* ARTIGO
A Argentina elegeu o ultraliberal Javier Milei como presidente no último domingo (19), em uma vitória histórica sobre o peronismo. Milei, além de prometer uma revolução econômica no país, que sofre com uma inflação galopante e uma crise cambial, é um defensor do bitcoin (BTC), a criptomoeda mais popular e valiosa do mundo.
No primeiro turno das eleições, Milei ficou em segundo lugar, com 24,67% dos votos, atrás do candidato peronista Sergio Massa, que obteve 28,35%. No segundo turno, Milei reverteu a desvantagem e venceu com 55,79% dos votos, contra 44,20% de Massa.
O representante da ultra-direita já declarou que o bitcoin “representa o retorno do dinheiro ao setor privado, que é seu verdadeiro proprietário”. Consequentemente, a vitória de Milei teve um impacto praticamente instantâneo no preço do BTC.
A criptomoeda estava oscilando por volta dos US$ 35 mil dólares há algumas semanas, mas ultrapassou — e tem se mantido — acima dos US$ 37.200 após o resultado do segundo turno.
Nesse cenário, surge a pergunta: será que a Argentina seguirá o exemplo de El Salvador e também adotará o bitcoin como moeda oficial?
Embora seja possível relacionar o bitcoin com o novo presidente argentino, Milei é mais cauteloso do que o governante de El Salvador, Nayib Bukele, que é fã assumido da criptomoeda. Enquanto Bukele adotou o bitcoin como uma moeda oficial, Milei não tem essa intenção.
Entendendo Javier Milei
Javier Milei é economista formado pela Universidade de Belgrano e tem dois mestrados. Trabalhou em diversas empresas, inclusive o banco HSBC. Polêmico, o novo presidente argentino se lançou na política em 2021, liderando a frente La Libertad Avanza, que reúne partidos e movimentos de direita e de centro-direita.
Ele é adepto da escola econômica austríaca, que defende o livre comércio e a não intervenção do governo na economia, e do libertarismo, que prega a liberdade individual e a propriedade privada. Por isso, se considera “anarcocapitalista“.
Crítico ferrenho do banco central da Argentina, Milei acusa a instituição de ser uma farsa, um mecanismo pelo qual os políticos enganam as pessoas com o imposto inflacionário. Sua crítica é tanta que, durante sua celebração de aniversário, em 2018, ele fez uma aparição na televisão para quebrar uma pinhata que simbolizava um banco central.
Nesse contexto, a candidatura presidencial de Milei foi pautada na defesa da extinção do banco central e a dolarização da economia argentina, ou seja, a adoção do dólar americano, e não o bitcoin, como moeda oficial.
No entanto, a Argentina pode se tornar um país mais favorável ao bitcoin. Milei pode facilitar o acesso ao bitcoin, reduzir as barreiras regulatórias, estimular a educação financeira sobre o mercado de criptomoedas e reconhecer o bitcoin como um ativo legítimo, fortalecendo-o como uma alternativa ao sistema monetário tradicional.
Assim, a Argentina pode não ser o novo El Salvador, mas tem potencial de se tornar um polo de crescimento e de referência para o bitcoin na América Latina e no mundo — sobretudo se Milei começar a estreitar laços com a ele.
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