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Ouse falar sobre dinheiro em 2021

Quando os homens falam sobre o assunto é mais provável que sejam vistos como bem-sucedidos, enquanto as mulheres são mais propensas a serem vistas como ambiciosas ou superficiais.

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Nesta semana eu trago para discussão um tema de muita importância: o dinheiro. “As mulheres não gostam de falar sobre dinheiro!”. Você também já ouviu essa afirmação?

Segundo alguns estudos da Harvard Business School, as mulheres detêm apenas 9% das posições em venture capital, 6% em private equity e 3% em hedge funds. Mais do que isso, as mulheres representam menos de 17% dos cargos de liderança em investment banking. Segundo pesquisa da Ellevest intitulada “The Ellevest 2018 Money Census”, 86% dos consultores de investimentos são homens.

Tudo nos indica que “dinheiro” é um tema para homens e por homens.

Já falei e escrevi algumas vezes o quanto considero importante nós mulheres irmos além da nossa independência financeira. Por isso, trago aqui algumas reflexões para pensarmos e colocarmos em prática.

Vamos falar sobre dinheiro?

Este é um assunto muito pessoal para a maioria das pessoas, sejam homens ou mulheres.

Porém, nós podemos notar os vieses inconscientes e preconceitos velados em relação ao assunto. Quando os homens falam sobre dinheiro é mais provável que sejam vistos como bem-sucedidos, inteligentes ou muito interessados pelo tema, enquanto as mulheres são mais propensas a serem vistas como ambiciosas ou superficiais.

O fato é que não fomos “criadas” para lidar com esse assunto. Não nos sentimos confortáveis em falar sobre isso com pessoas conhecidas, muitas vezes dentro da nossa própria casa e família. Por que todas as vezes que temos que tratar desse assunto vem uma sensação negativa e temos medo?

A realidade é que dificilmente esse assunto é mencionado em uma conversa entre amigas. Eu fiz essa pergunta em uma roda de amigas muito próximas, que eu admiro muito. Mulheres inteligentes, bem sucedidas e que estão construindo seu patrimônio. Todas, sem exceção, cuidam dos seus investimentos, mas pedem ajuda ou validam ideias com os parceiros. Questionei: “Vocês perceberam que todas nós precisamos de uma opinião masculina? Será que não confiamos em nós mesmas?”.

As respostas foram diversas. Algumas porque o marido trabalha no mercado financeiro ou conhece e estuda muito o tema. E outras simplesmente acham o tema um pouco chato. A maioria delas segue independente as suas decisões e vida financeira. Um outro ponto levantado foi a possibilidade de haver um problema de linguagem. Esse vocabulário de mercado faz parecer que esse tema não acessível para nós. Será que é mesmo muito técnico?

Depois que conversamos eu refleti: essa foi a primeira vez que falamos sobre o tema em grupo, que todas falaram no que investem. Uma contou sua experiência em ações e como ganhou dinheiro com isso, outra pediu ajuda para conhecer mais o setor de “tech”. O que para os homens é um assunto comum e frequente em encontros e conversas.

Que nós mulheres tenhamos coragem para conversar sobre dinheiro com nossas amigas, desde sermos transparentes sobre nossas realidades até falarmos abertamente nossas ambições financeiras.

Sallie Krawcheck, que é fundadora e CEO da Ellevest, diz: “Nós, mulheres, não seremos totalmente iguais aos homens até que sejamos financeiramente iguais aos homens”.

Eu assino embaixo.

Vamos falar mais sobre dinheiro?

*Co-fundadora do Fin4she, atualmente é responsável por liderar e implementar os projetos para promover o protagonismo das mulheres no mercado e a independência financeira feminina. É a idealizadora do Women in Finance Summit Brazil, com mais de 800 mulheres do mercado inscritas. Foi executiva da Franklin Templeton por 10 anos e trabalha no mercado financeiro desde 2006. É mãe do Tom e do Martin e através do Fin4she tem a missão de promover uma transformação na carreira e vida das mulheres, para que iniciativas como essa não precisem existir mais no futuro.

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