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Após lucro menor e corte em dividendos, ação da Petrobras cai; veja análises

Investidores reagiram ao resultado líquido de R$ 28,7 bilhões no segundo trimestre, queda de 47%.

As ações da Petrobras (PETR3 e PETR4) tiveram forte queda no pregão desta sexta-feira (4), figurando entre os principais destaques de baixa do Ibovespa. O papel PETR3 caiu 4,2% e o PETR4, 2,29%, puxando o recuo de 0,87% do Ibovespa.

Os investidores reagiram ao balanço da estatal petrolífera, que anunciou queda de 47% no lucro líquido no segundo trimestre deste ano, em base anual, para R$ 28,7 bilhões. Em relação aos três primeiros meses de 2023, o recuo foi de 24,6%.

Logo da Petrobras na sede da empresa no Rio de Janeiro 16/10/2019 REUTERS/Sergio Moraes

Também foi anunciada a recompra de 3,5% das ações preferenciais (PN) com prazo para aquisição de 12 meses. Considerando o preço de fechamento ontem (R$ 30,92), o programa totaliza gastos de R$ 4,8 bilhões. “Como esperado, o valor de recompra é pouco relevante”, avalia o analista da Guide Investimentos, Matheus Haag, em comentário. 

Dividendos menores

Além disso, o conselho de administração da Petrobras aprovou o pagamento de dividendos a acionistas, no total de R$ 14,8 bilhões. O valor equivale à remuneração de R$ 1,15 por ação, que ficam “ex” na B3 e em Nova York a partir do dia 22. 

O valor é 83% inferior ao mega dividendo de R$ 87,8 bilhões um ano antes e também abaixo do que foi pago no primeiro trimestre (R$ 24,7 bilhões). Trata-se do primeiro pagamento a acionistas após a mudança da política de dividendos da companhia.

Nesse sentido, o Santander avalia que o anúncio da recompra de ações está alinhado à nova política de remuneração. “O programa pode reduzir o spread (diferença) entre ações PN (PETR4) e ações ON (PETR3), especialmente porque os dividendos têm sido iguais para ambas classes de ações – uma tendência que deve persistir”, comentam os analistas do banco Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz, em relatório.

Estatal ‘desaponta, mas paga bons dividendos’

De um modo geral, analistas mostraram-se decepcionados com o resultado trimestral da Petrobras, em meio à queda dos preços do petróleo no mercado internacional e dos combustíveis no Brasil. 

Porém, a expectativa era de números ainda piores, principalmente em relação aos dividendos. “Petrobras desaponta, mas paga bons dividendos”, resume Haag, da Guide. Para ele, o dividend yield (retorno com proventos em relação ao preço da ação) anualizado de aproximadamente 15% representa um valor expressivo. 

O montante determinado foi aprovado pela nova política de remuneração aos acionistas e respeita a fórmula atual, de 45% da diferença entre o Fluxo de Caixa Operacional (FCO) menos o Capex (despesas de capital). 

Ainda assim, “os dividendos surpreenderam para cima”, avalia o analista Ilan Albertman, da Ativa Investimentos. Na mesma linha, os analistas André Vidal e Helena Kelm, da XP Investimentos, ressaltam que o pagamento de dividendos veio acima do consenso de mercado, de R$ 14 bilhões ou R$ 1,08 por ação.  

‘Novo normal’

Apesar de os dividendos surpreenderem positivamente, o desempenho operacional da Petrobras foi pressionado pela queda nos preços do petróleo negociados no exterior. Além disso, houve um aumento nos custos de extração, em meio aos sólidos indicadores de produção. 

Com isso, o aumento do endividamento não mostrou-se nada preocupante para os especialistas.

“Olhando para a frente, vale monitorar a tendência da dívida bruta em meio às novas plataformas alugadas e a tendência da lucratividade, uma vez que as margens devem ter sido pressionadas”.

RAFAEL PASSOS, analista da Ajax Asset.

Dessa forma, apesar de a petroleira ter reportado outro forte desempenho financeiro, vários riscos permanecem para o caso de investimentos. “Isso sem mencionar o fluxo de caixa líquido (FCL) mais baixo à frente, devido a mais Capex e vendas de ativos quase zero”, comentam os analistas da XP Investimentos, em relatório. 

Na visão do UBS BB, a Petrobras avança em direção a um “novo normal”. “Vemos uma normalização dos resultados no período e acreditamos que o segundo trimestre deste ano possa ser o primeiro sinal do que tende a ser um novo patamar recorrente de Ebitda da Petrobras e como isso pode se traduzir em futuras previsões de dividendos”, diz o banco. 

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