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Finanças

Quebra da FTX: o efeito cascata que atinge vários mercados

Startups, fundos de investimentos, empresas e investidores tradicionais também são atingidos pelo colapso da FTX.

ARTIGO*

Mais do que o prejuízo financeiro relatado por alguns usuários, a crise que se estabeleceu no mercado após o colapso da FTX, uma das maiores corretoras de ativos digitais (exchanges) do mundo, está tendo reflexo direto no presente — e no futuro — de diversas outras empresas, sejam elas do setor tradicional ou ligadas diretamente às criptomoedas.

Em um efeito dominó, segundo um levantamento feito pela The Block Research, mais de uma centena de empresas haviam investido na exchange ou tinham alguma posição no FTT, o token da FTX. 

Na última quarta-feira (16), por exemplo, o Grayscale Bitcoin Trust, maior fundo de bitcoin (BTC) do mundo, por exemplo, caiu quase 7% e, no mesmo dia, as plataformas de criptomoedas Genesis, Liquid, Gemini e Salt suspenderam suas atividades temporariamente alegando “turbulência no mercado”. 

Agravando a situação, o estudo também revelou que as empresas FTX Ventures e a Alameda Research, ambas fundadas pelo ex-bilionário Sam Bankman-Fried, tinham investido em mais de 250 startups da indústria cripto, incluindo finanças descentralizadas (DeFi), infraestrutura, comércio e Web3. 

Startups investidas pelas empresas Alameda Research e FTX Ventures. (Imagem: Reprodução/The Block Research)

Apesar de um pouco menos óbvio, o caos também atingiu muitos negócios tradicionais consolidados, pois a falência da FTX acabou enxugando a liquidez financeira do mercado, além de ter abalado a confiança de muitos conservadores nos criptoativos. 

Os respingos do colapso da FTX no mercado tradicional

Pensando em finanças tradicionais, é prática comum entre as corretoras e bancos usarem outros produtos financeiros, a exemplo de ações e bonds, como garantia para que os clientes possam realizar alavancagem em criptos sem precisarem, de fato, liquidar seus investimentos.

Desse modo, se uma corretora quebra, os investidores acabam vendendo seus ativos em outros lugares para compensar o prejuízo, pois muitas vezes os deixam como forma de garantia de outros investimentos.

Por consequência — e falta de escolha —, em um cenário catastrófico como o atual, os investidores têm suas posições liquidadas, culminando em um efeito cascata que parece não ter fim. 

As criptomoedas vão sobreviver?

De fato, ainda há muita água para passar por baixo dessa ponte, com expectativas de mais volatilidade de curto prazo pela frente. Contudo, essa tempestade não decreta o fim do mercado de ativos digitais.

Enquanto alguns governos, como El Salvador, estão buscando adoção em larga escala, outros estão simplesmente regulando as corretoras de criptomoedas e tributando os ganhos com ativos digitais, como é o caso do Brasil.

Em 2017, por exemplo, o bitcoin era uma aposta, algo totalmente fora do mainstream. De lá para cá, graças à disseminação de conhecimento e a natural passagem do tempo, o que era uma ideia exótica acabou se tornando cada vez mais normal.

Racionalmente, o criptomercado tem grau de maturidade bem maior do que em ciclos anteriores. Ele sobreviveu a várias outras crises piores no passado e sobreviverá a mais essa.

Apesar da gravidade e do inevitável “respingo” em algum grau para outros players relevantes de diversas áreas parecer um poço sem fim, o colapso da FTX tende a tirar de cena maus atores, privilegiando bons projetos no médio e longo prazo.

Mayara é co-autora do livro “Trends – Mkt na Era Digital”, publicado pela editora Gente. Multidisciplinar, apaixonada por tecnologia, inovação, negócios e comportamento humano.

*As informações, análises e opiniões contidas neste artigo são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews.

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