Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) – Após três sessões em queda, o dólar à vista fechou a sexta-feira com forte alta ante o real, de pouco mais de 1%, com investidores reagindo aos dados positivos do mercado de trabalho dos Estados Unidos, que deram força à ideia de que o Federal Reserve não começará a cortar juros em março.
O dólar à vista fechou o dia cotado a 4,9661 reais na venda, em alta de 1,04%. Na semana, a moeda acumulou alta de 1,12%.
Na B3, às 17:14 (de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,98%, a 4,9780 reais.
No início da sessão, o dólar à vista chegou a oscilar no território negativo, com os investidores à espera da divulgação do relatório de empregos “payroll”, nos EUA. Às 9h12, a divisa foi cotada na mínima de 4,9078 reais (-0,15%).
A divulgação do “payroll” às 10h30, no entanto, mudou o cenário.
O relatório mostrou que a economia norte-americana abriu 353.000 vagas de trabalho no mês passado, bem acima dos 180.000 postos projetados por economistas ouvidos pela Reuters. Já os dados de dezembro foram revisados para cima, mostrando 333.000 novos postos, em vez dos 216.000 informados anteriormente.
Além disso, a média de ganhos por hora aumentou 0,6% no mês passado, depois de subir 0,4% em dezembro. Nos 12 meses até janeiro, os salários aumentaram 4,5%, depois de avançarem 4,3% no mês anterior.
Os números fortes impulsionaram quase que instantaneamente os rendimentos dos Treasuries, em meio à leitura de que a economia dos EUA segue aquecida demais para que o Fed inicie o ciclo de corte de juros já em março.
No mercado global de câmbio, o dólar também disparou ante outras divisas, já que juros mais elevados nos EUA favorecem as cotações da moeda norte-americana.
No Brasil, o dólar à vista saltou 3 centavos de real menos de um minuto após a divulgação do payroll — um movimento substancial para a moeda. Às 12h35, ainda sob o efeito dos números, o dólar marcou a máxima de 4,9770 reais (+1,26%).
“Definitivamente, foi o efeito do payroll. No câmbio, o principal fator de curto prazo é o diferencial de juros (entre o Brasil e o exterior). E o diferencial de juros é impactado pela expectativa de inflação”, pontuou Matheus Massote, especialista de câmbio da One Investimentos.
“Os dados de hoje (sexta-feira) mostraram que a economia norte-americana continua aquecida, o que faz com que as expectativas de inflação para o fim do ano subam e os (rendimentos dos) Treasuries também. E o dólar subiu, com um movimento bem forte”, acrescentou.
Após atingir o pico do dia, o dólar perdeu um pouco de força, mas ainda assim sustentou ganho pouco superior a 1% ante o real. O movimento esteve em sintonia com o exterior, onde a moeda norte-americana também tinha ganhos firmes ante praticamente todas as demais divisas.
Às 17:14 (de Brasília), o índice do dólar –que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas– subia 0,81%, a 103,880.
Após fechar esta semana com alta forte, porém, o dólar pode passar por ajustes de baixa na segunda-feira, conforme alguns profissionais, caso não surjam fatores novos no horizonte. Isso ocorre porque sempre que há movimentos mais intensos numa sessão — como nesta sexta-feira — também surge espaço para realização de ganhos no dia útil seguinte.
Por outro lado, a próxima semana é a última antes do Carnaval, quando os mercados ficam fechados no Brasil, mas funcionam normalmente no exterior.
Em semanas assim, é comum que alguns investidores se posicionem para enfrentar o feriado comprados em dólar (posicionados no sentido de alta da moeda norte-americana), como forma de proteção.
Na manhã desta sexta-feira, em meio à forte volatilidade provocada pelo payroll, o Banco Central não aceitou nenhuma proposta do mercado no leilão de 16.000 contratos de swap cambial tradicional, ofertados para rolagem dos vencimentos de abril.
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