O diretor do Banco Safra e ex-ministro da Fazenda, Joaquim Levy, disse nesta quinta-feira (29) que, diante de um “cenário favorável” e “uma certa disciplina fiscal e organização do cenário econômico”, o Banco Central “certamente está encontrando elementos para tentar relaxar a politica monetária”. As declarações foram feitas em conferência promovida pela Eurasia Group, GZero Summit Latam 2023.
Levy destacou comentou sobre o cenário inflacionário pelo mundo após a crise causada pela pandemia e como o Brasil vem se destacando com sinalizações de um possível afrouxamento na política monetária antes das grandes potências.
“Após o governo americano ter despejado trilhões de dólares na economia na pandemia, vemos hoje uma combinação de aumento de juros para conter o aumento dos preços, e não vemos um sinal claro de quando terá uma pausa nesse aperto [monetário]. Já o Brasil tem enfrentado um cenário favorável e de certo modo, e esse cenário vem se desenhando desde outubro, antes da eleição.”
“Foi visto desde então uma certa disciplina fiscal e essa organização do cenário econômico nos permitirá ter um relaxamento monetário em 2023”.
Joaquim Levy
O ex-ministro, que também já presidiu o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), comentou ainda sobre o resultado do Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M), que registrou queda de 1,93% em junho, conforme informou a Fundação Getulio Vargas (FGV) nesta quinta-feira (29). A queda foi maior que o esperado pelo mercado.
Levy apontou que “historicamente isso é uma coisa rara de se ver”, apontando que há 40% de chance de inflação em 2023 ficar abaixo da meta do Banco Central. “Em alguns meses ninguém imaginaria isso ser possível”, reiterou durante painel sobre os desafios econômicos da America Latina.
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