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Como o Efeito Peltzman impacta suas decisões de investimento?

Fenômeno psicológico mostra que o ser humano diminui seu cuidado quando a percepção de risco é menor.

Tiago Reis

Nesta coluna abordaremos o Efeito Peltzman, também conhecido como efeito da compensação de risco. Esse fenômeno psicológico mostra que o ser humano diminui seu cuidado quando a percepção de risco diminui.

Sam Peltzman, professor de economia na Universidade de Chicago, formulou uma teoria que diz que pessoas tendem a ajustar seu comportamento de acordo com sua percepção de risco. Se tornando mais cautelosas conforme a percepção de risco aumenta e mais ousadas quando a percepção de risco se reduz.

Esse fator pode fazer com que certas medidas de segurança tenham um resultado inferior ao inicialmente esperado.

O exemplo dos cintos de segurança

Um clássico exemplo do efeito Peltzman é o efeito dos cintos de segurança no tráfego. Um estudo de 1995 chamado “The Effects of Automobile Safety Regulation” analisou o comportamento de motoristas dirigindo com e sem cinto de segurança. Seu estudo mostrou que quando um mesmo motorista está com o cinto ele passa a andar mais rápido e de forma menos cuidadosa.

Uma dinâmica parecida está ocorrendo na atualidade com a vacinação contra o covid-19. Quando as pessoas são vacinadas elas se sentem mais seguras frente ao coronavírus, fazendo com que elas tenham comportamentos mais arriscados e passem a respeitar menos o isolamento social e o uso de máscara.

Assim, o efeito Peltzman faz com que o resultado da vacinação seja menos positivo do que o inicialmente esperado.

Efeito Peltzman nos investimentos

E nos investimentos, quais são os impactos do efeito Peltzman? Existe mais de um exemplo de como o efeito Peltzman pode afetar os investidores.

De início, pode-se pensar em uma situação de alta no mercado de ações, em que a volatilidade é baixa, e muitos investidores começam a acreditar que as ações terão uma tendência permanente de alta.

Nesse caso, os investidores tendem a ignorar os riscos da renda variável, assumindo posições mais arriscadas, com múltiplos mais esticados e até mesmo usando a alavancagem financeira para adquirir os ativos.

Em outras palavras, alguns investidores se arriscam de forma exacerbada no momento de euforia no mercado e acabam tendo uma desvalorização patrimonial elevada quando o mercado corrige os excessos.

De forma contraria, após as quedas do mercado acionário, investidores tem medo e não querem comprar ações em suas mínimas. Ter um pensamento contrário a manada quando se trata dos ciclos do mercado é uma estratégia de muito sucesso.

Como Warren Buffett afirma: “tenha medo quando os outros estão gananciosos e ganância quando os outros estão temerosos.”

Além do efeito observado nos ciclos do mercado, o efeito Peltzman também é visto na análise de ativos. Quando um investidor compra uma ação por uma recomendação de terceiros ele tende a analisar menos este ativo, se sentindo seguro visto que possui respaldo de uma outra pessoa.

Tratando-se de ativos mais arriscados também se observa este efeito. Investidores tendem a gastar mais tempo analisando investimentos menos ortodoxos como empresas de pequena capitalização e com menor cobertura, enquanto para investir em empresas altamente conhecidas o investidor tem uma análise muito menos cuidadosa.

Devemos nos atentar ao efeito Peltzman quando investimos, pois quanto mais nos sentimos seguros mais estamos propensos a corrermos riscos desnecessários. Assim, não deixe este viés cognitivo te atrapalhar no mundo dos investimentos. Um bom controle emocional é tão ou até mesmo mais importante que a capacidade de analisar ativos.

*A Suno é uma casa de análise especializada em conteúdo sobre investimentos e educação financeira para o pequeno investidor pessoa física.

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