Dólar fecha em alta após Fitch adotar perspectiva negativa para EUA

O dólar encerrou em alta sobre o real nesta quinta-feira (25), seguindo o movimento da moeda no exterior após a agência de classificação de risco Fitch ter adotado perspectiva negativa para a nota de crédito dos Estados Unidos. O Ibovespa seguiu na mesma direção de alta, com investidores repercutindo a alta menor do que a esperada da prévia da inflação de maio.

No dia, o dólar à vista avançou 1,66%, a R$ 5,0355. O Ibovespa subiu 1,15%, aos 110.054 pontos.

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No fim da tarde, a taxa do Depósito Interbancário (DI) para janeiro de 2024 estava em 13,185%, ante 13,27% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,475%, ante 11,624% do ajuste anterior. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,93%, ante 11,112% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,985%, ante 11,141%.

Dívida dos EUA

A mudança de perspectiva da Fitch foi anunciada conforme se aproxima o prazo para governo e Congresso chegarem a um acordo para elevar o teto da dívida do país antes de um calote catastrófico.

“Mercados operam com cautela, com impasse sobre dívida americana ainda no radar”, disse o departamento de pesquisas e estudos econômicos do Bradesco em relatório. “A dificuldade do Congresso norte-americano de chegar em um consenso sobre o teto da dívida aumenta o risco de que o governo não consiga fazer o pagamento de alguns compromissos.”

Negociadores do presidente norte-americano, Joe Biden, um democrata, e o líder dos republicanos no Congresso dos Estados Unidos, Kevin McCarthy, conduziram o que os dois lados chamaram de negociações produtivas na quarta-feira (24).

No entanto, a agência de classificação de risco Fitch colocou uma perspectiva negativa para a nota de crédito dos Estados Unidos, que é “AAA”, citando as crescentes disputas políticas em torno do teto de dívida do país, o que elevou os custos de empréstimo de curto prazo dos EUA para mais de 7%.

O dólar, a moeda de reserva do mundo, é sempre um dos ativos mais procurados por investidores em tempos de incerteza econômica. Um calote nos Estados Unidos provavelmente causaria estragos financeiros e econômicos a nível global, dada a posição central dos EUA nos mercados internacionais, dizem especialistas.

Outras notícias do cenário norte-americano

Também nesta quinta, o Departamento do Trabalho informou que o número de norte-americanos que entraram com novos pedidos de auxílio-desemprego aumentou moderadamente na semana passada e os dados da semana anterior foram revisados para baixo, sugerindo força persistente do mercado de trabalho.

Os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 4.000 na semana encerrada em 20 de maio, para 229.000 em dado com ajuste sazonal.

Além disso, em um relatório separado, o Departamento de Comércio confirmou que o crescimento econômico desacelerou no primeiro trimestre. O Produto Interno Bruto (PIB) aumentou a uma taxa anualizada de 1,3% no último trimestre, disse o governo em sua segunda estimativa sobre o primeiro trimestre.

O número foi revisado em relação ao ritmo de 1,1% relatado no mês passado. A economia cresceu a um ritmo de 2,6% no quarto trimestre. Economistas esperavam que não houvesse revisão.

IPCA-15

No Brasil, o Índice de Preços ao Consumido Amplo (IPCA-15) subiu menos do que o esperado em maio, apesar da forte pressão dos preços de leite e medicamentos, com a taxa em 12 meses recuando ao menor nível em cerca de dois anos e meio, no mais recente sinal de alívio inflacionário.

“IPCA-15 bem abaixo do esperado e com qualitativo melhor. Número deve dar suporte adicional à melhora dos ativos locais”, escreveu Dan Kawa, diretor de investimentos da TAG Investimentos.

O mercado acompanha os indicadores de inflação em busca de sinais sobre os próximos passos do Banco Central na condução da política monetária, à espera de cortes na Selic.

Nesta quinta, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, avaliou que o processo de desinflação no Brasil ainda não acabou e que é preciso convergir a inflação para a meta. Ele destacou ainda, em comentários gravados para o Global Emerging Markets Summit 2023, promovido pela Moody’s, que é preciso avançar com calma e serenidade na política monetária.

Destaques da B3

Hapvida

A Hapvida (HAPV3) avançou 10,99%, à frente das maiores altas do Ibovespa, endossada ainda por relatório do Bank of America, que elevou previsão para o Ebitda da empresa de saúde em 8% e 10% em 2023 e 2024, respectivamente, assim como aumentou o preço-alvo das ações para de R$ 4 para R$ 5 e reiterou a recomendação de “compra”. “O pior ficou para trás”, escreveram os analistas do banco.

