O Tesouro Nacional lançou um no dia 1º de agosto de 2023, em parceria com a B3, a bolsa de valores brasileira, um novo título público: o Tesouro Educa+, voltado para o financiar os estudos e que, após um certo período, gera pagamentos mensais ao investidor.
Quer entender como ele funciona, qual o custo, as opções disponíveis, vantagens e riscos do papel? Acompanhe o guia a seguir:
O que é o Tesouro Educa+?
Chamado de “Tesouro Educação” ou “Tesouro Educa+”, esse título do Tesouro Direto tem como principal objetivo facilitar o planejamento financeiro da educação dos filhos. A proposta é que os pais possam adquirir esses títulos com vencimentos que vão de 3 a 18 anos, funcionando como uma poupança exclusivamente destinada para pagar a escola ou universidade privada das futuras gerações.
O educador financeiro da Rico Investimentos, Thiago Godoy, escreveu por nota que o título pode ser encarado como uma aposta no sucesso acadêmico das futuras gerações. “O objetivo é oferecer às famílias uma forma inteligente de investir no futuro, com segurança e planejamento. Através do Tesouro Educa+, o caminho para uma formação acadêmica sólida e promissora fica mais claro e acessível”.
Prazo do investimento
O novo título público permite receber o retorno dos investimentos de 3 a 18 anos, a partir da data escolhida, pelo período de 5 anos, com valores mensais corrigidos pela inflação. Inicialmente estão disponíveis 16 títulos com a primeira conversão a partir de 2026.
Valor mínimo investido
O valor mínimo de investimento em papéis do Tesouro Educa+ é de R$ 30, segundo informações do Tesouro Nacional.
Como vai funcionar o Tesouro Educa+?
O Tesouro Educa+, é corrigido pela variação da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O papel tem pagamento de amortizações em parcelas mensais de mesmo valor, também corrigidas pelo IPCA.
Cada investidor poderá comprar os títulos de qualquer ano de vencimento que estão disponíveis para venda. Com a escolha de um título pela data de vencimento, por exemplo, TD Educação 2040, o investidor fará a compra das quantidades, acumulando recursos neste título para recebimento de fluxos mensais a partir de 15 de janeiro de 2040.
O Tesouro Educa+ divide-se em dois períodos distintos:
Período de acumulação
Nesta fase, o investidor poderá acumular títulos com compras mensais até o filho começar o período de estudos, respeitando a limitação de compra mensal de 1 milhão de reais por CPF no Tesouro Direto.
Período de conversão
Na data de conversão, o investidor recebe o dinheiro aplicado mais o rendimento mensal em até 60 meses. É quando o investidor deixa de fazer aportes e passa a receber a renda extra mensalmente, a começar na data escolhida por ele, a partir do dia 15 de janeiro do ano escolhido.
Por exemplo, se ele optar pelo Tesouro Educa+ 2040, terminará os aportes em 2039 e começará a receber os fluxos mensais a partir de 15 de janeiro de 2040.
Taxas e custo
Os títulos que forem mantidos até a data de vencimento, não terão taxa de custódia até o rendimento correspondente a quatro salários mínimos. Caso exceda esse valor, será cobrada uma taxa de 0,10% ao ano no excedente.
No caso de o investidor retirar o investimento antes da data de vencimento, a cobrança da taxa de custódia será regressiva, de acordo com os valores abaixo:
- Resgate de 0 a 7 anos – 0,50% ao ano;
- Resgate de 7 a 14 anos – 0,20% ao ano;
- Acima de 14 anos – 0,10% ao ano;
- Data de vencimento – 0,00%.
É possível vender o título?
Assim como outros papéis do Tesouro Direto, os títulos do Tesouro Educa+ possuem carência de 60 dias. Isso significa que, após esse período, o investidor poderá vender seus títulos ao preço de mercado, caso precise mudar a rota de seu planejamento financeiro.
“Mas vale destacar que essa venda pode incorrer em prejuízo, a depender de movimentos de mercado. Por isso, planeje-se de acordo com seus objetivos”, ressaltou Godoy, da Rico, em relatório.
Quanto rende o Tesouro Educa+?
As taxas e preços dos papéis do Tesouro Educa+ variam diariamente conforme a demanda do investidor e podem sofrer a chamada marcação a mercado.
Na data do lançamento, em 1º de agosto de 2023, havia oferta de 16 papéis: o título disponível com prazo mais curto era o Tesouro Educa+ 2026, com vencimento em 15 de dezembro de 2030. Nesta data, o papel oferecia rentabilidade do IPCA + 5,06% e o investimento mínimo era de R$ 32,48.
