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Como funciona o método de investimento de Philip Fisher?

Investidor focava em fatores não numéricos, tais quais os aspectos qualitativos, que sempre defendeu como propulsores de crescimento no longuíssimo prazo.

Tiago Reis

Nesta edição abordaremos algumas das principais lições de Philip Fisher, investidor reconhecido como um dos mais influentes na história do value investing.

Por sua trajetória, ele é exaltado como um dos primeiros value investors a adotar o foco em fatores não numéricos, tais quais os aspectos qualitativos, que sempre defendeu como propulsores de crescimento no longuíssimo prazo.

Fisher viveu sua vida inteira em San Francisco, na Califórnia, onde também fundou sua própria firma de investimentos, a Fisher & Co. A empresa nasceu em 1932, logo após o investidor ter testemunhado o início da Crise de 1929 enquanto trabalhava em um banco local.

Com a economia no chão e os investimentos como algo fora de moda durante esse período, ele aproveitou o fato dos executivos das empresas terem tempo de sobra em suas agendas para executar o cerne de sua estratégia: ter contato contínuo com os diversos escalões de colaboradores das companhias, com os quais também discutia sobre os concorrentes.

Tal estratégia foi batizada pelo investidor como método Scuttlebutt, que como a tradução livre da palavra já direciona, representa o conhecido hábito de troca de informações por meio da fofoca.

De uma maneira mais precisa e sistemática, as ideias de Fisher apontam que a prática de manter contato com diversos stakeholders de uma empresa ou indústria permite que os pontos fracos e fortes de cada companhia inserida nela sejam obtidos de maneira confiável. 

Uma ótima perspectiva, segundo ele, é construída pelas opiniões cruzadas entre esses diversos atores, ideia que clarificou na seguinte frase:

“Visite cinco companhias em uma indústria e pergunte a seus membros questões inteligentes sobre os pontos fortes e fraquezas das outras quatro, e nove entre dez vezes um diagnóstico preciso sobre todas elas irá aparecer.”

Em adição a essa ideia, Fisher sempre propagou que grandes retornos chegam para aqueles investidores que são hábeis para encontrar empresas que podem crescer suas receitas e lucros em maiores dimensões que suas indústrias como um todo.

Segundo ele, essa característica de qualidade e dominância é uma vantagem competitiva que permite investimentos que entregam retorno permanecendo em uma carteira por muito mais tempo que o habitual.

Em relação aos momentos mais propícios para a compra das ações desses negócios excepcionais, Fisher destaca os períodos em que os preços das empresas estejam sofrendo pressão por fatores externos às suas operações, tais quais os períodos em que vivenciamos recessões generalizadas.

Ao invés de tentar adivinhar para que lado uma indústria ou o mercado de ações deve ir, ele propaga que o investidor deve focar seus esforços em encontrar quais as companhias que possuem vantagens competitivas fortes o suficiente para fazê-las ultrapassar até mesmo as piores crises.

Ainda sobre esse tema, Philip Fisher foi ainda mais incisivo ensinando que, ao decidir investir em uma empresa que preenche as qualidades necessárias, as pessoas devem estar preparadas para ignorar até os rumores de uma guerra se aproximando para seguir com o planejamento de compra.

Não por acaso, a célebre frase que manda os investidores comprarem ao som dos canhões e venderem ao som dos trompetes foi popularizada por Warren Buffett, que se auto-intitula como um discípulo de Philip Fisher. Em diversas ocasiões, Buffett mencionou que sua estratégia de investimentos é uma junção das ideias de Fisher com a base de Benjamin Graham.

No que concerne às razões que podem justificar a venda de uma ação originalmente selecionada por tais qualidades em momentos oportunos, três motivos são admitidos por Fisher: 

  • Erros de análise: quando a companhia não preenche os requisitos como se pensava;
  • Mudanças nas circunstâncias: quando os requisitos deixaram de ser preenchidos;
  • Custo de oportunidade: quando uma oportunidade mais atrativa aparece e precisa ser financiada.

Ao adotar tais premissas, os investidores estarão prontos para encontrar oportunidades que preenchem o círculo virtuoso defendido pelo renomado investidor que foi uma das principais referências de Buffett, tido por muitos como o maior investidor de todos os tempos.

De acordo com Fisher, empresas extraordinárias são caracterizadas pela sua habilidade de manter e estender significativas vantagens competitivas ao longo dos anos, enquanto essas vantagens propiciam com que esses negócios aumentem suas receitas e lucros de forma substancial.

Por fim, também vale relembrar que tais características de valor não podem ser captadas com análises restritas a fórmulas matemáticas, sendo essa prerrogativa o foco do legado que Philip Fisher deixou para o aprimoramento da filosofia do value investing

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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