Aéreas

A ações da Azul (AZUL4) e da Gol (GOLL4) subiram 6,19% e 2,76%, tendo como pano de fundo aprovação pelo Senado de medida provisória que isenta companhias aéreas de PIS/Cofins até 2026. O texto irá agora para sanção presidencial. A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) disse que a isenção será “fundamental” para ajudar o setor a se recuperar dos impactos sofridos com a pandemia de covid-19 e voltar a crescer de forma sustentável.

Consumo

A Via (VIIA3) teve alta 7,76%, com o setor de consumo como um todo em alta na esteira dos dados melhores sobre a inflação, que trouxeram alívio à curva de juros no país, além da melhora na confiança do consumidor. O índice do setor de consumo, que inclui além das varejistas companhias como Cogna, MRV&Co, Iguatemi e JBS, também registrava elevação.

CVC

A CVC (CVCB3) teve baixa de 2,3%, após o presidente-executivo da operadora de turismo, Leonel Andrade, renunciar ao cargo. A CVC, que não anunciou um substituto, afirmou que o processo de sucessão foi iniciado. Andrade estava na companhia desde abril de 2020, quando assumiu o comando do grupo. A renúncia vem após o antigo diretor financeiro e de relações com investidores Marcelo Kopel também renunciar em abril.

CSN

A CSN (CSNA3) operava estável, afastando-se das mínimas do começo do pregão, tendo no radar relatório do Credit Suisse cortando a recomendação dos papéis da companhia para “neutra” e reduzindo o seu preço-alvo, assim como para outras do setor.

Bolsas mundiais

Wall Street

O índice Nasdaq liderava os ganhos em Wall Street nesta quinta-feira, com as ações da Nvidia subindo após uma previsão positiva que também impulsionava outras empresas relacionadas à Inteligência Artificial.

Papéis da Nvidia Corp, a empresa de chips listada mais valiosa do mundo, saltavam 25,5% para atingir um recorde, depois de a empresa prever uma receita trimestral 50% maior do que as estimativas de Wall Street e dizer que está aumentando a oferta para atender à demanda por seus chips de inteligência artificial.

Outras empresas de IA, como Microsoft e Alphabet, subiram cerca de 2,2% e 1,7%, respectivamente, enquanto o índice Philadelphia SE Semiconductor avançava 4,6%, para seu nível mais alto em mais de um ano.

Às 11:33 (de Brasília), o índice Dow Jones caía 0,30%, a 32.702,90 pontos, enquanto o S&P 500 ganhava 0,49%, a 4.135,24 pontos. O índice de tecnologia Nasdaq Composite avançava 1,17%, a 12.630,48 pontos.

Ásia

O índice de blue chips (ações mais negociadas) da China apagou todos os seus ganhos em 2023, enquanto o índice de referência de Hong Kong caiu para uma mínima de quase seis meses, uma vez que a uma disputa comercial e tecnológica entre Estados Unidos e China aumentou o nervosismo em torno das negociações do teto da dívida dos EUA.

Nesta semana, um parlamentar dos EUA instou o Departamento de Comércio dos EUA a impor restrições comerciais à fabricante chinesa de chips de memória Changxin Memory Technologies (CXMT), após a proibição do governo chinês da venda de alguns chips pela Micron Technology Inc.. Além disso, o Japão planeja apertar os controles sobre as exportações de semicondutores para a China.

• Em TÓQUIO, o índice Nikkei avançou 0,39%, a 30.801 pontos.
• Em HONG KONG, o índice HANG SENG caiu 1,93%, a 18.746 pontos.
• Em XANGAI, o índice SSEC perdeu 0,11%, a 3.201 pontos.
• O índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em XANGAI e SHENZHEN, retrocedeu 0,22%, a 3.850 pontos.
• Em SEUL, o índice KOSPI teve desvalorização de 0,50%, a 2.554 pontos.
• Em TAIWAN, o índice TAIEX registrou alta de 0,82%, a 16.292 pontos.
• Em CINGAPURA, o índice STRAITS TIMES desvalorizou-se 0,20%, a 3.207 pontos.
• Em SYDNEY o índice S&P/ASX 200 recuou 1,05%, a 7.138 pontos.

*Com informações da Reuters.