Em um cenário macro que inclui expectativas de juros nos Estados Unidos e dados decepcionantes na China, uma notícia sobre a redução da posição da SpaceX, de Elon Musk, em bitcoins ajuda a puxar a criptomoeda para baixo nesta sexta-feira (18).
Por volta das 11h, o bitcoin (BTC) era cotado a US$ 26.313, em baixa de 7,55% no dia – embora ainda acumule em 2023 uma disparada perto de 60% até agora.
Segundo reportagem do jornal “The Wall Street Journal”, a SpaceX se desfez de US$ 373 milhões em bitcoin entre os anos de 2021 e 2022.
“Isso trouxe uma certa insegurança em relação ao futuro não só do mercado do cripto, mas também sobre por que o Elon Musk estaria se desfazendo de um ativo de volatilidade que estava no seu caixa”, comenta Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos.
Ricardo Pegnoratto, especialista em criptomoedas da Top Gain, acredita que o movimento “seria um aproveitamento do momento pra poder fazer um despejo, uma uma venda, – ou seja, a SpaceX, do Elon Musk, que é um dos grandes investidores nesse mercado, também fazendo uma realização de lucros”.
Liquidação mais forte desde FTX
Em meio aos receios dos investidores, Medeiros aponta que o mercado cripto enfrentou uma liquidação de quase US$ 1 bilhão num período de duas horas.
“Esse foi o movimento de liquidação mais forte desde a quebra da FTX”
Felipe Medeiros, analista de criptomoedas e sócio da Quantzed Criptos.
O especialista acrescenta que “isso foi uma consequência das notícias e acabou também dando margem para algum tipo de manipulação”.
Outros fatores
O cenário mais avesso ao risco nos últimos dias também vêm pesando sobre o mercado cripto. Nos Estados Unidos, o rendimento dos títulos soberanos (Treasuries) chegou a bater a máxima em dez anos, em meio a expectativas de uma postura ainda rígida do Federal Reserve (Fed) na condução da política monetária, com juros elevados por mais tempo.
Além disso, seguem as incertezas sobre a retomada da economia chinesa, com dados fracos sobre a atividade sendo divulgados nos últimos dias, enquanto as medidas de estímulos anunciadas pelo governo continuam sendo consideradas insuficientes pelo mercado.
Nesta sexta, pesa ainda mais sobre o mercado a notícia de que a Evergrande Group, gigante imobiliário cujos atrasos aceleraram para uma crise de dívida imobiliária mais ampla na China, buscou proteção contra falência em Nova York,
Medeiros comenta que essa sequência de notícias trouxe uma tendência negativa para as bolsas de valores, “e isso refletiu no mercado de cripto”.
Motivos também são técnicos
Além das notícias negativas para o mercado, Ricardo Pegnoratto acrescenta que fatores técnicos têm aumentado a pressão sobre o bitcoin.
“Primeiramente, nós passamos praticamente 60 dias numa lateralização bem forte na região que compreende dos US$ 29 mil até os US$ 31 mil. E, nesse período, a volatilidade foi se espremendo cada vez mais, chegando aos níveis mais baixos dos últimos 5 anos”, comenta.
“Nessa região muitos traders se alavancaram em posições de compra, apostando num movimento de alta”, diz, explicando que o mercado “estourou nesse sentido para buscar a liquidez desses contratos em aberto”.
“Como nós tínhamos 85% aproximadamente dos contratos em abertos em compra, então foi necessário que o mercado fizesse uma volatilidade negativa, ou seja, que ele buscasse o ‘stop’ desse pessoal que eram stops de venda, então o preço desabou.”
Ricardo Pegnoratto especialista em criptomoedas da Top Gain
A partir de agora, o especialista aponta que, pela análise gráfica, há um ponto de suporte para o bitcoin na casa dos US$ 25 mil, motivo pelo qual os investidores devem ficar atentos aos próximos movimentos da principal criptomoeda do mercado.
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