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Coluna do Samy

Mais um motivo para combater a poluição: ela afeta os mercados

Aumento de 10 miligramas por metro cúbico na concentração de partículas finas de poluição pode levar a bolsa de valores a uma queda diária de 1,2%, diz estudo.

A poluição do ar é um dos problemas mais graves de qualquer cidade. Afeta a qualidade de vida das populações, atingindo principalmente os mais pobres, além de causar um aumento das doenças respiratórias e, não raro, atrapalhar o desenvolvimento econômico. Ou seja, é uma questão que merece a preocupação dos governantes e da sociedade em geral.

Mas há mais um efeito menos conhecido, demonstrado por um estudo de pesquisadores finlandeses: o nível de poluição de um local também afeta os retornos e a volatilidade dos mercados financeiros.

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Um aumento de 10 miligramas por metro cúbico na concentração de partículas finas de poluição pode levar a bolsa de valores a uma queda diária de 1,2%, segundo o trabalho, produzido pelo Centro de Desenvolvimento Respiratório e Ambiental da Universidade de Oulu e publicado na revista Nature.

Já era especulada a relação entre poluição e o mercado acionário. Mas os resultados de estudos anteriores não eram muito claros e, não raro, contraditórios, se limitando a determinada região ou um curto espaço de tempo. Os três autores do trabalho, Marko Korhonen, Simo-Pekka Kiihamäki e Jouni J. K. Jaakkola, cruzaram dados econômicos e sobre a poluição do ar em 47 cidades e 42 países, permitindo conclusões em escala global.

Foram analisados mercados financeiros de peso, como os de Londres, Madri e Paris, inclusive o mais importante do mundo, de Nova York. Em cada cidade, foi verificada uma variação negativa nos índices quando o nível de poluição aumentava, ainda que não na mesma intensidade. Na Bolsa de Milão, na Itália, por exemplo, a queda dos índices nos dias poluídos era pior do que a média, de 2%.

Outra parte do estudo verificou se a poluição também leva a mais volatilidade dos mercados. Mais uma vez a resposta foi positiva. Em geral, em dias poluídos, as bolsas oscilam mais, mas a intensidade varia de cidade para cidade, Há, no entanto, um destaque negativo. Em Nova York, um alto nível de poluição aumenta em 22% a possibilidade de um pregão instável. O percentual da cidade ficou bem acima da média, assim como ocorre em Oslo (Noruega), Londres, Bruxelas (Bélgica) e em Lisboa (Portugal).

Os resultados são a primeira conclusão definitiva de que a poluição do ar a que estão submetidos afeta a tomada de decisão dos investidores. De que maneira ainda não está totalmente claro, mas o estudo apresenta duas possibilidades. A primeira é de que a exposição a partículas muito finas de poluição piora o humor deles, que tenderiam a olhar o mercado de maneira mais pessimista.

A segunda hipótese é de que, ao inalarmos as partículas, nossa capacidade cognitiva é afetada, levando a más decisões e maior propensão ao risco. Uma conclusão preocupante, já que a poluição não afeta apenas investidores, mas a população em geral.

*Samy Dana é Ph.D em Business, apresentador do Cafeína/InvestNews no YouTube e comentarista econômico.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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