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Boas ideias? Veja como o livro do Steven Johnson pode ajudar

Autor explica como surgem os insights e dá exemplos de grandes invenções e inovações.

“De onde vem as boas ideias”, livro do Steven Johnson, um dos mais influentes pensadores de tecnologia, nos leva a uma jornada pela história das grandes invenções e inovações ― de Darwin e Freud, às ideias do Google e da Apple ― e nos mostra os padrões fundamentais dos processos de inovação desenvolvidos pelo homem.

Uma cronologia rica de insights 

O livro faz uma cronologia de invenções e inovações fundamentais desde 1400 aos anos 2000. Diria que nos remete a uma aventura do conhecimento e, sem dúvida, podemos aprender muito examinando esses grandes insights que mudaram o mundo com “engenho e arte”.

A inovação requer ambientes diferenciados 

Steven Johnson nos mostra à luz de evidências de que as grandes inovações criadas pela humanidade não resultam de prodigiosos talentos individuais ou de mentes superiores isoladas, mas de ambientes ideais onde a inovação floresce. 

Assim fizeram os grandes inovadores italianos como Michelangelo, Brunelleschi e Da Vinci, nesse ambiente propício nas cidades mais urbanizadas da Itália na Era do Renascimento. As cidades são também locais de ambientes para a disseminação do conhecimento.

Nos dias atuais, vive-se um novo Renascimento devido ao vigoroso avanço que a digitalização criou e nos proporciona uma nova realidade: a “transversalidade do conhecimento“, a hiperconectividade e a portabilidade sem meio físico. São condições para criação de ambientes para um ciclo virtuoso de inovação e invenção, assim creio.

As boas ideias não surgem do nada. São construídas a partir de um grupo de partes existentes, cuja combinação se expande, porém, às vezes, contrai-se. 

O uso das metáforas 

Usualmente utilizamos inúmeras metáforas diferentes para descrever boas ideias: falamos de centelhas, lampejos, dizemos que uma lâmpada se acende em nossa mente, temos sopros e iluminações, estalos e epifanias. 

Alguma coisa nesses conceitos empurra nossa linguagem para o excesso retórico, nossa verbosidade esforçando-se para reproduzir a inovação que descreve.

No entanto, por mais floreadas que sejam essas metáforas, nenhuma delas exprime o que de fato é uma ideia no nível mais elementar. 

O que seria uma boa ideia

Uma boa ideia é uma rede. Uma constelação específica de neurônios – milhares deles –  que se acende, uns em sincronia com os outros, pela primeira vez em nosso cérebro. A partir daí, “pipoca” em nossa cabeça.

Conectividade é o segredo da inovação 

“É verdade que as ideias ocorrem dentro de mentes, mas essas mentes estão invariavelmente conectadas com redes externas que moldam o fluxo de informação e inspiração a partir do qual grandes ideias são formadas”, destaca Steven Johnson. 

E nos dias atuais na era digital a velocidade da inovação terá uma escala ainda maior, como podemos verificar na produção das vacinas contra a covid-19, onde anos transformaram-se em meses.

Na ‘Era Digital’, o mundo ‘deliverou’ e se hiperconectou 

Segundo Steven Johnson a transversalidade do conhecimento, a hiperconectividade e a portabilidade sem meio físico, acelerou a fragmentação da mídia e criou novos veículos de distribuição, bem como avançou o mundo digital na política, economia, finanças, negócios,  educação, música, mídia, editoração, relacionamento social, uma nova indústria de plataformas e aplicativos. 

Em síntese, o mundo tornou-se “deliverável”, “hiperconectável”.

A serendipidade é o bom acaso

O autor dedica um capítulo inteiro à serendipidade, tema que acompanho há mais de 20 anos e cada vez me faz descobrir o “acaso” que me trouxe coisas boas, desde a descoberta da paixão por ensinar a modelar negócios.

O autor é enfático ao afirmar que a língua inglesa é abençoada ao cunhar essa palavra maravilhosa que exprime o poder da conexão acidental: “serendipity”. 

Usada pelo romancista inglês Horace Walpole em uma carta escrita em 1754, a palavra provém de um conto de fadas persa intitulado “Os três príncipes de Serendip”, cujos protagonistas estavam “sempre a descobrir, por acidente e sagacidade, coisas que não procuravam”. 

O romancista contemporâneo John Barth descreve isso em termos náuticos: “você não chega a serendipity traçando um caminho para lá. Tem de partir com convicção para outro lugar e perder o rumo serendipitosamente, mas a serendipidade não é apenas uma questão de abraçar encontros fortuitos por puro deleite. Ela é feita de felizes coincidências, sem dúvida, porém o que as torna felizes é o fato de a descoberta ser significativa para quem a fez”. 

A serendipidade completa uma intuição ou abre uma porta para o possível adjacente que não havíamos percebido assim foi na descoberta da penicilina. 

A premissa de que a inovação próspera quando ideias podem se conectar e se recombinar serendipitosamente com outras é muito singular.

Uma magnetizante lista de inovação 

Trago aqui, com inspiração ao ler esse belo livro de Johnson, uma seleção de inovações que mudaram o mundo e que me chamou a atenção em conexão com os dias atuais: 

  1. As manobras contábeis e possivelmente fraudulentas no caso das Lojas Americanas e de tantos outros escândalos como o caso das pirâmides de é filha bastarda da invenção da contabilidade.

Contabilidade de dupla entrada (1300-1400): codificado pela primeira vez pelo frei franciscano e matemático Luca Pacioli em 1494, o método da dupla entrada já vinha sendo usado por pelo menos dois séculos por banqueiros e negociantes italianos. 

Há alguns indícios de que ele foi desenvolvido por empresários islâmicos, que o transmitiram aos italianos por meio dos centros comerciais de Veneza e Gênova. Prensa de tipos móveis (1440): 

  1. A imprensa e a desmaterialização dos meios e os novos veículos da “Era Digital”.
  2. Embora alguns elementos, incluindo o conceito de tipo móvel, remontam a inventores chineses e coreanos mais antigos, o processo de impressão que combinava a prensa de parafuso e o tipo móvel foi criado por Johannes Gutenberg por volta de 1440.
  3. Internet (1970-1975): auxiliado por muitos outros cientistas da computação, o americano Vinton Cerf projetou e criou o modelo original da internet, baseando-se em pesquisas e experimentos com redes de troca de pacotes de informação que desenvolveu anteriormente sob o patrocínio da Advanced Research Projects Agency do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.
  4. World Wide Web (1989-1992): o engenheiro de software britânico Tim Berners-Lee projetou o programa para a World Wide Web de maneira quase completamente independente quando trabalhava no Cern (Laboratório Europeu para Física de Partículas), numa tentativa de criar um “caderno de hipertexto”, inspirado pela lembrança de uma enciclopédia que conhecera quando menino.

Auguro que essa leitura amplie seu repertório criativo e inspire inovações para seu dia a dia

Aloísio Colunista do InvestNews

As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação. 

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