*ARTIGO
Desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia, os holofotes dos investidores em ativos digitais se voltaram para o país russo, já que uma das possibilidades de driblar as sanções econômicas impostas pela Europa e Estados Unidos seria utilizar criptomoedas.
Em maio, o governo russo estava cogitando permitir o uso de ativos digitais para seus pagamentos internacionais, conforme disse o Ivan Chebeskov, chefe do departamento de política financeira do Ministério das Finanças.
Contudo, recentemente, no dia 14 de julho, o presidente da Rússia sancionou uma lei que proíbe pagamentos com criptos, dinheiro usado para driblar sanções econômicas sofridas pelo país. Segundo ela:
“É proibido transferir ou aceitar ativos financeiros digitais como contraprestação por bens transferidos, obras executadas, serviços prestados, bem como de qualquer outra forma que permita assumir o pagamento de bens (obras, serviços) por um ativo financeiro digital, salvo disposição em contrário das leis federais”.
A lei também determina ainda que o governo pode confiscar ativos financeiros sem o envolvimento ou autorização das exchanges de criptomoedas.
No entanto, com regulação ou sem regulação, com proibições ou sem elas, a natureza descentralizada dos criptoativos, como o bitcoin (BTC), permanece inalterada. Ou seja, continuam sendo livres para transações diretamente entre carteiras virtuais (wallet), globalmente, com plena segurança e privacidade, sem qualquer risco de confiscos fiscais.
Importância das criptomoedas na Rússia
Desde a invasão da Ucrânia pela Rússia, quase quadruplicou o volume de transações com dinheiro digital para evitar perdas com a moeda local, o rublo.
Para se ter uma ideia, segundo a empresa americana “The Block”, após o início da guerra entre os países ocidentais, a média de rublos negociados em ativos digitais, via corretora Binance, saltou de US$ 11 milhões por dia para US$ 35,8 milhões.
Essa movimentação aumentou principalmente pela perda de valor do rublo em relação ao dólar e ao euro, que surgiu após as duras sanções econômicas globais para punir a Rússia.
Ao contrário das moedas fiduciárias, as criptomoedas são independentes de qualquer organização. O governo não pode intimidar ou obrigar alguma empresa, ou banco a entregar ou bloquear as moedas virtuais.
Proibição só no papel: é impossível parar a descentralização
De fato, a notícia da proibição imposta pelo governo russo pode assustar os iniciantes do criptomercado. Porém, é indispensável lembrar que o funcionamento de exchanges e dos demais meios midiáticos ou disponíveis para negociação não está diretamente relacionado à rede das criptomoedas.
Ao contrário do que ocorre em estruturas computacionais tradicionais, o blockchain não está atrelado a nenhum servidor ou servidores centralizados. Desse modo, todo computador conectado à rede é um servidor. Ou seja, independe de qualquer autoridade central.
Com o bitcoin ninguém fica refém de planos políticos para a economia. Podem até tentar colocar pânico nas pessoas, mas é impossível qualquer governo confiscar carteiras de ativos digitais dos seus cidadãos.
Em momentos de medo, a recomendação é ter calma e cabeça fria: o bitcoin conta com 13 anos de funcionamento de rede ininterruptos. O “ouro digital” é inclusivo, 100% aberto e disponível 24 horas para todos que quiserem transacionar.
*Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano. |
*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.
Veja também
- Bitcoin mantém ‘rali Trump’ e pode alcançar os US$ 100 mil em breve
- Bitcoin sobe e atinge nova máxima histórica de US$ 94 mil após estreia de opções do ETF da BlackRock
- ETF de Bitcoin da BlackRock já supera em US$ 10 bilhões o ETF de ouro
- Opções do ETF de Bitcoin da BlackRock começam a ser negociadas na Nasdaq
- Bitcoin se mantém acima de US$ 91 mil, mas há risco de correção à frente