As maiores montadoras de automóveis do Japão prometeram cooperar em áreas com foco em tecnologia para sobreviver no cenário global em rápida evolução, no momento em que duas de suas maiores marcas de automóveis começam a negociar um acordo que efetivamente dividiria o setor do país em dois.

Na próxima década, os fabricantes precisarão reunir recursos e colaborar em áreas como inteligência artificial e veículos elétricos para alcançar os carros tecnologicamente sofisticados disponíveis em outros mercados, disse a Associação de Fabricantes de Automóveis do Japão em seu roteiro para 2035.

A convocação de união ocorre em um momento crucial para o setor japonês. A Honda acaba de anunciar um acordo que a levaria a incorporar a Nissan em seus negócios, em um empate que colocaria a dupla contra a Toyota e suas parcerias como a Mazda, Subaru e Suzuki.

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Embora esse acordo possa dividir o setor doméstico, as montadoras japonesas – famosas por seus modelos eficientes e confiáveis – estão unidas em sua luta para recuperar o terreno que perderam para as ofertas chamativas que transformaram a China em uma superpotência global de veículos elétricos.

“A indústria automobilística do Japão já foi líder global, mas a nova tecnologia e a instabilidade geopolítica enfraqueceram sua vantagem competitiva”, disse a JAMA em um comunicado na terça-feira (7).

Na própria China, o maior mercado de automóveis do mundo, as marcas japonesas estão lutando pela sobrevivência. Mas uma onda de veículos elétricos chineses está agora conquistando uma fatia cada vez maior do Sudeste Asiático – há muito tempo considerado um reduto das marcas antigas do Japão.

Há alguns pontos positivos: A Toyota, que tem sido criticada por sua hesitação em se afastar dos carros que consomem muita gasolina, tem sido uma grande beneficiária de um salto na demanda por carros híbridos na América do Norte. Mas as rápidas mudanças nas preferências dos consumidores em todo o mundo significam que há uma grande lacuna entre os modelos japoneses e as marcas puramente elétricas, como a Tesla, de Elon Musk, e a BYD.

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Ao mesmo tempo, o setor automotivo global está sendo afetado pelo aumento das tensões comerciais.

As tarifas sobre os veículos elétricos chineses importados para os EUA e a possibilidade de tarifas sobre produtos do México e do Canadá podem forçar as montadoras a ajustar seus planos para a América do Norte.

As dificuldades da Nissan mostraram as dificuldades enfrentadas pelas montadoras japonesas. Nas semanas que antecederam o anúncio de seu acordo com a Honda, a empresa cortou empregos e produção, relatou uma enorme queda no lucro e realizou uma reforma em seu quadro de executivos.

Espera-se que a parceria, que deverá reunir as duas marcas em uma única holding, seja listada até agosto de 2026.

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As negociações com a Honda estão em andamento, disse o CEO da Nissan, Makoto Uchida, aos repórteres durante o evento da JAMA na terça-feira, acrescentando que “reconstruir a lucratividade da Nissan é a primeira prioridade”.