O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (18) a taxa básica de juros, a Selic, em 0,25 ponto percentual, para 15,00% ao ano, maior taxa desde julho de 2006, em decisão unânime. Ao anunciar a nova alta, o BC indicou que pode interromper o ciclo de aperto monetário na próxima reunião, desde que o cenário se confirme.
No comunicado, o Copom afirmou que o atual cenário — com inflação acima da meta, expectativas desancoradas e atividade ainda resiliente — exige juros altos “por período bastante prolongado”. Mas antecipou que, se o cenário projetado se concretizar, “antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros” para avaliar os efeitos acumulados do aperto.
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“Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma interrupção no ciclo de alta de juros”, afirmou o comunicado. A mensagem representa uma mudança sutil, mas relevante em relação ao comunicado anterior, quando o BC dizia que “o cenário prescreve uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período prolongado” — sem qualquer menção à possibilidade de pausa.
Agora, o Copom reafirma que os juros devem seguir altos. E que deverá observar o impacto de todo o aperto monetário que já foi realizado:
“[O Comitê] avaliará se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta.”
Cenário desafiador
O Copom manteve a avaliação de que o ambiente externo continua “particularmente incerto”, com destaque para a política fiscal e comercial dos Estados Unidos, que afetam a volatilidade dos mercados. Internamente, o BC segue atento aos efeitos da política fiscal e à resiliência do mercado de trabalho.
A autoridade monetária também voltou a citar os riscos simétricos para a inflação, com ênfase nos seguintes pontos:
- Alta: expectativas desancoradas, serviços pressionados e câmbio depreciado;
- Baixa: desaceleração econômica doméstica ou global, e queda de commodities.
A próxima reunião do Copom está marcada para os dias 6 e 7 de agosto. O mercado deve focar, até lá, nos dados de inflação de junho e julho, além de eventuais surpresas fiscais que possam reverter a sinalização de pausa.