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Caoa Chery ousa ao apostar em jovem CEO que pode mudar futuro da empresa

Filho do fundador do grupo Caoa assume comando da marca em meio a planos de eletrificação de produtos.

Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, primogênito do fundador da CAOA Divulgação/CAOA

O ano de 2022 está sendo bastante agitado pelos lados da Caoa Chery. Ainda se recuperando da morte do empresário Carlos Alberto de Oliveira Andrade, a marca fez uma série de importantes anúncios.

O primeiro veio em maio, quando a empresa anunciou a paralisação da produção de veículos na fábrica de Jacareí (SP). A planta do interior paulista estava nas mãos do grupo Caoa desde 2017, quando adquiriu metade das ações da então cambaleante Chery e rebatizou a empresa de Caoa Chery.

Por trás da decisão controversa estava a decisão de remodelar a linha de produção para a fabricação de veículos eletrificados. Oficialmente, as atividades ficariam suspensas até 2025, mas o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região revelou que todos os funcionários seriam demitidos.

Assim, toda a produção da marca sino-brasileira passou a se concentrar na fábrica de Anápolis (GO), que hoje fabrica os modelos Tiggo 5X, Tiggo 7 e Tiggo 8.

Foi um anúncio bastante inesperado justamente em um dos momentos de maior sucesso da novata marca por aqui. Até porque, aliado ao fim das atividades em Jacareí, dois sucessos de venda da Caoa Chery deixaram de ser produzidos: os SUVs Tiggo 2 e Tiggo 3X, sendo que este último havia sido apresentado no final de maio de 2021 – apenas um ano antes.

A era eletrificada

Enquanto o impasse permanecia, a Caoa Chery fez outro anúncio de impacto um mês depois. A empresa anunciou a eletrificação de toda sua gama de produtos com seis lançamentos de uma só vez. Assim vieram os híbridos leves Arrizo 6 Pro Hybrid, Tiggo 5X Pro Hybrid e Tiggo 7 Pro Hybrid; o híbrido plug-in Tiggo 8 Pro Plug-in; e o subcompacto iCar, único veículo 100% elétrico da nova leva de estreias da empresa.

Apesar da surpresa, a Caoa Chery foi um pouco mais cautelosa desta vez ao não descontinuar as versões movidas a combustão. A intenção era apenas oferecer opções eletrificadas de todos os produtos de sua gama.

Até agora, entre todos os modelos, o maior sucesso até o momento é o iCar. O simpático modelo foi o carro elétrico mais vendido do país em setembro com 592 emplacamentos – um recorde na história de licenciamentos de modelos movidos a eletricidade no país.

iCar | Imagem de divulgação

Sob nova direção

O anúncio mais recente aconteceu na semana passada, em pleno final de semana. A empresa confirmou que Carlos Alberto de Oliveira Andrade Filho, primogênito do fundador da empresa, assumirá o comando da companhia a partir de dezembro. Assim, o então presidente da Caoa Chery, Mauro Correia, passará a ocupar o cargo de vice-presidente.

“Tenho orgulho do que construímos até agora e vamos muito além com a certeza de continuar entregando os melhores produtos e serviços ao mercado. Sempre com inovação, modernização, profissionalização e foco nas necessidades, desejos e satisfação dos clientes”, disse Carlos Alberto Filho.

Com apenas 23 anos, ele será o mais jovem presidente da história da Caoa – e o executivo mais jovem da indústria automotiva nacional. Formado pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, Carlos chega ao comando da empresa fundada por seu pai com a missão de manter o crescimento da marca nos últimos anos.

Ainda no processo de reformulação, Marcio Alfonso, até então vice-presidente da Caoa Montadora, deixou a companhia. Já a mãe do novo CEO, Izabela Molon Luchesi de Oliveira Andrade, e o irmão mais novo, Carlos Philippe de Oliveira Andrade, mantiveram os assentos no comando do grupo.

Embora a renovação fosse previsível, é inegável que o falecimento de Carlos Alberto de Oliveira Andrade acelerou o processo que só aconteceria dentro de alguns anos. Carlos Filho pretende honrar o legado da empresa fundada por seu pai abrindo mão de produtos lucrativos ao apostar na eletrificação. A estratégia pode até dar certo – e se isso acontecer, o jovem colherá os louros da ousadia. Porém, caso o resultado seja outro, as consequências podem ser desastrosas. Isso só o tempo vai dizer.

*Vitor Matsubara é jornalista automotivo e editor do Primeira Marcha. Tem passagens por Quatro Rodas, de 2008 a 2018, e UOL Carros, de 2018 a 2020.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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