Brasil passa da 7ª para a 3ª posição em ranking de juros reais entre 167 países

Com a manutenção da taxa Selic em 13,75% ao ano na quarta-feira (21) e a queda das expectativas para a inflação em 2022, o Brasil passou da 7ª posição em agosto para a 3ª posição em setembro no ranking de juros reais com 167 países. Na lista com informações atualizadas nesta quinta-feira (22), a taxa real do Brasil estava em 9,28% ao ano – atrás apenas de Afeganistão (10,26%) e Zimbábue (100%).

Economistas e analistas têm reduzido as estimativas de inflação para 2022, em meio ao recuo dos principais indicadores. Em agosto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) caiu 0,36%, influenciado pela queda nos preços dos combustíveis. Com isso, o Brasil registrou deflação pelo segundo mês seguido. 

Segundo o Boletim Focus publicado na segunda-feira (19), o mercado espera que o IPCA encerre 2022 em 6%, em uma projeção que vem caindo há diversas semanas. No primeiro relatório de agosto, por exemplo, a estimativa era de 7,11%. Em julho, de 7,96%.

Inflação e os sinais de alerta

A leitura do mercado, de forma geral, é de que o ciclo de alta da Selic, iniciado em janeiro de 2021, foi encerrado. No entanto, as atenções seguem voltadas às próximas divulgações de indicadores de inflação, que podem alterar essas expectativas. 

Segundo especialistas do Mitsubishi UFJ Financial Group (MUFG), “embora as previsões de inflação tenham sido reduzidas para este ano, ela é fortemente influenciada pela deflação de combustíveis e eletricidade”. “No entanto, olhando mais profundamente através dos números da inflação, o núcleo e a difusão ainda mostram uma inflação persistente e generalizada”, acrescentam em relatório. 

Ainda assim, o MUFG não espera que o BC continue aumentando os juros. “Porque avaliamos que todo o aperto monetário já implementado parece ser suficiente para esfriar o ritmo da atividade econômica à frente e fazer com que a inflação desacelere gradualmente.”

Já Elizabeth Farias e Fabrício Silvestre, economistas do TC, destacam em relatório que “o Copom  reiterou  que  não  hesitará  em  retomar  o  ciclo  de  ajuste  caso  o processo  de  desinflação  volte  a  surpreender.  Portanto,  a  atenção  deve  se voltar aos próximos dados de inflação, com um olhar especial para o comportamento do núcleo e a alta de preços no setor de Serviços”.

Marilia Fontes, sócia-fundadora da Nord Research, chama a atenção para as projeções de inflação que o BC trouxe no comunicado desta quarta e para as possibilidades de um novo ajuste da Selic. 

“As estimativas do BC mostram uma desinflação importante, inclusive levando a inflação de 2024 para abaixo da meta. É importante notar que a projeção do BC está bem divergente da projeção do mercado”, afirmou em relatório. “Ou seja, temos uma probabilidade relevante de o BC ser surpreendido negativamente com essas estimativas de IPCA.”

Ranking de juros

Veja abaixo a lista completa de taxas de juros reais, considerando dados do Trading Economics.