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Fintechs x bancos tradicionais: a guerra no sistema financeiro

Ambas organizações têm desafios bastante claros, e as que superarem primeiro esses desafios, possuem chances reais de se sagrarem vitoriosas nessa disputa.

Tiago Reis

Ao longo das últimas semanas, importantes fintechs brasileiras anunciaram planos de listar suas ações em Nova York, enquanto pretendem ter seus BDRs disponíveis na B3. Com isso, alguns investidores retomaram um antigo debate que já acontece há alguns anos: fintechs x bancos tradicionais. 

Historicamente temos que o mercado de crédito, por exemplo, esteve bastante concentrado no Brasil em poucos players, sendo eles nominalmente Banco do Brasil (BBS3), Itaú (ITUB3 e ITUB4), Bradesco (BBDC3 e BBDC4), Santander (BCSA34) e Caixa Econômica Federal

Além disso, tínhamos o BNDES atuando como banco de investimento, contando também com bancos regionais, como o Banco do Nordeste e o Banco da Amazônia

Juntos, esses bancos concentravam algo como 85% a 90% de todo o crédito disponível para empresas e famílias. 

Do ponto de vista dos investimentos, tínhamos que esses mesmos bancos, utilizando sua rede de agências, eram o pilar central para a oferta de produtos de baixa qualidade e altas taxa como capitalização, poupança, fundos de renda fixa, etc.

Tal cenário, aliado com uma agenda de concorrência incentivada pelo Banco Central após 2015, possibilitou que novos entrantes desafiassem esses players incumbentes, causando uma série de divergência de opiniões a respeito dos grandes bancos como teses de investimentos.

De um lado temos empresas menores, mais ágeis, desafiando o sistema financeiro atual, mirando em produtos e serviços específicos. De outro, temos grandes instituições financeiras, com processos mais burocráticos, instituições com dezenas e as vezes centenas de anos de história, com ampla oferta de produtos e serviços financeiros. 

Ambos têm desafios bastante claros, e os que superarem primeiro esses desafios, possuem chances reais de se sagrarem vitoriosos nessa disputa. 

As fintechs precisam ganhar capilaridade para atrais clientes e conseguir monetizá-los de maneira eficiente, enquanto os incumbentes precisam se modernizar para oferecer produtos e serviços de maior qualidade para fidelizar seus clientes já estabelecidos. 

Um ponto importante de deixar claro é que certamente o caminho do digital, do mundo sem portas giratórias, sem filas e sem agências, é sem volta, e quem ajudou a criar esse mundo, sem dúvida nenhuma, foram as fintechs.

Além disso, é sempre importante ter em vista que toda a transformação que aconteceu no Brasil foi e é parte de um fenômeno global sem precedentes em que a tecnologia transformou, em poucos anos, o mercado financeiro em diversos lugares do mundo. 

Nesse sentido, é importante notar que, nem no Brasil nem no mundo, os bancos assistiram de forma passiva esse avanço das fintechs. Eles de fato se modernizaram e estão investindo (pesado) em novas tecnologias. 

Outro fator que merece destaque é que, como as grandes instituições financeiras possuem volumes de recursos bastante elevados, eles podem comprar as fintechs que mais lhe chamarem atenção, fato observado pela aquisição, ainda em 2017, de quase 50% da XP por parte do Itaú. 

Jamie Dimon, o CEO do JP Morgan, disse em sua carta anual que: (i) as fintechs são uma tremenda e real ameaça para os bancos; (ii) as fintechs vieram para ficar; e (iii) as fintechs fizeram um grande trabalho desenvolvendo produtos fáceis de usar, intuitivos, inteligentes e mais velozes para os clientes.

O profit pool dos bancos está sob ataque de todos os lados: crédito, serviços, investimentos, câmbio. Aos investidores cabe decidir: os bancos se modernizarão antes de perder relevância? As fintechs ganharam capilaridade e conseguirão monetizar sua base de clientes?

São perguntas relevantes de serem respondidas ao decidir pelo investimento, ou não, nesse tipo de ativo. 

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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