Já o título mais longo era o Tesouro Educa+ 2041, que oferecia retorno de IPCA + 5,41% e tinha investimento mínimo de R$ 43,61. Para saber a rentabilidade oferecida no momento, acesse o site do Tesouro Direto.
Segundo Thiago Godoy, da Rico, escreveu em relatório, por ter uma taxa fixa de remuneração, mais a variação da inflação (IPCA) do período, este título tende a ter rendimento superior ao da poupança, além de ser uma “excelente alternativa para a preservação do patrimônio no longo prazo contra a inflação”, diz o educador financeiro.
Veja na tabela abaixo as taxas de cada título no dia 1º de agosto de 2023:
Título | Rentabilidade | Investimento mínimo | Preço unitário | Vencimento |
Educa+ 2026 | IPCA + 5,06% | R$ 32,48 | R$ 3.248,87 | 15/12/2030 |
Educa+ 2027 | IPCA + 5,05% | R$ 30,94 | R$ 3.094,83 | 15/12/2031 |
Educa+ 2028 | IPCA + 5,06% | R$ 58,89 | R$ 2.944,53 | 15/12/2032 |
Educa+ 2029 | IPCA + 5,10% | R$ 55,89 | R$ 2.794,79 | 15/12/2033 |
Educa+ 2030 | IPCA + 5,14% | R$ 53,00 | R$ 2.650,43 | 15/12/2034 |
Educa+ 2031 | IPCA + 5,17% | R$ 50,28 | R$ 2.514,07 | 15/12/2035 |
Educa+ 2032 | IPCA + 5,20% | R$ 47,67 | R$ 2.383,50 | 15/12/2036 |
Educa+ 2033 | IPCA + 5,23% | R$ 45,17 | R$ 2.258,54 | 15/12/2037 |
Educa+ 2034 | IPCA + 5,25% | R$ 42,83 | R$ 2.141,69 | 15/12/2038 |
Educa+ 2035 | IPCA + 5,27% | R$ 40,60 | R$ 2.030,07 | 15/12/2039 |
Educa+ 2036 | IPCA + 5,30% | R$ 38,41 | R$ 1.920,60 | 15/12/2040 |
Educa+ 2037 | IPCA + 5,33% | R$ 36,31 | R$ 1.815,98 | 15/12/2041 |
Educa+ 2038 | IPCA + 5,35% | R$ 34,37 | R$ 1.718,82 | 15/12/2042 |
Educa+ 2039 | IPCA + 5,37% | R$ 32,52 | R$ 1.626,15 | 15/12/2043 |
Educa+ 2040 | IPCA + 5,39% | R$ 30,75 | R$ 1.537,92 | 15/12/2044 |
Educa+ 2041 | IPCA + 5,41% | R$ 43,61 | R$ 1.453,99 | 15/12/2045 |
Como saber quanto vai render?
O investidor pode fazer simulações com a calculadora do Tesouro Educação e, dessa forma, descobrir quanto será preciso investir e por quanto tempo, para atingir seu objetivo para custear a educação.
Quais os riscos?
Segundo analistas da XP Investimenhtos, os riscos são os mesmos de qualquer título público. Eles listaram os três principais:
- Risco de crédito ou “calote”: é o risco de o governo brasileiro quebrar. Ou seja, é o menor risco dentre emissores brasileiros.
- Risco de mercado: é o risco de oscilações no preço do título antes do vencimento. Quando o risco de mercado sobe (e as taxas), o preço cai e vice-versa. Quanto mais longo o título, maior a tendência a oscilar. “No entanto, vale lembrar que o objetivo do título é o custeio de estudos. Sendo assim, o foco do investidor deveria ser mantê-lo até o vencimento (mitigando o risco de mercado”, ponderaram os analistas.
- Risco de liquidez: facilidade para negociações do título no mercado secundário, no qual um título com poucos compradores potenciais pode ser desvalorizado no momento de uma cotação de venda. No caso de títulos do governo, o risco de liquidez é consideravelmente baixo, diz a XP.
Além dos estudos
O Tesouro possui planos de que os títulos do Tesouro Educa+ sejam usados como garantia para alugar imóveis e financiamentos e aquisição de automóveis. “Isso significa que as instituições financeiras terão mais segurança ao oferecer linhas de crédito, o que pode se traduzir em juros mais baixos para os clientes”, afirmou Godoy, por nota
Ele destacou que, para quem está alugando um imóvel, a mudança pode facilitar o processo. “Os títulos poderão cobrir o depósito-caução, tornando o processo mais ágil e seguro. Afinal, muitas vezes, depositar três aluguéis para o locador ou buscar um fiador pode ser um desafio”, disse em relatório.