inflação. Num geral, o mercado financeiro reagiu de forma benigna ao plano.
Após a apresentação do arcabouço fiscal, o real tem sido “apoiado pelo enfraquecimento dos prêmios de risco local e acreditamos que se manterá atrativo por conta dos altos níveis de taxa de juros” domésticos, disse Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
A taxa Selic está atualmente em 13,75% ao ano, nível elevado que tem sido alvo de críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que torna o real atraente para uso em estratégias de “carry trade”. Estas consistem na tomada de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desse dinheiro em praça mais rentável, de forma que o investidor lucra com o diferencial de taxas.
Destaques da B3
Petroleiras
As ações ligadas ao setor de petróleo subiram, impulsionadas pela alta da commodity no mercado internacional, após corte surpresa na produção pela Opep+. Cortes na produção podem empurrar os preços para US$ 100 o barril, apertar o mercado e as margens das refinarias, disseram analistas e operadores.
A ação preferencial da Petrobras (PETR4) subiu 4,43%, enquanto os papéis de PRIO (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) subiram 3,88% e 1,56%, respectivamente.
Via
Em dia negativo para o setor na bolsa, a varejista Via (VIIA3), dona das redes Ponto e Casas Bahia, caiu 3,72%. Do noticiário envolvendo a empresa, o mercado repercute também o anúncio inesperado de troca de CEO. Renato Horta Franklin será o novo presidente-executivo da companhia, em substituição a Roberto Fulcherberguer.
Hapvida
O papel HAPV3 teve baixa de 6,49%. O grupo de serviços de saúde publicou no final da noite do domingo edital de oferta pública primária que pode levantar até R$ 1 bilhão considerando lote adicional de ações e o preço de fechamento do papel na sexta-feira, em estratégia para reforçar sua estrutura de capital.
A companhia havia sinalizado na semana passada sobre uma potencial oferta de ações. A fixação do preço está prevista para 12 de abril.
Americanas
Fora do Ibovespa, a ação AMER3 subiu 1%. A Americanas anunciou nesta segunda que a mais recente proposta de acordo com credores financeiros incluiu possibilidade de dois eventuais aumentos de capital de até R$ 1 bilhão cada, para além dos R$ 10 bilhões já propostos, segundo fato relevante.
Os recursos seriam aportados pelos chamados “acionistas de referência”, o trio de bilionários formado por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira.
“Os dois aumentos de capital adicionais poderão ser acionados caso a companhia esteja, nas datas futuras a serem acordadas, acima de determinados limites máximos de alavancagem ou abaixo de um nível mínimo de liquidez, ambos a serem detalhados oportunamente”, afirma o fato relevante. A Americanas afirmou ainda que não chegou a acordo com os credores financeiros sobre a nova oferta.
Bolsas mundiais
Wall Street
O índice S&P 500 encerrou em alta nesta segunda-feira, impulsionado pelas ações de energia após os cortes da Opep+, enquanto a Tesla despencou depois que suas entregas de veículos elétricos no primeiro trimestre decepcionaram investidores.
Segundo dados preliminares, o S&P 500 teve alta de 0,36%, para 4.123,91 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq perdeu 0,27%, para 12.188,88 pontos. O Dow Jones subiu 0,97%, para 33.597,00 pontos.
Europa
As ações europeias mostraram fraqueza nesta segunda-feira, enquanto o índice britânico FTSE 100, pesado em commodities, avançou depois de nomes fortes do setor petrolífero terem saltado com o anúncio inesperado da Opep+ de cortar a produção.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em queda de 0,03%, a 457,72 pontos, depois que o salto nos preços do petróleo alimentou temores de inflação persistente.
Ações de petróleo e gás tiveram os maiores ganhos, com o subíndice subindo 4%, seu melhor desempenho diário em mais de quatro meses.bO FTSE 100 de subiu 0,5%, sustentado por ganhos de mais de 4% nas petrolíferas BP e Shell.
- Em LONDRES, o índice Financial Times avançou 0,54%, a 7.673,00 pontos.
- Em FRANKFURT, o índice DAX caiu 0,31%, a 15.580,92 pontos.
- Em PARIS, o índice CAC-40 ganhou 0,32%, a 7.345,96 pontos.
- Em MILÃO, o índice Ftse/Mib teve valorização de 0,24%, a 27.179,37 pontos.
- Em MADRI, o índice Ibex-35 registrou baixa de 0,81%, a 9.157,40 pontos.
- Em LISBOA, o índice PSI20 valorizou-se 0,53%, a 6.078,72 pontos.
Ásia
Incorporadoras imobiliárias e empresas de tecnologia impulsionaram as ações da China nesta segunda, enquanto o mercado de Hong Kong fechou praticamente estável, depois que os cortes da Opep+ aumentaram as preocupações com a inflação global.
- Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,52%, a 28.188 pontos.
- Em HONG KONG, o índice HANG SENG subiu 0,04%, a 20.409 pontos.
- Em XANGAI, o índice SSEC ganhou 0,72%, a 3.296 pontos.
- O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, avançou 0,98%, a 4.090 pontos.
- Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,18%, a 2.472 pontos.
- Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,12%, a 15.868 pontos.
- Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES valorizou-se 0,68%, a 3.281 pontos.
- Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 avançou 0,63%, a 7.223 pontos.
*Com informações da Reuters.
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